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Capixaba Ana Müller se une à Rodrigo Alarcon e Mariana Froes em EP inédito

Capixaba Ana Müller se une à Rodrigo Alarcon e Mariana Froes em EP inédito

"Taquetá Vol.1" reúne cinco faixas autorais, já está disponível nas plataformas digitais

Publicado em 3 de junho de 2021 às 10:00

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Ana Müller, Rodrigo Alarcon e Mariana Froes estão lançando o projeto
Ana Müller, Rodrigo Alarcon e Mariana Froes estão lançando o projeto "Taquetá Vol. 1". (@photitas)
Gustavo Cheluje
Repórter do Divirta-se / [email protected]

Ana Müller, Rodrigo Alarcon e Mariana Froes. Três vozes marcantes, melodiosas, cheias de suingue e consideradas revelação da MPB. Juntos, a capixaba, o paulista e a goiana (respectivamente) se uniram para lançar o EP “Taquetá Vol.1”, que traz cinco faixas autorais que resgatam a sonoridade de clássicos da música brasileira, especialmente dos anos 1950 e 1960. Com produção musical de Niela Moura, o álbum já está disponível nas plataformas digitais. 

"A Niela (Moura, produtora) tinha pensado em fazer um trabalho com os três (artistas) em um álbum de final de ano. Adoramos a ideia e começamos a estudar referências que resgatamos de nossas famílias e de nosso gosto pela música", pontua Ana Müller, autora da faixa mais potente do disco, "Enquanto a Chuva Não Vem".

Para a artista, a canção é sobre a “subjetividade do tempo, o 'autoamor', dominar a si mesmo e, sobretudo, entender que todo amor é sempre seu, até o que você ofereça ao outro”, filosofa, para, segundos depois, explicar a ideia da composição.

 "Já vinha escrevendo muito nos últimos meses, especialmente por conta da pandemia. Lancei meu último trabalho de inéditas 'Incompreensível' em 2019, e comecei a dedicar meu tempo a compor. 'Enquanto a Chuva não Vem', por exemplo, é uma homenagem à Bossa Nova, um estilo bem Manoel Carlos, sabe? (risos)", questiona, em tom de brincadeira. "É uma espécie de respiro de leveza para o álbum".

Por falar no disco, o lançamento de “Taquetá Vol.1” foi dividido em etapas. Três faixas foram lançadas previamente: “Carta Que Não Diz”, “Passageiro” e a citada “Enquanto A Chuva Não Vem”, que se unem às inéditas “Às Vezes Bate Uma Saudade” e “Segunda”.

"'Cartas que não Diz' é inspirado em Chico Buarque, mas tentamos sair do óbvio", responde Rodrigo Alarcon, que também participou da entrevista.

"Temos um jeito peculiar de fazer música. O EP é uma mescla de Bossa Nova, reggae e músicas românticas, entre outros estilos. 'Às Vezes Bate Uma Saudade', por exemplo, tem uma pegada rhythm and blues", complementa o rapaz.

TRAJETÓRIA

Prestes a completar 30 anos, Ana Müller nasceu em Ibatiba, mas, adolescente, mudou-se para Cariacica. "Minha paixão pela música vem desde criança. Lembro que, aos oito anos, ficava cantando as palavras que a professora escrevia no quadro da sala de aula. Muito maluco isso, não é?", brinca, entre sorrisos tímidos. 

"Aos 17, encarei um festival de música em Guarapari. Em 2012, ganhei o tradicional festival Prata da Casa, na Universidade Federal do Espírito Santo. As coisas foram acontecendo. Enquanto isso, entrei para a banda Aurora e criei uma página na internet, com as minhas músicas. Uns amigos foram compartilhando até que chegou ao Brasileiríssimos, site de cultura alternativa muito influente no país. Foi aí que pessoas de várias regiões começaram a descobrir e a curtir o meu trabalho", aponta a artista, que conta com dois álbuns de carreira lançados e mais de 100 mil ouvintes mensais no Spotify. 

E o fato de ser considerada revelação da música brasileira? "Sempre vai ter alguém para ser rotulado de revelação, né? Esse posto de nova voz da MPB é muito volátil. Claro que fico feliz em ter esse reconhecimento, mas isso cria ainda mais expectativa sobre o meu trabalho", adianta, com uma maturidade pouco vista em artistas novatos. 

Com simplicidade, Ana afirma ser autodidata. "Corri dessa coisa de formação acadêmica. Sempre tive medo que essa rotina me desestimulasse a criar livremente. Sempre gostei de fazer as minhas composições de forma mais natural, orgânica."

Sem medo de causar polêmica, Ana Müller comenta que o Espírito Santo conta com muitos talentos musicais, mas ainda falta apoio de várias instâncias para que a tão comentada cena capixaba se fortaleça.

"O Estado fica fora do eixo cultural do Brasil e isso dificulta um pouco o nosso desenvolvimento. Temos vozes incríveis, como a Budah, que é uma grande artista. Isso sem falar de gente que fez história, como Sérgio Sampaio e Banda Solana, por exemplo", diz, citando alguns talentos da terra. 

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"Acredito que falta estímulo, principalmente porque o capixaba não conhece a nossa música. Falta investimento, fomento e políticas públicas voltadas para a cultura local", complementa, com a propriedade de uma artista da terra que teve o talento mais valorizado em outros cantos do país.

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