Após um vaivém na presidência da Funarte (Fundação Nacional de Artes) na terça-feira (5), a atriz Regina Duarte foi recebida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para um almoço no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (6).
O clima, segundo relatos feitos à reportagem, foi de descontração, mas a presença de Regina à frente da Secretaria Especial a Cultura ainda é incerto.
Na véspera, Bolsonaro havia devolvido à presidência da Funarte o maestro Dante Mantovani, que havia sido exonerado pela secretária no dia em que ela foi nomeada.
Depois da repercussão, a Casa Civil tornou a nomeação de Mantovani sem validade.
A mudança foi vista como uma vitória de Regina que, há apenas dois meses no cargo, enfrenta dificuldades para nomear sua equipe.
Porém, sua autonomia à frente da pasta é vista como limitada como demonstrou a presença do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, na reunião.
Os dois têm divergido e Camargo não esconde sua rivalidade com a titular da Cultura, a quem frequentemente dispara críticas pelas redes sociais, muitas delas de forma indireta.
A atriz planejava destitui-lo do cargo, mas não conseguiu.
O nome de Camargo não constava na agenda, mas ele participou da reunião a convite de Bolsonaro.
Ao deixar o Palácio do Planalto, o presidente da Fundação disse que o almoço havia sido agradável e que não havia divergências entre ele e a titular na Cultura.
Na sequência, ele fez um post provocativo em sua conta do Twitter.
"Embora não seja da equipe de Regina Duarte, fui convidado pelo presidente a participar da reunião. Quando cheguei havia uma cadeira desocupada ao lado dele. O lugar estava reservado para mim. Sinto-me honrado! Regina e seus secretários não sabiam que participaria. Surprise!", escreveu.
Durante a reunião, que precedeu um almoço, Regina fez apresentações sobre o que espera para a Cultura e seus planos de reestruturação da pasta.
Sua equipe espera que seja publicado nesta quinta-feira (7) um decreto com a reestruturação da Secretaria, solicitada por Regina desde que estava no período de transição.
A pasta tem ainda parte de sua estrutura vinculada ao Ministério da Cidadania, ao qual era subordinada até o fim do ano passado, antes de ser transferida ao Ministério do Turismo.
A reunião contou com a presença de integrantes da equipe da Cultura e assessores palacianos, como o SAE (Secretário de Assuntos Estratégicos), o contra-almirante Flávio Rocha, e ajudantes de ordem do presidente.
O ministro Marcelo Álvaro Antonio (Turismo), a quem Regina é subordinada, também foi convidado.
O Palácio do Planalto, numa tentativa de mostrar normalidade na relação da secretária e do presidente, publicou fotos da reunião em que a atriz aparece ao lado do presidente e sorrindo em diversas imagens.
Nos bastidores, porém, Bolsonaro ainda se mantém cético sobre a permanência da atriz em sua gestão.
Ele deu aval à ala dos ideológicos para iniciar um processo de fritura da atriz, que vem sendo apontada como "esquerdista" pelo grupo bolsonarista mais fiel.
Ela foi impedida, por exemplo, de nomear o produtor de teatro Humberto Braga para a Secretaria.
Segundo aliados, Regina agora trabalha para tentar pacificar sua relação com o governo e deve permanecer em Brasília.
Sua permanência em São Paulo por mais de um mês, após o início da pandemia, foi criticada publicamente por Bolsonaro.
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