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Autores se inspiram em viagens vividas para escrever livros

Autores se inspiram em viagens vividas para escrever livros

Três escritores, sendo dois capixabas, têm lançamentos literários que surgiram a partir de passeios, cada um escrevendo em um gênero diferente

Publicado em 5 de abril de 2021 às 09:00- Atualizado há 4 anos

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Figura de pessoa escrevendo
Escritores capixabas se inspiraram em viagens para escrever suas obras. (Colagem/ Canva)

Viajar certamente é uma atividade que consegue tranquilizar e levar entretenimento a muitos. No entanto, para alguns, conhecer novas culturas pode ter ainda mais potência, gera inspiração para a escrita. O Divirta-se já listou livros que são capazes de nos trasportar para outros lugares do mundo sem sair de casa e agora conheceu três autores que têm as viagens como ponto de partida de suas obras.

A capixaba Elaine Dal Gobbo gosta tanto de conhecer novos lugares que começou o blog "Por Aí Dicas de Viagem" em 2017. Mas foi em 2020, no início da pandemia do novo coronavírus, que as histórias de seus passeios tomaram forma na escrita e viraram crônicas, compondo seu livro de estreia "Trânsitos de Alma", lançado no dia 24 de março.

"O que mais me inspira nas viagens a escrever são as experiências que eu tenho de conhecer uma cultura diferente, de ter um novo olhar sobre um determinado assunto, sob um determinado lugar, a vivência partilhada com outras pessoas", comenta, explicando que sua obra não se trata de um livro aonde as pessoas irão encontrar dicas de viagem, mas sim reflexões sobre diferentes temas. Já as dicas ficam restritas ao blog da autora.

A escritora capixaba Elaine Dal Gabbo(Suellen Suzano/Divulgação)

O livro de Dal Gobbo contém 14 crônicas que passeiam por lugares que vão de Cariacica à Argentina. “Eu falo muito especificamente da região de Roças Velhas, que é a região aonde meu pai nasceu, foi criado e onde grande parte da minha família paterna está. Falo também de outros Estados brasileiros, como a Bahia - principalmente a cidade de Salvador - e o Pará - mais especificamente da cidade Belém”, pontua. A escritora comenta que um dos países que se destaca é Cuba, por ter sido uma experiência bem marcante visitá-lo e também por gerar tanto curiosidade, quanto preconceito nas pessoas.

Elaine conseguiu publicar a obra através da Lei Municipal de Incentivo à cultura “João Bananeira”, do município de Cariacica. Seu título foi lançado pela editora Maré.

Quem também transformou suas viagens em livro foi o jornalista Altier Moulin. Assim como Dal Gobbo, o capixaba tem um blog onde compartilha suas experiências mundo afora: o "Pé na Estrada". Após anos de viagens relatadas no espaço virtual, ele lança a  obra “Histórias de Viajante”, que reúne relatos dos lugares por onde o capixaba passou, narrados em primeira pessoa.

"Apesar de serem histórias que eu vivi, o foco não está em mim, mas nas experiências. A partir disso, eu falo de todos os aspectos que envolvem uma viagem: lugares para visitar, curiosidades sobre a cultural e outras informações importantes para o leitor viajante", conta o autor, que completa afirmando que a ideia é o leitor viajar sem sair do lugar.

O autor Altier Moulin na Cidade Proibida, em Pequim, China(Altier Moulin )

O livro, que conta com fotografias, passeia por diversos países, de diferentes regiões. Na América Latina, as histórias são da Colômbia, Argentina, Bolívia e Cuba. Já no continente africano, os relatos incluem Botsuana, Egito, África do Sul e Zâmbia.

Para os interessados na Europa, ela também ganha lugar, aparecendo em vários momentos, com destaque para a República Tcheca, Polônia e Espanha. Na Ásia, China, Tailândia e Camboja são destinos inclusos no livro. E o Brasil tem seu lugar na obra de Moulin também, um dos capítulos é sobre o Círio de Nazaré, um festival religioso que acontece em Belém, no Pará.

Apesar de já estar em pré-venda no blog, o livro de estreia de Altier contará com um lançamento virtual no dia 20 de abril, no perfil no Instagram do autor. A transmissão ainda não tem horário definido e contará com participação de outros viajantes para comentar a obra.

"São as pessoas que trazem inspiração para as minhas histórias. Em todos os lugares que visitei, sempre tive a ajuda do acaso para encontrar personagens extremamente interessantes. Pessoas comuns, mas com histórias únicas, tocantes e motivadoras", conta o escritor, que tem como influência autores com abordagem jornalística, como Daniela Arbex, Leandro Narloch, Rodrigo Alvarez, José Hamilton Ribeiro e Sônia Bridi.

Altier já tem rascunhado novos trabalhos e adianta: “Provavelmente, o próximo será com relatos de viagens pelo Brasil, com histórias de várias regiões e que vão mostrar que viajar pelo nosso país pode ser tão interessante quanto para o exterior”.

Quem se inspirou em uma viagem, mas de uma forma completamente diferente dos capixabas, foi a carioca radicada em Brasília Andreia Salles. A jornalista fez uma viagem à Veneza em 2009, que a inspirou a escrever poesia, um tipo de escrita com o qual não tinha afinidade. Foi em 2019, em uma segunda visita ao local repleto de canais e romancismo, que Salles teve uma verdadeira epifania que a fez escrever ficção.

"Eu olhava para as ruas e eu não via aquele beco. Eu olhava e enxergava o lugar como se eu estivesse na Idade Média", relata Salles sobre o período de cinco dias em que ficou em Veneza pela segunda vez, quando ela teve a inspiração para escrever um romance de época.

Assim surgiu a primeira obra publicada de Andreia: "A Gôndola Vermelha". Ela narra a história de Isabelle, uma bela jovem vinda da França, que se casa com um aristocrata riquíssimo. Mas a sua vida de luxo era repleta de solidão, até o gondoleiro Giovanni atravessar o seu caminho em um carnaval de máscaras. O livro se passa em 1590. Para escrevê-lo, a também jornalista até começou a estudar italiano, para poder pesquisar na língua do local.

A escritora carioca radicada em Brasília Andreia Salles(Anna Salles/Divulgação)

No dia 10 de março, a escritora lançou a sequência do livro, a obra “Herança de Lucca”, que se passa em uma Veneza de 1616, dando um avanço no tempo. No lançamento, a escritora explora um lado mais econômico de Veneza, levando aos seus leitores a realidade do Conselho Maior - um grupo formado por um representante de cada uma das famílias mais influentes do local, que tinha maior poder político que o Doge, o dirigente máximo da República de Veneza, de acordo com Salles.

“Dentro desse contexto, a gente tem um herdeiro que estava para conquistar não só o dinheiro, mas um assento no Conselho Maior”, relata a autora sobre a história, garantindo que a nova obra pode ser lida independente do primeiro livro da série, embora a sequência traga mais informações sobre os personagens da obra escrita anteriormente.

"A pessoa se transporta para dentro de Veneza, mesmo sem conhecer Veneza", completa Andreia a respeito do que os leitores podem esperar.

Em "A Herança de Lucca", os pontos turísticos de Veneza citados são: o passeio secreto à cadeia e a sala do julgamento do Palácio Ducal; a Piazza San Marco; a Igreja de Santa Formosa; a Igreja de Santa Sofia; e a Ponte Rialto. Já fora da cidade, o leitor passa na história pela Ponte Vecchio, em Florença; e a cidade Colle di Val d'Elsa, na Toscana.

"Eu entrei em contato com algumas agências de viagem em Veneza e tô querendo fazer, claro quando a pandemia acabar, um tour da 'Gôndola Vermelha'", adianta Salles. Outro plano é o terceiro livro da série, que já está no forno. "Agora eu estou escrevendo 'A sucessão dos Cavaliere'. Já estou na metade, estou dando um prazo maior. A previsão de lançamento é para daqui a um ano", afirma.

Se você quer viajar sem sair de casa, confira os detalhes das obras citadas na matéria:

TRÂNSITOS DE ALMA

Capa do livro
Capa do livro "Trânsito . (Editora Maré/Divulgação)

HISTÓRIAS DE VIAJANTE

Capa do livro
Capa do livro "Histórias de Viajante". (Altier Moulin )

A GÔNDOLA VERMELHA

Capa do livro
Capa do livro "A Gôndola Vermelha". (Anna Salles)

HERANÇA DE LUCCA

Capa do livro
Capa do livro "Herança de Lucca". (Anna Salles)

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