Depois de um mês rodando o Espírito Santo, o espetáculo "Rubem Braga: a Vida em Voz Alta" chega a Capital capixaba para encerrar sua temporada. Iniciada em Cachoeiro, a turnê passou por Cachoeiro, Muqui e Castelo, contando a pessoa leve, caseira, de costumes igualmente simplórios tipo gente como a gente que era o escritor.
Quem não o conhecia na intimidade e sabe que o autor capixaba optou pela morte após decidir não fazer o tratamento contra o câncer desconhece o homem bem humorado, de textos ácidos, mas ao mesmo tempo simples e cheio de metáforas políticas para driblar a ditadura militar. Essa é a faceta do escritor que a peça de Leonardo Magalhães, deseja ressaltar.
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MEMÓRIAS
O escolhido para viver Braga nos palcos é o experiente Jose Augusto Loureiro. Com 46 anos de estrada e vários trabalhos no teatro (A Barca do Inferno e Os Coveitos) e no cinema (Lamarca), o ator capixaba diz que se preparou por um ano para ser o mais fiel possível à essência de Rubem Braga.
Durante as pesquisas para compor o autor no teatro, descobri várias particularidades que o tornaram mais humano para mim. Rubem Braga, por exemplo, era muito observador. Gostava mais de sentir e pensar do que de falar. Sou meio assim, confessa Jose Augusto, revelando questões da intimidade caseira do escritor que soam curiosas.
Fiz parte das pesquisas com Álvaro Abreu, sobrinho de Rubem Braga. Descobri coisas fantásticas, como, por exemplo, que o gênio da literatura era péssimo com trabalhos manuais. Uma de suas crônicas de que gosto bastante discorre sobre o fato de ele não saber trocar um espelho no banheiro. São passagens que o tornam mais humano, próximo do seu leitor, acredita.
TRAMA
Rubem Braga: a Vida em Voz Alta é uma montagem minimalista. O cenário remete ao apartamento do autor capixaba no Rio de Janeiro, com uma mesa e poucos móveis. Da sua escrivaninha, conhecemos recordações sobre velhos amigos (como Dorival Caymmi e Vinicius de Moraes); amores intensos; a infância no interior; a carreira jornalística e literária; e a luta contra o autoritarismo dos anos de chumbo da Ditadura Militar que assolou o país até os anos 1980.
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Com argumento proposto pelo historiador Duílio Kuster, uma das cabeças pensantes do grupo Folgazões, a história tenta fugir de esteriótipos para retratar os ideais políticos de Rubem Braga.
Ele foi um libertário, com alta voltagem de humanismo. Ao mesmo tempo em que era casado com a militante comunista Zora Seljan, gostava de dialogar com os presidentes militares da década de 1970 e 1980, cobrando deles ações para ajudar os menos favorecidos, especialmente de sua cidade natal, Cachoeiro, relembra Loureiro.
* Com informações de Gustavo Cheluje
PROGRAMAÇÃO
RUBEM BRAGA A VIDA EM VOZ ALTA
Vitória
De 13 a 15 de setembro e 20 a 22 de setembro (sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h). Palácio da Cultura Sônia Cabral. Praça João Clímaco, Centro. Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda no site Blueticket.com e na bilheteria do teatro.
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