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Crítica: 'Bohemian Rhapsody' tem a força do Queen, mas roteiro raso

Crítica: "Bohemian Rhapsody" tem a força do Queen, mas roteiro raso

Biografia do Queen deixa de lado os excessos da vida de Freddie Mercury para fazer um filme genérico sobre uma banda de rock

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 23:50

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Rami Malek como Freddie Mercury em "Bohemian Rhapsody". (Fox Films/Divulgação)

Era de se esperar que a cinebiografia de Freddie Mercury e consequentemente do Queen fosse tão explosiva quanto a vida pessoal do primeiro ou revolucionária quanto a música produzida pela banda. No entanto, a única coisa explosiva de “Bohemian Rhapsody”, que estreia quinta no Estado, é o histórico de sua produção, que teve início em 2010.

Inicialmente escalado para o papel do protagonista, Sacha Baron Cohen deixou a produção alegando as famosas “divergências criativas” – mais tarde ele revelou que queria interpretar um Freddie polêmico, intenso e sem limites, mas a ideia dos integrantes da banda era outra. Sacha foi “substituído” por Ben Whisaw, pelo menos pareceu que seria assim. O anúncio foi feito por Brian May, guitarrista do Queen e produtor do longa, mas o ator, segundo ele próprio, nunca nem assinou contrato, que acabou entregue a Rami Malek (“Mr. Robot”) em novembro de 2016.

Não bastassem os problemas com o protagonista, o filme também enfrentou a saída do diretor Bryan Singer após acusações de assédio virem à tona. A solução foi chamar Dexter Fletcher para terminar o filme – mas a assinatura da produção ainda é unicamente de Singer. Enfim, uma zona. Mas vamos ao que importa.

E O FILME?

“Bohemian Rhapsody” não é ruim, só um filme de música genérico, quase como um “Greatest Hits”, aquelas coletâneas de músicas que todo mundo já conhece e gosta de cantar. O filme tem início durante o Live Aid, em 1985, num Wembley lotado, mas logo retorna aos anos 1970, quando o jovem Farrokh Bulsara (o nome real de Freddie) vagava pelos subúrbios londrinos. Daí ao Queen é um pulo: ele assiste a um show da banda, vai elogiar os caras e é informado que o vocalista está de saída. Pronto. Shows, empresários, estádios lotados e brigas.

Recheado de clichês de filmes de rock (alguns diálogos são sofríveis), “Bohemian Rhapsody” tem momentos que fazem lembrar séries como “High School Musical” ou “Glee” – preste atenção na sequência em que “We Will Rock You” é criada.

ESCOLHAS

Como dito, o filme não é ruim, apenas genérico. Muito disso se deve à assinatura de dois dos integrantes ainda vivos da banda como produtores, pois tudo o que é visto em tela passou pelo crivo deles. Assim, ficam de fora as polêmicas sobre a sexualidade de Freddie, o abuso de drogas, as festas descontroladas.

Queen no filme "Bohemian Rhapsody". (Fox Films/Divulgação)

O que sobra é o relacionamento dele com Mary Austin (Lucy Bonton), com quem iniciou um noivado antes de se assumir, e breves recortes do que se tornou sua vida sexual depois disso – festas, boates etc.. O romance dele com Jim Hutton, que durou até o fim da vida do cantor, é pouco explorado pelo roteiro.

Fora as cenas de palco, que é quando o filme encanta, existem outros bons momentos principalmente na dinâmica da relação entre o macho-alfa Brian May (Gwilym Lee) e Freddie Mercury e sua crescente afetação. Tudo isso pontuado pela excelente atuação de Rami Malek, que se esforça ao máximo e entrega um Mercury carismático e “poderoso”, uma força da natureza.

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Como acontece com a maioria das cinebiografias, “Bohemian Rhapsody” é refém da fama de seu biografado. O filme não se preocupa em desconstruir e figura central ou em fazer um estudo do personagem, ao invés disso prefere só recontar a história à sua maneira, com diversas liberdades criativas, e aposta na força do ícone pop. Queen é incrível e a gente sabe disso, mas Freddie Mercury foi muito mais do que apenas música.

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