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Capixaba expõe pichação na reabertura do Museu da Língua Portuguesa

Capixaba expõe pichação na reabertura do Museu da Língua Portuguesa

Ronaldo Gentil já pinta há 15 anos. Em 2019, participou de projeto nacional sobre a arte da pichação e trabalho agora é exposto em um dos principais complexos culturais do Brasil

Publicado em 8 de agosto de 2021 às 09:00

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Cenas da exposição
Cenas da exposição "Língua Solta", que celebrou a reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, em julho deste ano. (Arquivo pessoal/João Wainer)
Autor - Pedro Permuy
Pedro Permuy
Repórter do Divirta-se / [email protected]

O Museu da  Língua Portuguesa, em São Paulo, reabriu suas portas com arte capixaba em exposição. Até o próximo dia 3 de outubro, quem visita o espaço pode apreciar o trabalho de Ronaldo Gentil. O artista da Serra já pinta há 15 anos e, em 2019, participou de projeto nacional que valoriza a pichação. Em 2020, o grupo concluiu o trabalho com mais de 150 tags - um estilo de letra específico de forma pontiaguda - produzidas e 16 delas foram selecionadas para mostra, que está em cartaz em um dos principais complexos culturais do Brasil, em São Paulo.

Segundo o artista, o projeto reuniu profissionais de todos os Estados brasileiros. Cada um deles teve a missão de desvendar a linguagem própria da pichação em seu Estado e depois transformar o que tiraram dessa leitura em uma nova obra de arte. Ronaldo, que já é reconhecido no Espírito Santo, usou um pouco da própria característica para executar o quadro.

“Língua Solta’, nome da exposição, está com 16 obras no museu em cartaz. Cada uma delas representa um pouco da peculiaridade da arte da pichação do estado em que foi elaborada. Eu escrevi ‘Guerra’ na palavra que pichei. Essa arte reflete muito a arte de rua, que é muito pouco reconhecida, e tudo o que ela expõe é, também, baseado nisso”, analisa.

Segundo ele, apesar de ser uma tradição popular, a pichação ainda não é totalmente reconhecida pelo meio artístico. “É a minha primeira vez em um grande trabalho assim. E estou muito feliz por tudo isso. No Espírito Santo, nunca fui validado como artista, apesar de quem curtir a arte de rua já me reconhecer. As pessoas me reconhecem pelo meu gráfico”, diz.

Esse gráfico, reitera ele, foi um dos pontos altos da curadoria da exposição. "Cada um dos representantes dos estados que participaram, imprimiu na obra que fez essa coisa do desenho, do jeito de fazer, próprio de onde ele é. Pegamos uma linha de como é a pichação em cada local e sintetizamos isso nas obras que estão expostas”, repete.

"Guerra" é o painel de autoria de Ronaldo Gentil. Cenas da exposição "Língua Solta", que celebrou a reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, em julho deste ano. (Arquivo pessoal/João Wainer)

E celebra: “Estar em um projeto desse, no Museu da Língua Portuguesa, valida minha obra não só como arte gráfica, mas como comunicação, linguagem também. Já fui motorista, garçom, fotógrafo, trabalhei com audiovisual, muita coisa. E essa oportunidade, de ser artista, é pelo que sempre quis mesmo”.

O projeto como um todo, com os representantes estaduais, agora ganhará uma nova etapa. Os curadores e idealizadores da ação vão desenvolver, um a um, novos braços artísticos com os representantes de maneira individual. A expectativa é de que a nova produção, que ainda será concebida, elaborada e executada, também ganhe um espaço nacional de visibilidade.

“Depois da pandemia a gente teve que parar. Em 2020, a gente estava fazendo encontros e eu estava viajando bastante para São Paulo. Com a pandemia, parou. Mas tudo deve ir voltando aos poucos. Agora, vamos nos dedicar individualmente para essa nova etapa do projeto maior”, finaliza.

Pichação ou Pixação?

A exposição do Museu da Língua Portuguesa ainda abre espaço para uma boa discussão sobre a língua. A pichação, com ch, é a grafia da palavra encontrada nos dicionários. Porém, com o caráter negativo que carrega - uma vez que é considerado crime ambiental - os artistas tentam desvencilhar seus trabalhos da visão de vandalismo e utilizam a grafia com x, resultando em pixação. Os chamados pixos ou tags, assinaturas que têm tipos e formas diferentes de letras, vêm ganhando nos últimos anos status de arte e não somente de crime, uma vez que os rabiscos também ganharam galerias de arte e até mesmo donos de imóveis vêm pedindo por essas intervenções em suas propriedades. Um exemplo é a Fundação Ecarta, em Porto Alegre, que patrocinou a pichação de sua própria fachada por artistas locais em 2019.

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