Uma exposição que aconteceu a primeira vez em 2018 volta à OÁ Galeria, em Vitória, com obras inéditas sobre o mesmo tema. “Casa 34”, de Rick Rodrigues, ilustra a memória que ele mesmo tem sobre a casa dos avós paternos. A residência, que ele frequentou por grande parte da vida, foi demolida em 2016, mesmo ano em que o artista capixaba começou a produzir as obras de arte que mantém viva a memória da edificação.
"Eu venho trabalhando nessa série desde então, já que a ideia surgiu nos escombros da casa. Na verdade, a ideia era retratar, sim, os ambientes dentro. Mas, com o tempo, me apeguei às lembranças que eu tinha dos espaços e os ilustrei a partir do que eu imaginava", conta.
E continua: "O conjunto das obras fala muito das memórias daquele lugar, porque retrata as coisas com esse desenho primário. Tem muita fantasia. Trata dos objetos, da arquitetura, mas também das lembranças que tudo aquilo provoca".
Para veículo de sua imaginação, Rick usa desde itens convencionais da arte, como maquetes, até produtos que foram ressignificados durante a montagem da exposição. "São suportes extra artísticos, como chamamos. Então tem pedaço de papelão, caixa de papelão, tem obra que está em bandeja de metal de cozinha mesmo... Tem uma série da exposição que é toda pintada nos tacos que eu recolhi da casa quando ela foi demolida. Desenhei com carbono nos tacos e só nessa série são quase 30 obras de arte", declara.
E cada incontável série (o próprio artista não consegue mais contabilizar quantas obras existem no total) retrata uma passagem dessa lembrança. A dos tacos, por exemplo, remonta ao espaço físico da casa, que ficava em João Neiva. "Os tacos, cada um, tem um pedaço do trajeto que eu fazia da minha casa, que eu moro atualmente, até a casa dos meu avós", conta.
Com o passar dos tempos, cada série ganha mais obras e novas séries são criadas. Por isso Rick não tem mais um número exado das obras que compõem essa exposição. "Nos últimos anos, ela cresceu muito. Fico reproduzindo bordados, também, bordados familiares. Todas essas peças que citei recebem bordados, inclusive a fachada de onde era a casa. Fiz uma instalação nos tapumes do terreno, que hoje é preparado para uma outra construção de um condomínio", confidencia.
Por outro lado, muitas obras só fazem sentido quando a exposição completa está montada. "Por exemplo, as partes que retratam o jardim, a fachada e o quintal têm que estar juntas. É um espaço da exposição que é dedicado só para isso, porque precisa desse contexto para funcionar. Quanto junto uma série de obras, eu consigo remeter a essa lembrança específica", fala.
"Acho que será difícil encerrar essa série especificamente, porque a exposição trata de um momento muito forte da minha vida e as retratações parecem não acabar nunca. Provavelmente não vou me desgarrar dela nunca (risos)", finaliza Rick, sinalizando que a mesma também se encontra exposta em seu site.
Além de ganhar exposição física na OÁ Galeria, em Vitória, Rick fará outdoors em Santa Leopoldina e Santa Teresa, na região Serrana do Espírito Santo, para divulgar a mostra, que também tem versão virtual disponível para quem quer apreciar as artes.
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