Cinco anos já se passaram desde o dia 5 de dezembro de 2013, quando Alexandre Lima (50) sofreu um aneurisma da artéria aorta e, por complicações de saúde, acabou entrando em estado de coma vígil. O atual estágio do cantor é uma espécie de estado vegetativo, em que a pessoa consegue abrir os olhos, dormir, executar as funções fisiológicas, mas, durante meses e até anos, permanece incapaz de esboçar reações.
Com o passar dos anos, a angústia de ver um ente querido com uma doença grave virou uma espécie de combustível na luta para lhe dar conforto e bem estar. A família do cantor - cujo o tratamento custa em torno de R$ 25 a R$ 30 mil por mês - vem mobilizando amigos e fãs em campanhas de financiamento coletivo na internet, shows beneficentes, venda de camisas e de produtos relacionados ao músico na tentativa de conseguir o dinheiro suficiente para cobrir as despesas mensais.
Em conversa com o Gazeta Online, Amaro Lima falou sobre o atual estado de saúde de Alex. O músico também detalhou como é o tratamento diário do irmão e afirmou que conta com a ajuda de muitos amigos próximos e revelou detalhes sobre uma campanha que está sendo preparada para ajudar permanentemente o tratamento do ex-secretário de Cultura de Vitória. A família também está recebendo doações pela conta bancária: Banco Santander, agência 3345, conta corrente 01088199-7, em nome de Alexandre S. Lima.
O DIFÍCIL DIA A DIA
"Ele consegue abrir e fechar os olhos, mas não expressa outras reações. Os movimentos só são feitos com a ajuda de outras pessoas. Quem está acamado há muitos anos não pode ficar muito tempo em uma única posição, pois as chances de aparecerem feridas pelo corpo (as chamadas escaras) são muito grandes. Passamos creme pelo corpo várias vezes ao dia, para a pele não ficar ressecada, e os cuidadores conseguem colocá-lo sentado, para melhorar a circulação. Ele é um homem grande, portanto, precisamos de um aparelho para ajudar a tirá-lo da cama".
POUCAS REAÇÕES
"O quadro geral do Alex é estável, mas continua muito grave. Seu estado de percepção é minimo. Uma parte do cérebro reage a alguns estímulos, mas ainda é algo muito no início. Precisamos ter paciência e continuar lutando para que a recuperação avance. É tudo muito lento".
BEM ESTAR
"Tentamos, com muito esforço, dar um tratamento digno. Alex não tem luxos, mas não lhe falta nada. Temos quatro cuidadoras que revezam a cada 12 horas e minha mãe (a artesã Vera Lima) é uma batalhadora. Não sai do lado dele nenhum instante. O Alex faz fisioterapia motora e respiratória. Quando sobra algum dinheiro, apostamos na fonoaudiologia para melhorar a respiração e a deglutição. Ele não tem plano de saúde, portanto, contamos com a ajuda de uns médicos (um clínico geral, um cardiologista e um neurologista), que são amigos da família, para acompanhá-lo. A alimentação é enteral, feita por sonda nasogástrica de 12 em 12 horas. Conseguimos um suporte do SUS para isso".
INTERCORRÊNCIAS
"Ele está acamado desde 2013, portanto, é comum ter algumas intercorrências médicas. Já contraiu infecções urinárias, por exemplo. Uma pneumonia e uma infecção bacteriana no sangue graves, em 2015, fizeram com que o Alex voltasse a ser internado. Ajudaria muito se tivéssemos um suporte do SUS, especialmente o auxílio home care (em que os médicos fazem visitas domiciliares), que o sistema às vezes oferece para os pacientes mais graves. Quando ele estava internado, ainda em 2013, foi avaliado por uma equipe da Secretaria de Saúde. Os médicos do SUS disseram que a família poderia cuidar sem esse suporte".
MEDICAMENTOS E FRALDAS
"O tratamento sai em torno de R$ 25 a R$ 30 mil por mês. Só de medicação, gastamos mais de R$ 1 mil. Alguns são fornecidos pelo SUS. Ele toma anticoagulantes, hipertensivos, remédios para o coração e relaxantes musculares, para não sentir dores por não se locomover. O mais caro mesmo são as fraldas geriátricas. Ele tem alergia a maioria delas. Ele responde bem a somente uma, da marca Tena. Se conseguíssemos doações, ajudaria muito nas nossas despesas".
AJUDA NO TRATAMENTO
"Graças a Deus, o Alex é muito querido e deixou um belo legado para a arte. Ele tem uma rede de conexões que nos ajudam na hora de fazer eventos promocionais, shows, leilões e doações. Porém, para complementar os custos do tratamento, nossa família se desfez de imóveis, joias e obras de arte. Dar uma vida digna ao Alex não tem preço".
FORÇA DA FAMÍLIA
"No início, estávamos na expectativa que a melhora viesse mais rapidamente, à medida que o Alex respondia ao tratamento. Depois, entramos em compasso de espera. Vimos que as coisas iriam demorar e teríamos que ter paciência, nos acostumar com essa frustração. Já fizemos um trabalho de Terapia Ocupacional. Isso nos norteou a determinar o que era necessário para o cuidado dele e o quanto a gente poderia se doar. Ficar bem, com a saúde mental e física em dia, era primordial para poder cuidar bem do meu irmão. Já sofri muito por estar fazendo coisas simples, como ir ao cinema, e ele não poder estar comigo. Hoje tento ver as coisas mais naturalmente, mesmo que, às vezes, não consiga. Sempre acho que posso me doar mais".
EXPECTATIVA DE MELHORA
"Já sonhei várias vezes em ter o meu irmão comigo, dividindo o palco em um show, como antigamente. Hoje, só espero que ele fique bem e que consiga interagir um pouco mais com a família e com as filhas, que ele tanto ama. Vivemos um dia após o outro".
AJUDA SOLIDÁRIA
"Fizemos uma campanha recente, quando o Alex completou 50 anos. Foi um sucesso e as doações ajudaram muito. Nossa ideia agora é criar uma loja virtual para conseguir doações permanentes e que ajudem no custeio do tratamento. Vamos vender produtos relacionados a ele, como copos, camisas e acessórios musicais, por exemplo. Também temos uma conta bancária para receber doações. Qualquer ajuda é bem-vinda. Meu irmão tem muitas pessoas que gostam do seu trabalho. Tenho certeza que elas querem ajudar na sua recuperação".
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