A polêmica em torno do Centro Cultural Carmélia acabou trazendo à tona discussões sobre a utilização de outros espaços públicos parecidos para fins culturais nas últimas semanas, como é o caso de um casarão abandonado em Jesus de Nazareth, comunidade da Capital. O imóvel, construído na década de 50, é da Prefeitura de Vitória, mas há anos está sem ser ocupado e acabou, atualmente, virando depósito para ambulantes e alguns comerciantes, que também mantém o lugar em pé.
A comunidade espera um final diferente da demolição: a construção de um espaço cultural. Segundo a PMV, o desejo não é impossível de ser realizado e dá sinais para tal acontecimento.
Em imagens às que a reportagem teve acesso, é possível ver a construção antiga em avançado estado de degradação. Já sem telhado e com estrutura aparentemente comprometida, a casa fica em uma região de uma espécie de parque e estacionamento da comunidade de Jesus de Nazareth. Um dos que mostra o local como ponto turístico é o guia Fernando Martins, do projeto Tour no Morro.
Ele, que realiza passeios turísticos pela região, conta que por diversas vezes viu a comunidade precisar de um local que concentrasse a cultura que os próprios moradores do morro produzem. O guia já realizou trabalhos de arte com artistas de Jesus de Nazareth e usa, improvisadamente, um cômodo de uma casa como ateliê.
"Já levei mais de mil visitantes para o morro desde 2014 para turismo. Os turistas reclamam de não ter uma loja de artesanato local e há muito tempo vemos a necessidade de criar um polo de cultura, gastronomia e turismo na região. Transformando o casarão nesse centro, os próprios moradores podem alimentar o local com oficinas, exposições... Ali dá para reformar e, além de tudo, ainda manter um prédio histórico vivo", opina.
Fernanda Pereira, diretora do Instituto Mão na Massa, projeto social com mais de 20 anos de atuação e história no bairro, concorda: "Temos uma comunidade tradicional da pesca. A ideia é a gente resgatar toda a história de dentro da comunidade. E esse casarão soma em todos os sentidos. Mostrar artesanato, culinária... Dentro desse espaço cabe tudo. Tudo o que a gente sempre sonhou para a comunidade".
Segundo ela, a prefeitura já estudou até fazer uma escola no local, mas nenhum projeto foi desenvolvido por lá. O mesmo diz o guia de turismo, que destaca que a última operação que o espaço recebeu foi de um supermercado. "Era o depósito desse mercado. Antes já foi chefatura de polícia, também. Mas está há muito tempo abandonado. Hoje, alguns ambulantes e comerciantes usam o lugar para guardar carrinhos e coisas do tipo. Se não fosse isso, (o casarão) já teria caído", acredita.
Fernando identifica que o terreno que abriga o imóvel está ao lado de um pequeno condomínio e mini espaço comercial. Além disso, uma espécie de estacionamento também está instalado nas imediações.
Procurada, a Secretaria de Gestão, Planejamento e Comunicação de Vitória (Seges) respondeu, por meio de nota, "que o imóvel pertence à Prefeitura de Vitória. Informa, ainda, que está dialogando com a comunidade sobre a realização de um projeto no local que contemple praça, área de lazer e centro cultural".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta