Após apostar no proibidão, com "Putaria Clássica", Gabily mira suas lentes rumo à nostalgia. No projeto "Eternos Clássicos", a cantora presta uma homagem aos funks que ficaram gravados na memória dos fãs do gênero. São hits dos anos 1990 e 2000 que ajudaram o estilo a se popularizar no país, ultrapassando os "muros" dos guetos da periferia carioca.
Nesta semana, a artista lançou nas plataformas digitais sua versão voz e violão para dois sucessos eternizados na voz de Buchecha: "Implacável", gravado originalmente com MC Sabrina, e "Fico Assim Sem Você". Não está ligando o título à música? "Amor sem beijinho / Buchecha sem Claudinho / Sou eu, assim sem você", te lembra alguma coisa?
"Nessa quarentena, resolvi revisitar vários funks históricos, dando a eles um outro tom e uma outra melodia", adianta Gabily, em entrevista por telefone ao "Divirta-se". "Meu sonho era fazer uma releitura de sucessos que cresci ouvindo na periferia onde morava. São músicas de artistas que 'quebraram muita pedra' para a gente ter essa liberdade de cantar o que quiser."
O medley do Buchecha é o quinto single do projeto, e chega depois da versão voz e violão de "Dessa Vez" (MC Sabrina), "Adultério" (Mr. Catra), "Tô Tranquilão" (MC Sapão) e "Copo de Vinho" (MC Robinho da Prata). Confira a versão de "Dessa Vez", sucesso na voz de MC Sabrina.
Dar uma outra roupagem ao funk casa perfeitamente com o histórico artístico de Gabily. "Vim do universo gospel e da cultura da Igreja. Por lá, estudamos música com rigor, especialmente no quesito vocal", explica, reafirmando que, com o novo projeto, aposta em faixas românticas, em um bem-vindo flerte com o funk melody.
"Me considero funkeira de raiz. Porém, vejo uma oportunidade de mostar versatilidade, provando que o estilo não vive só de palavrão. Quero quebrar barreiras. Sou instrumentista, tenho esse lado musical muito aflorado... É hora de romper preconceitos e ver o funk com outro olhar", sintetiza.
Recentemente, o viés feminista e acústico dado pela cantora para "Adultério", de MR. Catra, deu o que falar. Em uma semana, a faixa teve mais de cem mil visualizações no YouTube. O trabalho, de acordo com Gabily, é uma prova de que a mulher pode, e deve, expressar a sua sexualidade livremente.
"E uma constante evolução, né? Sinto que ainda temos um caminho longo a ser percorrido. Existem artistas que falam que não são machistas, mas continuam com atitudes capazes de condená-los. Hoje, a mulher tem a liberdade de cantar o que quiser, independente do teor sexual. Não somos mais submissas e limitadas, como visto em décadas passadas", avalia a cantora.
"Acredito na tendência de que o funk deixe o tom machista de lado e apoie a liberdade de expressão da mulher", pontua.
Por falar em conquistas femininas, elas devem dar o tom dos próximos lançamentos de "Eternos Clássicos". "Em setembro, vamos encerrar o projeto com músicas de Tati Quebra-Barraco e Valesca Popozuda. Tenho uma ligação muito forte com a Valesca, até porque moramos bem próximo. Ela ganhará um espaço especial nesse resgate, especialmente por sua história de reconhecimento no universo do funk", complementa.
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