Em comum, eles têm talento, carisma e são atores premiados, que se destacaram em Hollywood por produções indicadas (e até vencedoras) ao Oscar. Keanu Reeves - cujo "John Wick 3: Parabellum" (2019) estreou quinta (16) nos cinemas -, Liam Neeson e Nicolas Cage ainda têm outra coincidência: apostaram nos filmes de ação para voltar a fazer sucesso. Quase um recomeço em grande estilo.
Tomando as devidas proporções, Reeves e Neeson se saíram um pouco melhor do que Cage. Os dois primeiros continuam sendo apostas dos grandes estúdios, em fitas com ambições nas bilheterias, "pinta" de blockbusters e refinamento estético, como a própria série "John Wick", no caso de Keanu, e com a coleção "Busca Implacável" (2008), com Neeson.
REDESCOBERTA
Reeves sempre foi conhecido por seu talento e versatilidade. Nos anos 1990, estrelou filmes aclamados pela crítica, como "Garotos de Programa" (1991), de seu diretor-fetiche Gus Vant Sant, "Drácula de Bram Stoker" (1992), obra-prima renascentista de Francis Ford Coppola, e "Muito Barulho por Nada" (1993), um Shakespeare pueril, com estética de Éric Rohmer, dirigido por Kenneth Branagh.
Seu estilo de galã teen atraiu a Fox e o fotógrafo holandês Jan de Bont, que estrearia na direção com "Velocidade Máxima" (1994). O resultado: sucesso absoluto (mais de US$ 350 milhões de bilheteria), um novo astro de ação e, ainda de quebra, uma estrela em ascensão, Sandra Bullock.
Boa gente, e herói na vida real (banca uma fundação que ajuda hospitais infantis e pesquisas sobre o câncer), Reeves só emplacou um hit depois disso: o clássico da ficção "Matrix" (1999). Nesse meio tempo, só escolhas erradas e produções desastrosas, como "A Ocasião Faz O Ladrão" (2010), "O Homem do Tai Chi" (2013) e "47 Ronins" (2013).
Os filmes de ação novamente salvaram uma carreira fadada ao esquecimento. "John Wick: Um Novo Dia Para Matar" estourou em 2017. Policial noir, violentíssimo, com narrativa quadrinhesca, e cenas de arrepiar, o longa foi aplaudido pela crítica e pelo público. O terceiro filme da série, que chegou agora aos cinemas, está sendo considerado o melhor e mais sombrio da coletânea. O sucesso de "John Wick 3" - que rendeu a expressiva cifra de US$ 94 milhões em todo o mundo, em menos de uma semana - já garantiu longevidade à série. O quarto capítulo deve estrear em 2021 e mais filmes estão por vir.
Nesse meio tempo, Keanu Reeves também encontrou espaço na agenda para estrelar o pequeno (e bom) "Sibéria" (2018) e o lamentável "Cópias - De Volta a Vida" (2018). Além disso, veio a São Paulo no início do ano, conversou com políticos e negociou uma série de ficção-científica que será gravada na cidade.
Projeto de Carl Rinsch, com quem o ator trabalhou em "47 Ronin" (seria um mau presságio?), a trama vai trazer uma São Paulo futurista, explorando a arquitetura da cidade, especialmente as obras de Niemeyer.
GALÃ IRLANDÊS
Liam Neeson foi o primeiro dos três atores citados que teve a sua carreira reinventada com o gênero. Lançado em Hollywood com uma atuação premiada em "A Lista de Schindler" (1993) - que voltará aos cinemas em 2109 para comemorar os 25 anos de lançamento -, o irlandês chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Ator pelo papel.
Depois, continuou brilhando em "Michael Collins, o Preço da Liberdade" (1996), de Neil Jordan, e "Kinsey - Vamos Falar de Sexo" (2004), de Bill Condon. Com o avanço da idade, o ator precisou se reinventar e optou por viver o arquétipo de policial durão, à la Charles Bronson, na série "Busca Implacável".
A resposta foi imediata. Sucesso de público (redeu quase R$ 250 milhões de bilheteria) e de crítica, o filme virou uma trilogia e criou uma espécie de padrão em Hollywood: o policial fino, estrelado por atores respeitados e trama noir. Um produto capaz de agradar a todos os gostos e públicos.
Apesar dos quase 70 anos, teve fôlego para estrelar uma série de longas do gênero, como "Desconhecido" (2011), "A Perseguição" (2011) e "Noite Sem Fim" (2015, confira o trailer abaixo), o seu melhor na incursão pelo gênero.
CANASTRÃO
Nicolas Cage é um caso a parte. Vencedor do Oscar de Melhor Ator em 1996, por "Despedida em Las Vegas", a carreira do astro desceu ladeira a baixo. Endividado (teve até que vender sua mansão em Los Angeles), Cage optou pela grana fácil e aceitou entrar em uma enxurrada de produções B, beirando o trash, como "O Imperador" (2014), "O Apocalipse" (2014) e "Vingança ao Anoitecer" (2014), todos de gosto duvidoso e massacrados pela crítica, mas, que de tão ruins, acabaram virando objeto de culto pela legião de fãs do sobrinho de Francis Ford Coppola.
Recentemente, o astro comprovou ser um bom ator, apesar das escolhas erradas. Ao estrelar o ótimo horror gore "Mandy: Sede de Vingança" (2018), já disponível em VOD no Brasil, recebeu aplausos da crítica e do público no Festival de Cannes. Um novo fôlego na carreira de um ator que chega a participar de mais de cinco filmes por ano.
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