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Após 40 anos, ruínas do Queimado na Serra serão restauradas

Após 40 anos, ruínas do Queimado na Serra serão restauradas

A obra, orçada em R$ 1,3 milhão, deve começar até o fim do mês que vem

Publicado em 26 de setembro de 2018 às 14:08

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Obras para restaurar as ruínas do Queimado, na Serra, vão começar até o dia 26 de outubro de 2018. (PMS/Divulgação)

Há aproximadamente 40 anos, o restauro do sítio histórico do Queimado, na Serra, é uma reivindicação da população capixaba. Agora, até o dia 26 de outubro deste ano, a Prefeitura da Serra deve dar início aos trabalhos que recuperarão da Igreja São José do Queimado, o cemitério e o parque que existe no local. A obra, que deve custar R$ 1,3 milhão, fica pronta em até oito meses após o início da reforma, segundo a prefeitura. A ideia é fazer com que o espaço, no futuro, seja sede de encontros culturais e entre na rota do turismo étnico e religioso do Espírito Santo. A obra é financiada pelo Sindicato do Comércio Atacadistas e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades). 

O restauro compreende a recuperação das paredes da igreja que ainda existem, que atualmente estão apoiadas apenas por cabos de aço, recuperação da área do cemitério e limpeza de todo o perímetro do sítio histórico. Para o prefeito da Serra, Audifax Barcelos, a obra demorou tanto para sair por conta de ser tombado pelo Conselho Estadual de Cultura e considerado dos maiores símbolos de resistência negra do Brasil.

"Nesse período, a gente teve que buscar autorização no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que não é fácil, e buscar parcerias para a obra. É uma reforma de uma delicadeza muito grande, porque o risco de queda das paredes, por exemplo, ainda existe. Mas é uma ação que vai resgatar muito um pouco da história da Serra e do Espírito Santo", destaca Audifax.

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Vai ser feito o fortalecimento das paredes, em seguida o trabalho de restauro da entrada do local. Depois, como prefeitura, vamos melhorar o acesso ao sítio histórico, porque queremos deixar o parque de fácil visitação. Queremos que o espaço se torne um ponto de turismo forte da Serra e do Espírito Santo

Audifax Barcelos, prefeito da Serra, sobre detalhes dos processos de restauro iniciais da obra
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Segundo o presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, Rosemberg Moraes, a comunidade negra do Estado está acompanhando de perto essa obra e fiscalizará o andamento do projeto. Ele acredita que, antes de qualquer coisa, essa reforma representa um resgate histórico. "É uma forma de indenizar esse povo que foi escravizado à época", defende.

Rosemberg afirma que, atualmente, nada pode ser feito no espaço. "No futuro, já pensamos em como vamos poder ocupar o sítio histórico. Temos fotos de lá, da década de 80, em que eram feitos encontros, danças dentro da igreja... Isso também será resgatado", garante.

"NÓS QUE CONSTRUÍMOS ESSE RESTAURO"

Rosemberg explica que o restauro é uma vitória após anos de luta da comunidade negra para que essa obra saísse. "Nós que construímos esse restauro", conta ele, completando detalhes para que o projeto saísse do papel: "Nós não recebemos nada. No Fórum Chico Prego, da Serra, do qual também faço parte, nós temos mais de 20 anos de luta por essa obra. Depois que o local foi tombado, então, essa discussão só aumentou porque, quando você tomba um patrimônio desse, você tem que ter um planejamento para o futuro dele".

De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, a obra também demorou muito por descaso do poder público e por um racismo que ele chama de institucional. "Depois que a obra foi tombada, ela detonou completamente. Se você chegar ao local hoje, você não vai conseguir nem identificar o que é o quê, das paredes que ainda resistiram", lamenta.

TURISMO FORTALECIDO

A Serra, atualmente, possui alguns pontos religiosos que movimentam bastante o turismo na cidade. Prova disso é a Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida. Símbolo de resistência negra capixaba, a Igreja São José do Queimado deve se tornar outro local bastante visitado pelos turistas, como prevê o prefeito Audifax. "A gente, conseguindo finalizar essa obra, vai abrir as visitas, que hoje não podem ser realizadas, até pelas condições do local. Vai ser um ponto de encontro de negros, um símbolo de resgate da luta do negro no Brasil", defende.

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Essa obra é uma cobrança nacional. A ressurreição de Queimado é das três mais importantes do Brasil, que resgata toda a história dos negros no País

Audifax Barcelos, prefeito da Serra
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Segundo o prefeito, as obras começarão até o próximo dia 26 de outubro. A partir da data de início, em até oito meses os restauros no local devem estar finalizados.

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