Depois de 54 anos de carreira, Carlos Papel se consagrou ícone de uma era que celebrava com gosto a música popular brasileira no Espírito Santo. Desde a década de 1980, ficou famoso por shows na noite, fez amizade e parcerias com outros figurões da música e, agora, lança a primeira versão do songbook que leva seu próprio nome no título. Na obra, que já está disponível em pré-venda, resume as décadas de acordes e cifras em 24 canções.
O livro de canções, como o próprio nome diz, traz a partitura de cada uma das músicas selecionadas, biografia, áudios de gravações inéditas das canções em alta qualidade, passagens da carreira em textos escritos por amigos e colegas de trabalho, além de fotos inéditas. Toda a curadoria foi feita pela própria filha de Carlos Papel, Fernanda Nali, que assina a coordenadoria geral do songbook.
Ir lá atrás e pegar minhas músicas, inclusive, é muito mérito da Fernanda. Desde criança, ela vem curtindo essas canções, fala o cantor, que completa: Foi algo bastante artesanal, tudo muito pensado, partituras simples... E a expectativa é, também, atingir quem não tem contato direto com a música.
A coletânea acaba sendo interessante de modo geral porque trata de um aspecto social da arte muito amplo. Isso porque, como a própria Fernanda destaca, cada música vem acompanhada de sua história, letra e gravação.
A gente associa muito que songbook é só para músico, mas não. Se você abrir o songbook vai ver texto, biografia, letras das músicas... Lembra muito os encartes de CD. Você vai ouvir o áudio por meio de um QR Code que tem em cada página de cada canção, que já vai te redirecionar para a gravação, que está em uma plataforma... Acabou sendo satisfatório ter ficado tão completo, pondera a coordenadora.
Mas para além dos atributos tecnológicos, o livro de canções do carioca radicado no Espírito Santo, que brinca que virou capixaba, também torna todo seu conteúdo acessível a deficientes visuais. É que, além de trazer duas das 24 canções com versões em braile, é possível também ouvir os áudios de forma independente.
Ter essas músicas em braile foi emocionante para nós. É impressionante... A gente fez uma live de lançamento e eu vi um deficiente visual usando na frente da câmera. Aquilo deu resultado. A melodia estava 100% correta, tudo. Aquilo, ver na prática dar certo, foi muito emocionante, avalia ele.
Além de compartilhar a experiência com os jovens músicos e colegas, que já pediam o songbook do cantor há algum tempo, Papel também espera que a repercussão movimente outras visões da cena local e do grande entrave que se cria entre idade e o mundo digital. A cultura não anda sozinha. Mas a falta de investimento, por exemplo, não pode ser antídoto para a gente desanimar. A pandemia foi produtiva nesse sentido. Nunca produzi tanto. E continuo fazendo lives toda segunda-feira, reitera.
E finaliza, resumindo: Em suma, tenho uma relação muito próxima com a palavra, com o poema... E queria muito que isso aparecesse um pouco mais. E esse (songbook) é, de longe, o melhor trabalho de áudio que eu já fiz.
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