Por mais jovem que pareça nos filmes, livros e quadrinhos, o Batman ou só Bruce Wayne sem o famoso uniforme é agora um octogenário. O personagem fez sua primeira aparição na revista Detective Comics #27, em abril de 1939, apesar de, na capa da HQ vir exposto o mês de maio. Na época, as datas impressas nas publicações podiam ser de até três meses de diferença. Mesmo assim, vale contar aqui os acontecimentos que marcaram o Homem-Morcego nos quadrinhos durante esses 80 anos.
Criado por Bob Kane, o Batman é uma mistura de referências do autor com pedidos editoriais feitos pela DC. Um desses pedidos foi que o personagem fosse parecido com um dos maiores sucessos da editora, o Superman: assim, surgiu a ideia de dar asas ao herói. Para deixar as asas críveis, Kane se baseou no desenho de um dos projetos de Leonardo da Vinci, o Ornitóptero, máquina semelhante a um morcego. Dessa forma, surgiu a ideia de ligar esse novo personagem ao animal.
O personagem Zorro, criado em 1919, também influenciou muito o herói, inspirando Kane na escolha das cores (cinza e preto) e nos desenhos. Já para compor a personalidade de Batman, o autor bebeu muito dos livros do detetive Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle, e do quarto mosqueteiro, DArtagnan, trazendo seu lado aventureiro para o personagem.
Em 1940, um ano após a primeira aparição do Batman, foi introduzido nas histórias o primeiro garoto prodígio, Robin. O personagem foi criado para dar um tom mais leve e menos soturno ao quadrinho. Neste mesmo ano, chegou às bancas a revista Batman, que introduziu duas personalidades marcantes no universo do Homem-Morcego: o Coringa e a Mulher-Gato.
DECLÍNIO
Em 1954, o psiquiatra alemão Fredric Wertham publicou o livro A Sedução dos Inocentes, no qual afirmava que os quadrinhos eram nocivos às crianças, além de alegar que Batman e Robin tinham uma relação homossexual. A obra influenciou o governo americano na criação do Comics Code Authority, selo censor dos quadrinhos americanos. A DC, para abafar a polêmica criada pelo livro, introduziu nas histórias a personagem Batwoman. A editora também impôs um tom mais aventuresco e colorido às novas futuras aventuras do Homem-Morcego, fazendo com que o título Batman despencasse nas vendas.
O tempo foi passando. Bons desenhistas, como Neil Adams e Marshall Rogers, trabalharam com o personagem, e ele passou a integrar a Liga da Justiça. Mas nada disso impediu a contínua queda nas vendas da HQ. Em 1986, o cenário mudou. Em ascensão, a lenda dos quadrinhos Frank Miller criou a HQ O Cavaleiro das Trevas, trazendo um Batman mais velho e violento, em um quadrinho adulto. A obra foi um sucesso de público e crítica e, juntamente com Watchmen, de Alan Moore, derrubou o código de censura dos quadrinhos.
AUGE
Outros quadrinhos como A Piada Mortal (também de Moore) e a Morte em Família estabeleceram Batman como um personagem sombrio, o verdadeiro Cavaleiro das Trevas. Anos depois o herói ganhou uma nova revista, passou por novos problemas e foi substituído.
Ele também ganhou uma família, salvou o mundo, viajou no tempo, morreu e voltou, foi reformulado e, hoje, continua combatendo o crime em novas histórias, inclusive na TV e no cinema.
UM HERÓI DE TODAS AS MÍDIAS
Além dos quadrinhos, Batman também teve uma longa história nas telas. Em 1943, o personagem ganhou sua própria série de TV intitulada O Morcego, com 15 capítulos. No entanto, a real popularidade do Homem-Morcego veio com a série de 1966, Batman e Robin. Estrelada por Adam West (Batman) e Burt Ward (Robin) a série durou três temporadas, (1966-1968) e rendeu um filme para a televisão (1966), chamado no Brasil de Batman, o Homem-Morcego. Ambas as obras popularizaram o herói como um personagem engraçado e divertido, objetivo inicial dos roteiristas Lorenzo Semple Jr. e William Dozier.
Já no cinema, o Cavaleiro das Trevas teve altos e baixos. Ele foi introduzido nas telonas há 30 anos, em 1989, com Batman, filme dirigido por Tim Burton e com Michael Keaton no papel principal. O longa foi um sucesso de crítica e de público arrecadando US$ 410 milhões ao redor do mundo e mostrou, ao contrário da série de 1966, o lado sombrio do herói. Além disso, provou para os estúdios que, juntamente com Superman (1978), o cinema de herói poderia ser um investimento lucrativo.
Toda a bilheteria do filme rendeu uma sequência com a mesma equipe. Três anos depois (1992) chegava aos cinemas Batman: O Retorno, que não fez tanto sucesso quanto seu antecessor. O longa foi muito criticado por conter muitas piadas de cunho sexual e valorizar mais a estética do que a história.
A Warner, então, resolveu trazer de volta a franquia em outros dois filmes, ainda na década de 1990. Dessa vez sob o comando de Joel Schumacher, Batman Eternamente (com Val Kilmer) e Batman & Robin (com George Clooney) tinham um tom que lembrava a série de 1966, eram mais coloridos e engraçados. Apesar de não terem sido fracassos completos de bilheteria, os longas foram tão ruins que mataram a franquia por oito anos.
Em 2005, o impossível aconteceu. A franquia retornou das cinzas com a trilogia do Cavaleiro das Trevas, dirigida por Christopher Nolan e protagonizada por Christian Bale. Foi um completo sucesso. Considerada genial, a visão de Nolan de um Batman realista arrecadou mais de US$ 2 bilhões e é lembrada até hoje pelo segundo longa da trilogia, Batman: O Cavaleiro das Trevas, que é considerado por muitos o melhor filme de herói já feito.
Batman: Cavaleiro das Trevas Ressurge marcou o fim da saga de Nolan em 2012. Entretanto, a franquia não ficaria apagada por muito tempo. Em 2016, Ben Affleck assumiu o manto do morcego em Batman vs Superman e, no ano seguinte, em Liga da Justiça. Mesmo sendo elogiado por seu trabalho, o ator abandonou o papel após críticas negativas.
Agora, o futuro do Cavaleiro das Trevas reside nas costas de Robert Pattinson, que irá interpretar Bruce Wayne em The Batman, filme dirigido por Matt Reeves previsto para 2021.
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