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Clássico de Rubem Braga, "Crônicas do Espírito Santo" ganha versão em audiolivro

Clássico de Rubem Braga, "Crônicas do Espírito Santo" ganha versão em audiolivro

Obra, narrada pelo ator e teatrólogo João Roncatto, adapta 52 textos de um dos livros mais intimistas do autor cachoeirense para as plataformas digitais

Publicado em 29 de setembro de 2021 às 12:21

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O cachoeirense Rubem Braga foi considerado o maior cronista brasileiro do século XX
"Crônicas do Espírito Santo", de Rubem Braga, acaba de ganhar uma versão em audiolivro. (Gildo Loyola/Arquivo)
Gustavo Cheluje
Repórter do Divirta-se / [email protected]

Nosso "sabiá cronista" está ficando cada vez mais "moderno" e se "adaptando" às novas mídias. Brincadeiras à parte, Rubem Braga, com sua obra mais intimista e "orgânica", "Crônicas do Espírito Santo", acabou de ganhar uma versão em audiolivro, com produção da Tocalivros Studios em parceria com a Global Editora, que, desde 2018, detém os diretos da obra do autor cachoeirense. 

Ao todo, foram adaptadas 52 crônicas da edição, que traz lembranças da infância do autor passada no Espírito Santo e também suas demais andanças pelo Estado, desvendando a cultura e as belezas naturais das terras capixabas.

A narração do audiolivro ficou a cargo do ator, teatrólogo e roteirista João Roncatto, conhecido do grande público por sua participação no infantil "Parque Patati Patatá", exibido pelo canal Discovery Kids.  A versão pode ser comprada (e ouvida) na plataforma digital da Tocalivros Studios.

Em entrevista ao "Divirta-se", Roncatto assumiu ter ficado ainda mais apaixonado pelo texto de Rubem Braga após participar da empreitada. João gravou em estúdio durante quatro semanas no mês de junho, contabilizando mais de quatro horas de narração.

O ator e teatrólogo João Roncatto é o responsável pela narração do livro
O ator e teatrólogo João Roncatto é o responsável pela narração do livro "Crônicas do Espírito Santo". (Anna Gimenes)

"Rubem Braga é um dos maiores cronistas do país ao lado de Machado de Assis", aponta, dizendo que a simplicidade e o olhar atento e afetuoso do cachoeirense para escrever suas histórias o fez lembrar de sua infância, no interior de Minas Gerais.

"O autor me despertou um olhar especial pelo Espírito Santo, ao desvendar a simplicidade de seu povo, especialmente quando descreve a fauna e flora do Estado, além dos casarios antigos e da arquitetura. Fiquei tocado quando o cronista relembra as plantações de cacau e a beleza bucólica do Rio Doce".

A versão audiolivro de "Crônicas do Espírito Santo" conta com um momento especial. Na leitura da crônica "Congo", a narração se junta a uma canção interpretada por Juscelino Filho. O cantor pesquisou o folclore capixaba para dar mais autenticidade à gravação. 

João Roncatto, encantado com o trabalho, chegou a postar alguns trechos de textos de Rubem Braga em suas redes sociais. No primeiro vídeo, relembra "Congo".

Aqui, João homenageia a crônica "Passarinhos", também contida no livro "Crônicas do Espírito Santo", em que Rubem Braga aborda seu encontro com Augusto Ruschi, em Santa Teresa.

DIFERENÇAS

Muitos podem confundir a narração de um audiolivro com o processo de dublagem, que, normalmente, é feita em filmes e em programas da TV, achando que a preparação pode ser basicamente a mesma. Roncatto explica a diferença.

"A narração, especialmente para uma crônica, é completamente diferente. É preciso interpretar o texto com intensidade, 'entrando' nas diversas camadas da obra. Você deve respeitar as articulações de cada palavra. A narração de letras e consoantes precisam ficar bem claras, sem adaptações", define.

Roncatto não acredita que audiolivros podem substituir o prazer da leitura tradicional, mas pensa que os dois formatos devem se complementar. "A geração de hoje lê muito mais que a de anos atrás. O acesso é facilitado por conta dos modernos celulares e tablets. O e-book é muito democrático", defende, dizendo que a literatura, com o advento do digital, se tornou mais universal.

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"Devemos considerar que livros digitais e audiolivros também conseguem levar informação. É outra categoria de mídia, claro, mais pode facilitar algumas pessoas que nunca tiveram acesso ao livro físico. Aliás, qualquer acesso à cultura é bem-vinda", complementa. 

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