Em meio à tensão diante da pandemia do novo coronavírus, há quem consiga provocar o riso dos brasileiros. Foi o caso de um vídeo de um comerciante cantando um funk chamado "Bactéria #FDP", no camelódromo popular da rua Uruguaiana, no Centro do Rio. No final de março, a filmagem viralizou nas redes sociais.
O hit sobre a Covid-19 que rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter é de autoria de Jelson Pereira dos Santos, 38, que se tornou conhecido como MC Rayban.
Além da repercussão na rede de microblogs, o funk gerou, apenas no YouTube, pelo menos 20 versões, com remixes ou outros ritmos -samba, pagode, voz e violão. O vídeo original, publicado na rede em 29 de março, tem quase 200 mil visualizações.
No funk, o vírus é xingado, chamado de bactéria e micróbio, acusado de "empatar foda" e atrasar os trabalhos, mas o recado final é o de que será derrotado por um Brasil unido onde "não tem mole pra Covid-19 nem 20". O MC, que estudou até a sétima série, diz saber que bactéria e vírus não são sinônimos, mas que não tem conhecimento científico para diferenciar os termos.
Rayban, que já foi MC Jésinho e MC Jel, entre outros nomes, ganha a vida vendendo óculos de sol no camelódromo onde o vídeo foi gravado por um passante. O mais recente nome artístico se concretizou justamente pelo grito que usa para atrair os clientes.
Por causa da pandemia, Rayban é mais um dos brasileiros que não conseguem arcar com suas contas -e que também não conseguiu até agora o auxílio emergencial de R$ 600 oferecido pelo governo. Ainda sem conseguir retorno financeiro com a música, o cantor e o irmão contam com a ajuda da mãe, de amigos e projetos sociais, além da compreensão do locatário, já que não conseguiram pagar o aluguel da casa que dividem. A situação, porém, pode mudar em breve, já que o MC assinou nesta quarta (15) contrato com o selo musical Blast, parceiro da Sony Music.
Natural de Três Rios, interior do Estado do Rio de Janeiro, MC Rayban diz ter ligação com a música desde a infância. A mãe do cantor, Marilda Vieira, 68, se divorciou do pai do MC e criou os filhos sozinha. Para isso, complementava a renda de doméstica cantando em bares e festas particulares. Em casa, desde criança, Jelson já escrevia paródias e suas próprias músicas.
Recém-chegado à cidade do Rio, morando com o irmão no Morro da Providência, no bairro Gamboa, há seis meses, o MC conta que fez a letra sem dificuldade, apenas "analisando a situação em que o Brasil se encontra". Apesar de ter sido surpreendido pela repercussão do vídeo, Mc Rayban, que é pai de um jovem de 16 anos, diz que a intenção é tirar um pouco do pânico provocado pelas constantes notícias de mortos e infectados.
"Minha música é um grito entalado do povo. Vemos os governantes falando o tempo todo disso e nós, a população mais carente, tem necessidade de gritar. Nessa selva de pedra é o povo que tem a força do leão. Essa forma descontraída de tratar esse problema é um jeito de quebrar a tensão, para tirar o medo", afirmou.
Mesmo levando a situação de forma cômica, o MC reconhece a gravidade do problema. "A situação é realmente séria, precisamos nos cuidar com as recomendações de higiene. Tenho todo respeito as famílias da vítima e aos que se foram", disse.
Mc Rayban diz que vai lançar outras músicas em torno desse tema. O funk "Bactéria #FDP" será gravado em estúdio e lançado no próximo dia 25 em plataformas de streaming. Outras faixas, como "Cachaça com Limão" e uma sobre o auxílio emergencial, também estão nos planos do cantor.
Rayban avisa que havia um perfil falso no Twitter que se passava por ele e pedia dinheiro para gravar músicas. E esclarece que suas redes sociais são: @mcraybanreal, no Instagram; @MCRayban1, no Twitter. O MC ainda não tem Facebook.
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