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'Aniquilação' é obra-prima da ficção científica moderna

"Aniquilação" é obra-prima da ficção científica moderna

Disponibilizado segunda-feira (12) na Netflix, filme de Alex Garland utiliza ação, drama e filosofia para falar de problemas reais

Publicado em 10 de março de 2018 às 01:29

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Natalie Portman em "Aniquilação" . (Paramount/Divulgação)

“Aniquilação”, de Alex Garland (“Ex-Machina”), é um exemplo clássico de disputa entre estúdio e realizadores. Com o filme em mãos, a Paramount queria que Garland voltasse à sala de edição para torná-lo mais “fácil” e acessível. A “sorte” do cineasta é que o produtor Scott Rudin, que tinha o direito ao corte final do filme, ficou ao seu lado na disputa. O problema é que a Paramount, que esperava algo similar a “A Chegada” (2016), resolveu se vingar: lançou o filme nos cinemas somente nos EUA e vendeu os direitos para a Netflix no resto do mundo. A boa notícia é que o filme está disponível a partir de hoje no serviço de streaming; a má é que ele é uma experiência incrível que mereceria ser conferido na tela grande.

Adaptado da trilogia literária de Jeff VanderMeer, o roteiro conta a história de Lena (Natalie Portman), uma bióloga com um passado no exército. Após alguns acontecimentos (tudo aqui pode ser considerado spoiler), Lena se vê diante de um grande mistério: o brilho – uma redoma desconhecida que cresce sem parar, sem explicações, e de onde quase nenhum soldado saiu vivo. Como enviar soldados não estava resolvendo, o governo resolve tentar uma nova investida com a equipe de cientistas que Lena passa a integrar ao lado de Gina Rodriguez (Anya Thorensen), Thessa Thompson (Josie Radek) e Cass Sheppard (Tuva Novotny) e da Dra. Ventress (Jennifer Jason Leigh).

Quando a equipe entra na Área X (tudo dentro da redoma), encontra um cenário capaz de gerar terror e encanto. A fauna e a flora sofreram mutações e deram vida a um ecossistema próprio. O que mudou plantas e animais, porém, também transforma os seres humanos.

REFLEXOS

Filme mistura ação, suspense e filosofia. (Paramount/Divulgação)

“Aniquilação”, com sua mistura de suspense, ação e ficção científica, pode se revelar uma experiência única para cada espectador. O modo como cada uma das personagens lida com as situações ocorridas na Área X pode ser relacionado a diferentes etapas de uma depressão.

“Quase nenhum de nós se suicida, mas quase todos nos autodestruímos. Nós bebemos, tomamos drogas, arruinamos empregos ou relacionamentos felizes... Não são decisões, são impulsos”, diz uma das personagens em revelador diálogo. “Aniquilação” é certeiro ao mostrar a linha tênue que separa a depressão do suicídio. Em seu clímax, o filme de Alex Garland ainda é perfeito ao mostrar, ao fim, contra quem se luta e as consequências desses embates.

“Aniquilação”, em certos momentos, é o thriller de ação que “Alien: Covenant” poderia ter sido. Em outros, porém, brinca com a natureza humana e homenageia “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick. O resultado final é uma ficção científica brilhante, capaz de, assim como sua Área X, encantar e assustar – uma mistura de sonho e pesadelo do qual o espectador não vai se esquecer tão cedo.

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