Com apenas um ano de estrada, a banda capixaba Rosa Chá está construindo uma identidade musical marcada por ritmos dançantes, com flertes no pop-rock e em sonoridades experimentais.
Foi assim com "O Que Ficou Pra Trás", single lançado há um mês, e segue com "Doce Amor", um dos destaques do primeiro EP, que leva o nome dos artistas. O trabalho, disponível nas plataformas digitais, ainda conta com mais duas faixas, "Baby Sente O Groove" e "Mais uma Vez".
"Doce Amor", com batidas eletrônicas e ritmo tranquilo, dá sabor a uma paixão que nasce da relação entre um sugar daddy (homem mais velho e bem-sucedido) e uma sugar baby (moça mais jovem), termos populares na web para definir vivências que misturam envolvimento pessoal e financeiro.
"A ideia de fazer uma música sobre esse tipo de relacionamento veio junto com o refrão. Depois de criá-lo, achamos que tinha tudo a ver e pensamos em uma faixa inteira relacionada a esse tema. É um assunto que aborda uma relação cada dia mais comum", acredita o vocalista Guilherme Sadala, em bate-papo com o "Divirta-se". "Mas esse assunto é tratado de forma muito sutil, minimalista. Ficou um resultado muito suave", embala.
"Rosa Chá", o EP, conta com elementos da cultura pop, especialmente a disco music, o que, de acordo com Sadala, casa perfeitamente com as referências musicais da banda.
"O disco flerta com as nossas referências, que vão de The Weeknd a Michael Jackson, passando por Prince, Madonna e Dua Lipa. Tem muito do eletrônico dos anos 1980 também, mas colocamos o nosso jeito, um toque bem minimalista", explica.
A criação da Rosa Chá se deu em 2020, um ano marcado pelo avanço da pandemia da Covid-19, em que o mercado fonográfico enfrentou uma forte recessão, especialmente pela impossibilidade de apresentações presenciais. Coragem, desde o início, deu o tom do projeto.
"A pandemia foi uma grande dificuldade, sem dúvidas. Nosso primeiro show, por exemplo, aconteceu para um grupo restrito, há apenas algumas semanas. Faltou dinheiro para divulgar melhor o nosso trabalho, mas tivemos o apoio do Estudio Bravo (que também atua na produção do EP) e da gravadora Casulo, o que foi muito importante para esse início", apontou Guilherme, dizendo que a entrada recente do baterista Roberto “Bob” Hoffmann - que se juntou a Gabriel “Pit” Raymundo (contrabaixo) e Vitor Rocha (guitarra) - deu um gás aos planos para o futuro.
"Bob foi essencial para a nossa ideia de começar a fazer shows. Além disso, apoia nas composições, pois tem uma pegada firme da bateria", elogia.
Duas músicas do EP (“O Que Ficou Pra Trás” e “Baby Sente o Groove”) estão na playlist “Indie Brasil”, do Spotify, seleção seguida por mais de 380 mil pessoas e capaz de influenciar o que os jovens estão ouvindo. A lista, claro, é vista com bons olhos por Sadala, especialmente sob o viés da projeção nacional.
"As playlists são um pilar importante para que mais pessoas possam conhecer o nosso som. É massa ter esse reconhecimento. As duas faixas estão sempre no início da lista, isso significa que as pessoas estão gostando do nosso trabalho".
É impossível conversar com (mais) uma revelação da música do ES sem falar da cena local, que, recentemente, revelou nomes como César MC, Budah e Alinne Garruth, só para citar alguns. Mas, afinal, o que falta para realmente termos uma cena mais robusta, em que mais nomes possam despontar para o país?
"Para que a cena fique mais forte, os artistas capixabas precisam se unir mais. É importante divulgar o trabalho de outros profissionais e falar o quanto a música dos capixabas é de qualidade. É importante chegar a um denominador comum, vender e produzir mais shows", complementa Salata.
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