O escritor Sérgio Sant'Anna, morto na madrugada deste domingo (10) aos 78 anos vítima do novo coronavírus, transitou por diversos gêneros literários, mas foi reconhecido sobretudo como um renovador do conto nacional.
Sant'Anna deixou uma obra experimental, mas dotada também de senso de humor. Nos últimos anos, mesmo com a idade avançada, ele continuava produzindo em quantidade e qualidade. Abaixo, uma lista de cinco livros do autor para quem quiser conhecer sua obra. Os livros são publicados pela Companhia das Letras.
O autor ganhou o prêmio Jabuti por essa coletânea de contos. São textos que reúnem pop e erudito, profano e sagrado. O volume traz todas as características de sua obra -a exploração formal e o caráter metaficcional. Na narrativa que dá título ao livro, Sant'Anna parte de um show do pai da bossa nova que deveria acontecer numa casa de espetáculos, mas que acaba cancelado por João Gilberto.
Com esse volume de contos, Sant'Anna foi finalista do Prêmio Oceanos em 2015. Mesmo trabalhando com a experimentação, ele não exclui o prazer do leitor. O livro traz histórias como a de um homem que se apaixona por uma vendedora de lencinhos que junta dinheiro para o tratamento de câncer do marido, ou a de um casal dividindo um casarão nos anos 1970.
Sant'Anna escreveu esse para a coleção Amores Expressos, da Companhia das Letras. É também um bom livro para ver o diálogo que ele empreendeu com as artes plásticas, uma das marcas de sua obra. Já no primeiro conto, o protagonista vê uma exposição de Andy Warhol em Praga. O livro traz sete narrativas interligadas. O narrador flana pela capital tcheca dedicando-se à libertinagem -suas parcerias são com figuras como uma santa, uma boneca de teatro de sombras, uma pianista e uma jovem que tem tatuado no corpo o que seria um manuscrito inédito de Kafka.
Esse é um romance passado no Rio de Janeiro que tem como narrador um crítico de arte. Sant'Anna brinca com a narrativa policial, mas, como sempre, mistura gêneros. Na história, o protagonista se envolve com uma jovem manca -e descobre que ela é modelo de um artista plástico. A obra ganhou o Jabuti em 1998.
Como em toda a sua obra, esse volume de contos também promove a reflexão metaliterária sem alienar o leitor. São histórias urbanas cheias de erotismo e morte. Em "O Gorila", a mais longa delas, o autor conta sobre um personagem que vive passando trotes em mulheres -e acaba encurralado numa emboscada. Os três últimos contos tratam de imagens de artistas plásticos. Sant'Anna se dizia fascinado pela forma como alguns deles representaram o nu feminino.
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