Até o próximo dia 25 de julho deste ano, obras de arte dos artistas Eduardo Ojú, Shila Joaquim, Romário Batista, Neves Torres e Ronaldo Torres, do Espírito Santo, estarão expostas na exposição Ideias Para Adiar o Fim da Arte, tema da 15ª Bienal Naifs do Brasil. A mostra acontece no Sesc Piracicaba, em São Paulo.
As 212 obras que compõem o evento se dividem em pinturas, instalações, colagens e esculturas. Elas refletem a influência da arte na natureza e vice-versa, além de também convidarem os visitantes a debaterem sobre o atual cenário do meio ambiente.
Shila explora as temáticas sobre o desmatamento, a política agrária e a vida indígena em suas obras. Neste ano, a pintora foi selecionada pela curadoria do evento com dois quadros. Uma deles, intitulada O Martírio de Nossa Senhora do Brasil, foi até premiado com o Prêmio Destaque Aquisição da mostra. Isso significa que o Sesc adquiriu o quadro da artista capixaba e que, depois desse evento, o item fará parte do acervo da instituição.
Os dois quadros da pintora de São Mateus, Norte do Espírito Santo, foram feitos em 2019. Juntos, eles retratam a depredação do meio ambiente com críticas sociais e também exaltam parte da cultura capixaba e brasileira.
Na primeira pintura Shila retrata uma uma índia morta por uma bandeira do Brasil (O Martírio de Nossa Senhora do Brasil, 2019). Na segunda, ilustra costumes próprios do Norte do Estado e do País (Marujada de Cabôco, 2019) com figuras que são icônicas para os movimentos aos que se referem.
“O Martírio já é um quadro que foi feito quando a situação dos indígenas me tocou muito. Quando o cenário político em que estamos vivendo teve esse movimento genocida e o quanto os povos tradicionais sofrem com isso. E com eles, sofremos nós. A índia, no quadro, está morta na beira da praia, com uma bandeirinha do Brasil, e embaixo dessa imagem há a retomada de uma situação que vivemos, como a liberação de agrotóxicos, uma mídia nem sempre honesta, outros elementos que também devastam”, lembra.
E completa: “A Marujada também tem referências nas pesquisas de Eduardo Ojú, que é um artista que também está na Bienal e que tem uma pesquisa de cultura popular capixaba e brasileira bastante vasta”.
Para ela, que participa do evento pela quarta vez e pela primeira teve uma obra comprada pelo Sesc, ter mais capixabas participando do evento e poder representar um pouco da arte feita no Estado é motivo de alegria. Com esse movimento, Shila crê que “os artistas do Espírito Santo são colocados no patamar dos artistas de grandes centros, como Rio e São Paulo”.
Realizada pelo Sesc São Paulo em Piracicaba desde o início da década de 1990, a Bienal Naïfs é um convite para o público refletir sobre os fazeres populares inventados por artistas. Nesta 15ª edição, a partir do título Ideias para adiar o fim da arte, a mostra traz discussões sobre temas como meio ambiente; o feminino como força social, como divindade e como figura do sagrado; as violências estruturais históricas; os espaços de coletividade e sociabilidade em ritos, festas e cerimônias; e o debate sobre objetualidade e utilidade.
A mostra, inicialmente prevista para inaugurar em agosto de 2020, teve sua abertura adiada devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Agora, ela poderá ser visitada gratuitamente pelo público de terça a sexta, das 14h às 20h e aos sábados, das 10h às 14h, mediante agendamento prévio pelo site sescsp.org.br/piracicaba. A permanência máxima na unidade é de 90 minutos e o uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas durante toda a visita.
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