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Artistas capixabas formam confraria para compor novas músicas

Artistas capixabas formam confraria para compor novas músicas

Composta por cinco músicos, Confraria das Letras realiza encontros às segundas-feiras, na Barra do Jucu. Produções já estão movimentando a cena cultural do Estado

Publicado em 20 de outubro de 2019 às 16:41

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Os músicos Rodrigo CX, Diego Lyra, Anderson Ventura e Frederico Nery: eles formam a Confraria das Letras, grupo de músicos capixaba que se reúne semanalmente na Barra do Jucu, em Vila Velha, para produzir novas canções em conjunto. (Carlos Alberto Silva)

Quem já viu Anderson Ventura, Diego Lyra, Rodrigo CX e Frederico Nery brilharem nos palcos capixabas com as bandas Java Roots, Kalifa, Salvação e Macucos, respectivamente, nem imagina que essa turma se encontra para produzir. Sim, o quarteto citado, com mais um componente, forma uma liga de "compadres da música", com direito a encontro semanal numa residência na Barra do Jucu, em Vila Velha, de onde sai muito mais que aquele papo com amigos.

O primeiro a chegar no ponto de encontro é Anderson Ventura, o ex-Chocolate do Java Roots. Ele é recebido por Diego Lyra, da banda Kalifa, que é o dono da casa em que os encontros acontecem, onde o grupo vai tomando forma. Em seguida, chegam Rodrigo CX, da Salvação, e Frederico Nery, do Macucos. Pronto. Desta vez, só faltou o músico Bruno Zampa para completar o time de cinco artistas que estão se juntando todas as segundas-feiras para formarem o que batizaram de Confraria das Letras.

Toda semana, eles se reúnem e começam o meeting batendo um papo sobre sobre a carreira, um pouco da vida e, volta e meia, sacam o violão e soltam a voz para compartilharem novos sons. "Uma moqueca de sons", define Ventura, ao falar sobre a mescla de estilos (capixabíssimos!) que eles mesmos criaram dentro do grupo.

Os encontros não têm um cronograma duro, intocável e muito menos obrigação de que alguma música saia como resultado. Mas acaba que, durante as três ou quatro horas semanais em que eles ficam nessa de jogar com os acordes e escrever alguns versos, acontece de a inspiração vir. Nessa brincadeira, os músicos já puseram no acervo deles ao menos cinco canções totalmente prontas e outras cinco que estão em pé de serem finalizadas.

POSSIBILIDADE DE IR PARA OS PALCOS

Não há nenhum show marcado para eles apresentarem a novidade, embora não seja por falta de pedidos dos fãs. Os componentes da confraria adiantam que não pretendem abandonar suas bandas e projetos solo. Mas o fato é que a reunião dos entusiastas da música capixaba está dando o que falar para os amantes da arte no Estado.

Para quem não sabe, a própria Barra do Jucu viveu tempos áureos na cena cultural, no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000. Os jovens da época se uniram e formaram bandas que fizeram notório sucesso e até movimentavam a vida noturna da região - alguns são os citados acima no texto. E ter um grupo revivendo esse movimento é um suspiro para quem sente saudade.

Os músicos Rodrigo CX, Diego Lyra, Anderson Ventura e Frederico Nery: eles formam a Confraria das Letras, grupo de músicos capixaba que se reúne semanalmente na Barra do Jucu, em Vila Velha, para produzir novas canções em conjunto. (Carlos Alberto Silva)

"A gente sabe que muita gente lembra, muita gente quer show, pede. Mas a gente vai conversando e vendo o que vamos fazer. Mas estamos muito felizes com a repercussão que está tendo. E isso porque nem estamos divulgando muito. É mais nas nossas redes sociais mesmo", comenta Diego.

E não é para menos eles se espantarem com o auê que já estão causando na web. É que, na verdade, os encontros - que agora já são chamados de confraria - nem têm tanto tempo assim que são feitos com assiduidade.

"Esse compromisso tem uns três meses. Tudo começou com o Diego nos convidando para ficar um tempo lá, tocar, trocar experiências... E sem nenhuma pressão de ter que compor alguma coisa. Tudo soa bem natural e o que nos motiva é totalmente a paixão que temos pela arte", dispara Ventura, no encontro em que os artistas convidaram a Gazeta para acompanhar um ensaio.

RESULTADO COMPARTILHADO

Todos os cinco músicos já vêm de uma carreira de banda ou solo e usam dessa experiência para incrementarem os encontros. Tempo em meio a agendas cheias, eles sempre têm que arrumar, apesar de nada ser forçado. "Nada não pode. A gente concilia tudo e ainda temos família, temos filhos, creche (risos). Mas é aí que a gente vê que é paixão pelo que fazemos mesmo", explica Diego.

Uma vez pronta, a música vira um bem comum para todos que participam da confraria - que inclusive é aberta a outros possíveis interessados - e algumas das composições já foram até tocadas em shows de alguns deles. "Eu já toquei, outros já tocaram e a recepção tem sido muito boa. As pessoas aguardam que a gente faça alguma coisa. Um single, um álbum, clipe... Mas ainda não sabemos ao certo o que será feito com o que está ficando pronto", completa o ex-Chocolate.

Diego concorda, mas diz que o fato de se encontrarem algumas gerações da música capixaba durante a confraria só faz aumentar a sintonia entre todos os membros. O clima acaba refletindo muito na fluidez das produções, como ele mesmo pondera, e é assim que eles querem seguir aumentando o grupo.

"Frequentemente recebemos convidados que participam dos encontros, mas que não necessariamente são da confraria de forma fixa. A única ordem é que o convidado também participe (risos). Não pode só ficar olhando", fala.

INSPIRAÇÃO MÚTUA

Diego admite que "se hoje canta, é porque via o Chocolate (Anderson Ventura) fazendo show quando era mais novo e se inspirou nele", em suas próprias palavras.

Outro que também se sente inspirado pelos atuais colegas é Frederico - o Fred, para os mais chegados. "É o máximo poder estar com esses caras. A cada encontro, a gente só cresce. É uma experiência e tanto e a expectativa a cada segunda-feira é maior, já que a gente vê que tudo flui, tudo corre bem, e sem ninguém forçar nem cobrar nada", reitera Fred.

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Comum para todos é a inspiração para essas novas canções, afinal, não dá para criar uma letra original assim "do nada". Mas eles tomam uma forma maior como ponto de partida para as composições, que é o que vivem em seus próprios cotidianos. "É uma cena que a gente acaba vendo, uma situação... Tudo pode virar música (risos). Mas a gente sempre fica nessa de transmitir uma mensagem de paz, de tranquilidade, que tenha a ver com a gente. E muito disso vem do dia a dia, do cotidiano", conta Rodrigo.

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