Em manifesto lançado na internet na última sexta-feira (11), membros do movimento cineclubista do Espírito Santo - tendo como frente a Organização dos Cineclubes Capixabas (OCCa) - cobraram apoio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) para que os editais de fomento e difusão do setor não corram o risco de extinção.
O movimento alega que a Secult defendeu, na proposta dos editais de 2020, a extinção de uma linha específica de apoio ao cineclubismo, deixando que os esses espaços concorram, em um mesmo edital, com mostras de cinema e atividades de formação, com valores distintos, menos prêmios e sem garantia de que algum cineclube será contemplado. A secretaria nega a afirmação, dizendo que haverá editais em outubro deste ano.
"O valor apresentado para os Editais do Audiovisual 2020 foi de R$ 2.390.000,00. Nesta proposta, há uma extinção do edital de Cineclubismo, criado em 2012. Agora, o movimento seria movido para um edital de Difusão, que engloba todo o audiovisual, estando ao lado das áreas como circulação, produção, realização de eventos de formação, pesquisas e intercâmbio. Não teríamos mais uma parte do edital disponível apenas para o nosso setor", garante Lara Toledo, presidente da Organização dos Cineclubes Capixabas.
"Na proposta apresentada, haveria a distribuição de oito prêmios, sem distinção de categorias, sendo quatro no valor de R$ 15 mil e quatro valendo R$ 30 mil. O valor total destinado para o edital é de R$ 180 mil. Uma perda imensa para o movimento e para a manutenção e difusão dos cineclubes do Espirito Santo. De 2012 a 2019, a Secult vinha garantindo uma política cultural específica para a prática cineclubista", relembra.
O Fórum de Audiovisual se reuniu de forma virtual, ainda em junho, para apresentar uma contra-proposta à Secult, inicialmente, pedindo R$ 3 milhões para o setor. Em setembro, de acordo com Lara Toledo, a secretaria informou que não seria possível aumentar o montante previsto para 2020.
"O órgão afirmou que as linhas referentes aos cineclubes poderiam ser retiradas dos editais de 2020 da Funcultura porque seus proponentes e projetos serão contemplados em benefícios e chamadas da Lei Aldir Blanc, tanto no âmbito municipal quanto no estadual. O plano da Secult para os recursos da Lei é que sejam usados em editais de difusão e formação, logo, contemplariam essas linhas retiradas", explicou Lara.
A Lei Aldir Blanc, de acordo com a representante do setor, tem caráter emergencial e não permanente, não substituindo os editais, que fazem parte de uma política pública para o acesso livre ao cinema.
Com menos recursos, a ação cineclubista fica comprometida. Representamos boa parte da difusão do cinema no Estado. Os cineclubes, além de serem resistência cultural, democratizam o acesso à Sétima Arte. Temos 76 espaços, em 26 municípios do Espírito Santo, especialmente em cidades que não têm sala de exibição. Muitas pessoas têm o primeiro contato com o cinema nos cineclubes", complementa.
Procurada pelo "Divirta-se", a Secult respondeu, por meio de nota. "A Secretaria da Cultura informa que o lançamento de editais de 2020, incluindo o edital de cineclubes, está previsto para outubro deste ano. O montante destinado a cada categoria está sendo discutido com os setores envolvidos, passando por avaliação do Conselho Estadual de Cultura."
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta