O sambista carioca Nelson Sargento morreu nesta quinta (27), aos 96 anos. Ele estava internado no Inca, o Instituto Nacional do Câncer, com Covid-19 e complicações causadas por um câncer de próstata, desde a sexta-feira passada.
Sargento era paciente do Inca desde 2005, quando recebeu o diagnóstico do câncer e iniciou seu tratamento. Após ser internado na sexta, com " desidratação, anorexia e significativa queda do estado geral", foi também identificado com Covid-19.
O artista é um dos maiores nomes do samba e da história da Mangueira, do Rio.
Confira abaixo algumas das principais composições do músico, entre sambas-enredos e verdadeiros hinos do samba, e outras obras do artista.
Aos 25 anos, em 1949, Sargento compôs o samba-enredo "Apologia ao Mestre" para a Mangueira, e no ano seguinte, criou "Plano Salte - Saúde, Lavoura, Transporte e Educação". Ambas marcaram o início de sua carreira como compositor.
Lançado em 1955 por Sargento, Alfredo Lourenço e Jamelão, "Cântico à Natureza" é considerado um dos maiores sambas-enredo da história e, sobretudo, da Mangueira. A letra traça um paralelo entre as estações do ano e o tradicional desfile brasileiro das escolas de samba. Paulinho da Viola e Chico César são alguns dos artistas que já gravaram a canção.
Em 1979, lançou seu primeiro disco solo, o "Sonho de um Sambista", que inclui os sucessos "Agoniza mas Não Morre", que retrata temas como a repressão e o preconceito sofridos pelos sambistas do país. A canção também ficou também conhecida na voz de Beth Carvalho.
"O nosso amor é tão bonito/ Ela finge que me ama/ E eu finjo que acredito". Esses versos, que são quase como um hino do samba, fazem parte de "Falso Amor Sincero", lançada por Sargento, em 1979.
Lançado em 2012, o álbum "O Samba da Mais Alta Patente" foi classificado como melhor disco de samba da temporada pelo Prêmio da Música Brasileira.
Além de sambista, Sargento era também artista plástico e escritor. O Rock in Rio de 2019 o homenageou na instalação "Espaço Favela", organizada pelo curador Zé Ricardo. Ali foram expostos 14 quadros de Sargento que retratam motivos carnavalescos e barracos da Mangueira, o morro onde foi morar aos dez anos de idade.
Em 2012, o músico lançou o livro "Prisioneiros do Mundo", pela editora Oficina Raquel. O livro traz algumas de suas poesias, além de reflexões existenciais sobre o universo e o homem.
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