Combater o racismo por meio da educação é lema para a professora Gabriela Verediano, que junto com a advogada Viviane Lupim e a pedagoga Jéssica Grillo criaram o Descolonize. Com posts educativos no Instagram e palestras no YouTube, o projeto visa conscientizar sobre o tema de forma acolhedora.
O Descolonize nasceu durante a pandemia da Covid-19, no Espírito Santo. Idealizadora da ação, Gabriela se inspirou em seminário que organizava presencialmente na escola estadual em que trabalha, de Cachoeiro de Itapemirim, para moldar o evento no ambiente digital.
Assim, no próximo dia 25 de julho, o projeto vai disponibilizar em canal do YouTube um ciclo com três palestras sobre o racismo e o combate ao preconceito pela educação. Convidados, os especialistas no tema vão debater desde as causas do problema até formas de enfrenta-lo disseminando informação.
Com as palestras pela web, ela pretende conscientizar a população sobre causas e consequências do que é considerado crime de ódio. Após a primeira exibição, o ciclo de palestras promovido pelo Descolonize vai continuar disponível pelo canal do projeto no YouTube.
A página do Instagram, que também ajuda a divulgar as palestras, também ficará no ar. Por sinal, o perfil na rede social de fotos conta com ótimas dicas e debates em seus posts educativos.
"É sobre combater o racismo com dados, estatística e estudos científicos. Tem gente que, quando recebe a informação, muda de pensamento. Às vezes, só falta uma informação, um diálogo, uma forma disso chegar a pessoa e ela mudar um comportamento, uma fala, se incomodar como que vir de errado", propõe Gabriela, que idealizou a ação digital ao lado de Viviane Lupim.
Segundo Gabriela, os participantes dos bate-papos vão se ater justamente a esse método de conversa – o de apresentar dados e confrontá-los. As três palestras, que serão “A construção histórica-social do negro no Brasil", com Aline Dias; "A representação do negro na TV", com Suely Bispo; e "Educação e movimento negro no Brasil", com Gustavo Forde, já foram gravadas.
"Como sou professora, já tinha feito algo parecido antes como um projeto para a escola, mas era para um público restrito, o público escolar. Quando abriram editais da Lei Aldir Blanc pelo governo do Estado, decidi inscrever o projeto de uma forma mais macro e ele, depois, fica disponível na internet", conta.
"Trabalho em uma escola estadual em Cachoeiro de Itapemirim e, em todo mês de novembro, a gente fazia uma roda de conversa com pessoas de várias áreas para falar de racismo no segmento delas", lembra, indicando a inspiração do Descolonize.
A professora acredita que o evento virtual possa combater o racismo, já que recorda que esse evento que ela fazia na escola em que trabalha rendia bons frutos. "Lembro que alguns alunos tinham resistência com o tema e saíam do auditório, depois do evento, bem mais desarmados. Pelo menos já saíam dispostos a falar sobre o que ouviram. No Descolonize, pelo YouTube, também teremos apresentação de alguns artistas, então terá uma programação completa", destaca.
Ela, que toca projetos que combatem o racismo nas escolas desde 2018, avalia que a grade escolar não abarcar culturas africanas, por exemplo, é um erro para a continuidade desse trabalho. "Eu sinto que as crianças e adolescentes não sabem sobre a cultura da África, não estudam os reinos africanos, as civilizações antigas da África, como fazem com outros continentes. Isso não está na grade", lamenta.
A ideia geral do projeto que ela e a colega Viviane produziram é esse: "O de fazer as palestras se tornarem públicas para mais pessoas terem acesso a esses questionamentos que fazemos, só que internamente. Além do ciclo, também teremos sorteios de livros, que alguns já foram até enviados por meio de seguidores do Instagram, então essa também é uma forma complementar de incentivar o acesso à informação sobre o racismo no Brasil".
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