Cerca de 120 pessoas, entre artistas, líderes comunitários, políticos, e ativistas culturais, se reuniram na tarde desta terça (4), em frente ao Centro Cultural Carmélia Maria de Souza, em Vitória, na tentativa de tentar salvar o espaço de ser fechado em definitivo.
Em notícia divulgada por A Gazeta, na última quinta (30), o Carmélia será transformado em local para armazenamento de sacas de café, laboratório e escritórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), recebendo o material que atualmente está abrigado nos Galpões do IBC, em Jardim da Penha, cuja venda foi anunciada pela União.
Os manifestantes, de forma pacífica e respeitando as regras de distanciamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus, bradavam palavras de ordem, tendo como "mantra" a frase "A Cultura Resiste, Carmélia Vive!". Muitos chegaram a promover um abraço simbólico. O chamamento foi transformado em hashtags para ser usado nas redes sociais, incentivando a participação da população de Vitória.
Uma das líderes do manifesto, a atriz e produtora cultural Stael Magesck, detalha que o encontro desta terça foi uma das primeiras ações para tentar impedir o fechamento definitivo do local, inaugurado em 1986, na gestão Gérson Camata, mas que não funcionava há sete anos.
"Queremos a revitalização total do Carmélia, para que ele possa se tornar um local exclusivamente da cultura. O manifesto é uma união do pessoal do samba, das artes cênicas e visuais", detalha, dizendo que uma ação jurídico-popular vai ser criada para tentar barrar as mudanças.
"Pedimos o apoio da população de Vitória. Por isso, criamos uma petição na internet. É importante assinar, até para termos forças na hora de entrar com uma ação judicial impedindo que o Carmélia se transforme em um depósito de café."
Criado na sexta (31), o abaixo-assinado, que pode ser acessado pela internet, contava com 2,4 mil assinaturas até a tarde desta terça-feira. A ideia, por consequência, é tentar convencer o Ministério Público a participar da empreitada, entrando com uma ação cível que barre as mudanças previstas no centro cultural.
Ainda de acordo com Stael, o grupo ainda está organizando um projeto a ser entregue na Prefeitura de Vitória pedindo o tombamento e a transformação do centro cultural em patrimônio histórico. "Soubemos por uma pessoa que esse projeto já existe, e queremos reativá-lo", planeja, afirmando que um ofício também será entregue à bancada capixaba em Brasília (deputados e senadores), pedindo uma ação conjunta no intuito de barrar as transformações propostas no espaço.
Ator, produtor cultural e diretor, Júnior Rocha, presente no ato, criou um vídeo para conscientizar sobre a importância de manter o Carmélia vivo. "As perdas estão sendo constantes. Há cerca de 10 anos, a cultura capixaba está entrando em declínio. Já estamos sem o Teatro Carlos Gomes, em reforma, e o Centro Cultural Sesc Glória, que não sabemos se retornará após a pandemia. Precisamos que a sociedade capixaba se conscientize sobre a importância da arte", desabafa.
Também presente no encontro, Cláudio Barcellos, líder comunitário de Mário Cypreste, bairro onde o centro cultural está localizado, fala da importância social de manter o espaço. "Estamos em uma área de vulnerabilidade, propensa à violência e ao tráfico de drogas. Portanto, ver o Carmélia em atividade é como um respiro. Assim, conseguiremos resgatar a juventude da criminalidade, com oficinas educacionais e culturais, por exemplo", acredita, afirmando que os moradores também estão se mobilizando.
"Redigindo um documento que será entregue a Secretaria de Cultura de Vitória. Queremos que o órgão faça a nossa ponte com a União. Desejamos que o projeto de transformação do Carmélia seja adiado, pelo menos até que tenhamos tempo para criar um novo projeto de revitalização", esclarece. A reunião com a PMV ainda não uma data definida para acontecer.
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