Anunciada na chefia da Cinemateca Brasileira, órgão responsável por preservar e difundir o audiovisual no país, Regina Duarte afirmou em entrevista recente que fez "muito pouco cinema".
"Fiz pouquíssimo cinema. Televisão me absorveu de uma tal maneira, eu acho, e fui muito pouco chamada para fazer cinema", diz ao também ator Carlos Vereza em episódio da série "Plano Sequência", da TV Escola. "Eu gostaria de ter feito mais cinema. Sempre que fiz, eu conseguia ter um espaço de tempo, de concentração, de foco, que a televisão quase não dá."
A entrevista foi concedida em novembro, antes de a atriz passar a integrar o governo Bolsonaro como secretária da Cultura, cargo que ela deixou na manhã desta quarta (20) após menos de três meses. O episódio foi gravado na própria Cinemateca.
Ela visitou a instituição novamente antes de assumir o cargo, em março, e segundo relatos ficou encantada com o espaço, um antigo matadouro adaptado para acolher o acervo cinematográfico brasileiro assim como uma biblioteca e salas de projeção.
Os funcionários da Cinemateca foram pegos de surpresa pela nomeação, até mesmo o superintendente Roberto Barbeiro, que disse não saber da negociação. Especula-se que um novo cargo será criado especialmente para ela.
Na entrevista, Vereza comenta que na ditadura militar, "um momento grave na história do país", Regina estrelou novelas que representavam um respiro de bom romantismo, catalisando esse sentimento na televisão. O ator chegou a ser cotado para o cargo na Cultura, mas foi descartado após tecer críticas ao governo.
Nesta quarta, ele classificou como excelente a saída de Regina do governo.
"Ela foi massacrada pelos 'olavetes', ficou sem área de manobra para fazer algo pela cultura." Segundo Vereza, "agora [a ex-secretária] foi para o lugar certo, que tem tudo a ver com a profissão e a biografia dela, que é a Cinemateca."
O lendário produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto afirmou que, com Regina, devemos nos preparar para "o fim da Cinemateca", que, segundo ele "tem uma importância enorme pro cinema brasileiro e até pro cinema mundial".
"Eu acho que ela foi designada para encerrar a vida da Cinemateca. Ou seja, pra fechar as portas, porque ela é especialista em ser nomeada para situações de crise."
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