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Bruno Gagliasso estreia 'Santo', produção internacional da Netflix

Bruno Gagliasso estreia 'Santo', produção internacional da Netflix

Ator interpretará Ernesto Cardona em thriller policial espanhol sobre narcotráfico

Publicado em 18 de março de 2021 às 12:00- Atualizado há 4 anos

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Bruno Gagliasso é novo embaixador do Unicef
Bruno Gagliasso é novo embaixador do Unicef. (Divulgação)

"É a volta que eu sempre desejei", resume Bruno Gagliasso, por telefone, sobre seu retorno às telas em sua primeira parceria com a Netflix. Depois de mais de um ano de mistério, Santo, primeira produção original espanhola do streaming, em colaboração com a Nostromo Pictures, passa a ser gravada no próximo mês e tem previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2022.

A primeira temporada da história tem seis episódios de 45 a 50 minutos. Criada pelo mexicano Carlos López, com direção do espanhol Gonzalo López-Gallego e do brasileiro Vicente Amorim, a série traz a história de Santo, um traficante misterioso, nunca visto por ninguém.

Categorizado como thriller policial, o roteiro de Miguel Ángel Fernández e Gustavo Lipsztein flerta com o terror. Conta, em três etapas simultâneas, sobre a investigação de dois policiais. No Brasil, o policial federal da unidade antidrogas, Ernesto Cardona, interpretado por Bruno Gagliasso, e na Espanha, Miguel Millán, representado pelo ator espanhol Raúl Arévalo.

Em uma operação, Cardona prende Bárbara Ochoa, amante do chefão que revela a loucura que cerca a vida do traficante, aproximando os dois policiais. A busca, porém, vira algo pessoal, uma vez que, como vingança por ter aprisionado Bárbara, Santo mata a namorada de Cardona, trazendo romance e drama para a produção.

Por causa da pandemia, toda a produção, até o momento, foi feita via internet, com leituras online entre os atores, diretores e roteiristas. "Entonces, ya está listo para hablar español?" (Então já está preparado para falar espanhol?), provoco. E engatamos em uma ligeira conversa animada em castelhano.

Gagliasso conta que, por ter morado na Argentina durante um ano, o idioma não chega a ser um problema. "Além disso, eu vou morar cinco meses na Espanha, então com certeza o espanhol vai vir, né? Você ouvindo, praticando, ainda mais eu que vou ser o único brasileiro lá, o espanhol vai acender", diz o ator. No fim de abril, ele embarca para Madri e dá início às gravações.

Seu maior cuidado, no entanto, é realmente entender o personagem. "A minha preocupação é contar essa história de maneira crível, verdadeira, e ser, realmente, o Cardona", explica - mesmo sendo tão diferente dele.

Esta, aliás, será a segunda vez que ele interpreta um policial - antes, fez o delegado Lúcio em Marighella, filme de Wagner Moura que, depois de muitas polêmicas, tem previsão de estreia para novembro.

FOCO NA ATUAÇÃO E COMO PRODUTOR

O segredo para garantir a veracidade durante a criação de um personagem, acredita Bruno Gagliasso, é buscar algum tipo de identificação com o papel. Para ele, essa conexão deve vir de dentro - não pode ser algo externo. "Eu tenho muito essa característica, como ator, com os meus personagens e, com o Cardona, não foi diferente." Dentre as qualidades compartilhadas com seu papel de estreia na Netflix, Bruno menciona a determinação. "Acho que Cardona tem sangue nos olhos e vai atrás do que quer. Não desiste, é focado."

Era dezembro de 2019 quando a Netflix e o próprio ator soltaram um vídeo, no Instagram, no qual Bruno fingia fazer uma audição para a série La Casa de Papel com Pedro Alonso, o Berlim da série. Na época, eles já sabiam que a estreia de Bruno no streaming seria uma produção internacional, a qual encerraria um ciclo de 18 anos de contrato contínuo com a Globo. "Foi uma ação diferente de comunicar minha entrada e ficou divertidíssima", opina.

Para segurar a ansiedade durante esse tempo, Bruno participou de toda a construção da trama. "A Netflix me deixa muito à vontade para participar desse processo como um todo. A criação coletiva foi um dos motivos para eu ir pra lá. Nós atores somos criadores também e eles entenderam isso. A maior demonstração foi eu ter sido contratado como produtor executivo", diz ele, animado pela confiança e pela possibilidade de trocas, muitas feitas online, pelo time. "Isso é o que todo ator quer, principalmente quando é um ator participativo, um ator que gosta de criar como eu."

O roteiro segue a linha dos grandes sucessos do streaming que tem o narcotráfico como tema principal (El Chapo, Narcos, Fariña). Porém, diferentemente dessas, que são baseadas em casos reais, Santo se baseia numa história ficcional com passagens em Salvador, na Bahia e em Madri, na Espanha. "Essas culturas se entrelaçam na série, sempre de uma maneira que não é óbvia. Aliás, nada é óbvio nessa série, tudo pode acontecer e tudo acontece, de fato", afirma.

Cardona entra para a lista de personagens fortes de sua carreira, ao lado do esquizofrênico Tarso, da novela Caminho das Índias (2009), o assassino Inácio, de Celebridade (2003) e o psicopata Edu, do seriado Dupla Identidade, da TV Globo (2014).

"Ah, eu adoro fazer um problemático", confessa. Para ele, são papéis fortes como esses que o fazem crescer como ser humano e como ator. "Adoro um personagem que eu precise me desdobrar inteiro para alcançar, que eu precise estudar 12 horas por dia, que eu precise me descobrir." Seu processo é ficar sozinho para estudar e incorporar a figura.

NÚMEROS

Durante o isolamento, a Netflix teve o maior aumento de assinantes da história. Em 2020, foram 37 milhões de novos assinantes. Um crescimento que fez com que a empresa ultrapassasse a marca de 200 milhões de clientes em todo o mundo.

Bruno percebeu o peso de tal alcance durante o anúncio da sua entrada para o time. "Deu para sentir a força do que é ser um streaming que vai para 190 países. É muito impressionante, é brutal. Comecei a receber mensagens de gente de todos os países do mundo", diz.

Questionado se ele estava, então, preparado para toda essa fama, o ator riu. "É engraçado você comentar isso. Eu não sei, acho que não parei para pensar. Estou muito mais focado no Cardona do que no Bruno, sabe? Mas é engraçado pensar nisso, é bem divertido."

Bruno já prepara outro projeto - totalmente brasileiro - com a empresa em que ele será um dos produtores. Apesar de os comentários sobre a novidade ainda não terem sido autorizados, durante uma entrevista para o Estadão em 2019, o ator afirmou que o trabalho nasceu de um argumento escrito por ele, baseado em um fato real. Sem mais informações, o projeto mantém a tradição e dá início a mais um mistério da parceria entre Netflix e Bruno.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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