Nada como a delicadeza e a sensibilidade da música para vencermos os dias difíceis que estamos enfrentando. Sob esse mantra, destacando ainda a brasilidade e a forte produção feminina, o Festival de Música Erudita do Espírito Santo estreia sua oitava edição nesta sexta-feira (6), às 20h, com um concerto que contará com as presenças da Orquestra Camerata Sesi, Luciano Maia e solistas da OSES, com regência de Gabriela Queiroz.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, o evento - que acontece de 6 a 28 de novembro, sob a direção de Tarcísio Santório e Natércia Lopes - também aderiu ao formato virtual. Todas as apresentações serão ao vivo, direto do Teatro do Sesi, em Vitória, sem a participação do público. As transmissões serão feitas pelo canal da mostra no YouTube, com programação gratuita.
O concerto de abertura confirma o tom nacionalista do festival em 2020. Serão resgatados os trabalhos de três compositores brasileiros: o gaúcho Radamés Gnattali, a paulista Lina Pires de Campos e o carioca Cesar Guerra-Peixe.
O concerto para acordeon, tumbadoras e cordas de Gnatalli abre o programa. O gaúcho foi arranjador e orquestrador da Rádio Nacional, além de compositor que mesclava influências da música popular e do jazz. No segundo ato, surge uma espécie de intermezzo lírico, com Lina Pires de Campos. Associada ao piano (por ter sido divulgadora da escola técnica de Magdalena Tagliaferro), Lina terá apresentado a sua homenagem a Camargo Guarnieri, um dos mestres do nacionalismo.
Em um terceiro momento, segue-se outra homenagem. Desta vez, a de Cesar Guerra-Peixe aos músicos do Rio de Janeiro, com o especial "Roda de Amigos". Aqui, a apresentação mesclará a música de concerto a manifestações populares tipicamente cariocas, em um momento de descontração e bom humor.
Tarcísio Santório, um dos diretores do festival, afirma ter boas expectativas em relação ao evento, mesmo com sua estreia em formato digital. "Apesar de não contarmos com o 'calor' da plateia, vemos como uma possibilidade de mostrar a música brasileira para todo o mundo. As transmissões pela internet abrem caminho para uma nova fatia de público", defende, revelando que não encontrou resistência dos músicos em relação às apresentações online.
"Os artistas estarão presentes no teatro, portanto, o ritual - e a emoção - será mantido. Para eles, é gratificante saber que a plateia está na segurança de suas casas, apreciando a boa música."
O diretor não descarta apresentações híbridas para outras edições do festival. "Atualmente, os eventos culturais seguem para esta direção. Como disse anteriormente, é uma maneira alcançar uma plateia maior. A pandemia fez com que ampliássemos o nosso olhar sob o futuro da arte, rompendo fronteiras", explica o diretor, que espera um aumento do público nesta edição, chegando a 15 mil views por apresentação.
Sob curadoria de Livia Sabag, o Festival de Música Erudita do Espírito Santo propõe uma reflexão sobre as fronteiras simbólicas e físicas do momento que o Brasil e o planeta estão atravessando. Os concertos serão formados por obras de compositores brasileiros, latino-americanos e portugueses, como Astor Piazolla, Babi de Oliveira, Cacilda Borges Barbosa, César Guerra-Peixe, Eurico Carrapatoso, Daniel Schvetz, Fernando Lopes-Graça, Heitor Villa-Lobos, Jocy de Oliveira, Kilza Setti, Maria Luisa Anido, Tatiana Catanzaro e a capixaba Terezinha Dora.
A programação conta com estreias nacionais, como o quarteto de cordas LHomme Desarmé, do compositor português Eurico Carrapatoso, e o quinteto Trilogia del Ángel, do argentino Daniel Schvetz. Entre os artistas convidados, destaca-se a participação de Camila Titinger, Emmanuele Baldini, Luciano Maia, Manuela Freua, Marina Considera, Meire Norma, Willian Lizardo e Ricardo Ballestero.
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