A Casa Porto das Artes Plásticas, instalada em um prédio histórico de 1903 no Centro de Vitória, completa, no próximo dia 30 de junho, 21 anos de existência. Para celebrar a data, duas exposições simultâneas vão ocupar o espaço a partir desta segunda (21) e terça-feira (22). A entrada é gratuita.
"Não poderíamos deixar essa data passar em branco. Com responsabilidade, tomando todos os cuidados e seguindo todos os protocolos, vamos mostrar a que esse espaço se propõe e oferecer à população de Vitória duas grandes exposições culturais", afirmou o secretário municipal de Cultura, Luciano Gagno, que completou.
"A Casa Porto é, hoje, o único espaço público municipal que temos voltado especificamente para esta área da Cultura: as artes plásticas. É, ainda, um local de imensa importância histórica e arquitetônica, onde todos podem ter acesso a fotografias, gravuras, desenhos, pinturas e esculturas por meio de importantes trabalhos desenvolvidos por artistas locais, regionais, nacionais e até mesmo de renome internacional".
A primeira será aberta às 19h, desta segunda-feira. A mostra "Realidade Expansiva", dos artistas multimídia Elvys Chaves e Carlo Schiavini, promete trabalhar o aspecto visual dos visitantes. Nela será possível analisar a capital por diferentes ângulos por meio da realidade aumentada.
Unindo arte e tecnologia, o projeto envolve a criação de uma interface móvel de realidade mista, capaz de servir como suporte para interações dinâmicas entre os mundos presencial e virtual, em que o visitante é inserido entre esses diferentes ambientes por meio de caixas de papelão e aparelhos tecnológicos.
"O objetivo é colocar em circulação obras que dialoguem com a estética pós-digital do período recente, a partir do uso da realidade aumentada (AR) e óculos cardboard, para interação e visualização de obras tridimensionais. Para isso, estamos construindo uma instalação no espaço expositivo com caixas de papelão. O material foi escolhido pela sua leveza e pela maleabilidade, permitindo montar com facilidade a mostra em diferentes espaços", detalhou Elvys.
A segunda exposição será aberta na terça-feira (22), às 10h. "Impermanência", de Bruno Zorzal, promete um ponto de questionamento entre a efemeridade das imagens e a realidade da vida contemporânea.
"A fotografia é um dos meios de comunicação mais poderosos do mundo. Em 2020, o Instagram – plataforma mais popular para a publicação de fotos na atualidade - tinha um bilhão de contas ativas. Mas qual é o real valor desses registros em tempos de pós-verdades e fake news?", provoca Zorzal.
“Guiado pela noção de impermanência, este projeto busca investigar nosso momento histórico paradigmático em que as existências – e mesmo uma estética e ética individual e coletiva – passam pelo transitório, pelo fugaz” explica Zorzal.
Para isso, Bruno volta no tempo e se apropria de processos fotográficos históricos e artesanais, além de velhos retratos anônimos (que fazem parte de sua coleção particular), utilizando materiais diversos, como papel, casca de parede e metal.
“A partir de manipulações que estes processos fotográficos permitem, as fotos de rostos anônimos continuam a se alterar em presença da luz. Transformando-se diante dos olhos, algumas chegam até a desaparecer. No limite, resta apenas o suporte, as substâncias fotossensíveis, matéria que antes fazia imagem”, explica ele.
Tendo este processo de revelar e desaparecer do fazer fotográfico como base, o artista propõe um olhar sobre a vida contemporânea, por meio de instalações, vídeos, objetos e ampliações fotográficas.
“Mostrando o apagamento, o transitório, estes retratos parecem incorporar a instabilidade que atravessa nossas realidades. De fato, nos perguntamos se para representar indivíduos e realidades atuais – atravessados por multiplicidades – seria necessária uma imagem também instável, sujeita a fluxos, em processo, múltipla”.
Para Bruno, a produção de imagens aliada à tecnologia subverte, aqui, um dos principais preceitos da fotografia, ao mesmo tempo em que estimula novos olhares sobre os registros da atualidade. Trata de apagamentos e novos sentidos de realidade.
“Em um período em que nunca se produziu e difundiu tanta imagem, o processo de fixação da fotografia, conquista da modernidade, parece sabotado. Foto sujeita ao tempo que remete ainda aos gifs, snapchats, stories, selfies, imagens nascidas no fluxo da internet e para as telas. E nos perguntamos, finalmente, como as imagens técnicas podem influenciar, ou mesmo moldar nossa apreensão de realidades”.
As exposições, que são gratuitas, poderão ser vistas de segunda a sexta-feira, das 10 às 19 horas. Pequenos grupos estão autorizados somente aos sábados, das 10 às 14 horas, mediante agendamento prévio. por meio do telefone (27) 3132-5295.
Em virtude da pandemia, o número de visitantes por vez está sendo rigorosamente controlado. Para ter acesso ao interior da Casa Porto, os visitantes têm a temperatura medida e é obrigatório o uso de máscaras e de álcool em gel.
*Com informações da Prefeitura de Vitória
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