Se num futuro distante resolverem futucar a produção cinematográfica contemporânea a fim de entenderam a sociedade em que vivemos no ano 2018, o suspense Buscando..., em cartaz no Estado, será um ótimo de pesquisa.
Dirigido pelo estreante Aneesh Chaganty e estrelado por John Cho, o filme tinha tudo para ser uma bomba tal qual seu antecessor espiritual, Amizade Desfeita (2015), de Levan Gabriadze. Mesmo não existindo uma conexão direta entre os dois, o filme de 2015, todo contado a partir de uma tela de computador, funciona como um ensaio para o que vemos em Buscando..., coincidentemente realizado pela mesma produtora, a Bazelevs, de Timur Bekmambetov.
O suspense acompanha o drama de David Kim (John Cho), um viúvo que parte em uma busca desesperada quando Margot, sua filha adolescente, desaparece. Enquanto a investigação policial se desenrola, Kim busca soluções por conta própria, mergulhando na vida da filha atrás de pistas. Uma premissa comum, mas com o diferencial de ser todo contado por telas de computadores, smartphones e por aí vai.
A narrativa e toda a estrutura familiar dos Kim são entregues logo de cara com uma sequência que acompanha a configuração de perfis familiares na inicialização do Windows XP, o que também define a época em que o filme tem início.
OUSADIA
O grande mérito do filme é não ficar preso a seu conceito inicial. Sim, a narrativa é toda realizada em telas, mas essas telas variam com câmeras secundárias (explicadas pelo roteiro) e dão a Buscando... uma linguagem própria e urgente.
Outro ponto que merece destaque é que o roteiro não vilaniza a tecnologia ao invés disso, tenta mostrar o distanciamento das pessoas apesar de diversos recursos para torná-las mais próximas.
O terceiro ato pode incomodar um pouco ao mudar o tom e, com a ajuda de diferentes meios de comunicação e do famoso efeito manada, expôr o caso do desaparecimento de Margot. A exposição e a explicação podem incomodar, mas traçam um paralelo entre o que o espectador está vendo e o drama do protagonista.
Buscando... é um filme imediato, uma discussão sobre o tempo em que vivemos, quem somos e quem mostramos ser. Além disso tudo, é um ótimo suspense policial.
Confira a crítica em vídeo:
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