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Crítica: 'Midsommar' faz terror com ruína psicológica

Crítica: "Midsommar" faz terror com ruína psicológica

Filme do diretor de "Hereditário" leva jovens americanos a uma ensolarada e estranha aldeia sueca

Publicado em 20 de setembro de 2019 às 00:05

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O que torna um filme assustador para você? O que te gera medo? São sustos com fantasmas no espelho e monstros assustadores ou a criação de tensão, a identificação da dor e das angústias dos personagens com o público? Resumindo com exemplos recentes: é “Annabelle” (2014) ou “A Bruxa” (2015)?

Midsommar - O Mal Não Espera a Noite. (Imagem Filmes/Divulgação)

Existe também vida entre as duas linhas – os dois capítulos de “It” (2017 e 2019) e a série “Maldição da Residência Hill” são exemplos – e existe Ari Aster.

O cineasta americano de 33 anos pegou todo mundo de surpresa com o excelente “Hereditário”, lançado no ano passado. O filme, que entrou no burburinho do Oscar deste ano, era um drama familiar que se transformava em algo mais – caso ainda não tenha assistido, o filme está disponível no Amazon Prime Vídeo.

MIDSOMMAR

Pouco mais de um ano depois, Aster está de volta em “Midsommar – O Mal Não Espera a Noite”, filme no qual novamente abusa da identificação e da tensão para, a seu modo, fazer terror.

“Midsommar” conta a história de Dani (Florence Pugh), uma jovem cujo relacionamento com o namorado está claramente chegando ao fim, mas ganha uma sobrevida após uma tragédia. É quando Cristian (Jack Reynor), o tal namorado, acaba convidando Dani para uma viagem programada ao lado de amigos; eles iriam para Harga, um vilarejo praticamente medieval no interior da Suécia, e lá realizariam estudos antropológicos sobre os festejos de verão da comunidade (e tentariam conquistar algumas suecas no caminho). Quando as festividades têm início, porém, as coisas ficam meio... estranhas.

O MEDO

Enquanto “Hereditário” era um drama familiar, “Midsommar” é um mergulho ao psicológico de sua protagonista. Aos poucos, os rituais e os costumes dos habitantes do vilarejo vão mexendo com a cabeça de Dani, que ainda tenta lidar com as perdas – a iminente e as que já aconteceram.

O roteiro, também de autoria de Aster, é rico em detalhes e abusa da mitologia. A tensão não é criada com sustos fáceis, mas o filme encontra o terror “normal” com cenas de causam repulsa ao espectador. Essa agonia, no entanto, prepara na construção de um cenário maior, para que o espectador possa entender aquela comunidade e, assim, temê-la.

Midsommar - O mal não espera a noite. (Imagem Filmes/Divulgação)

O filme tem estrutura similar à do trabalho anterior do diretor, tanto nas qualidades quanto em seus defeitos. Há, de início, o choque que leva Dani à Suécia (como a decapitação em “Hereditário”); da mesma forma, em seu terceiro ato, o filme se transforma e abraça alguns clichês desnecessários, tornando explícito algo que era melhor deixar na subjetividade, uma escolha provavelmente para agradar o grande público.

“Midsommar” prende desde seus primeiros acontecimentos porque deixa claro: ninguém está seguro. Talvez Ari Aster não faça o terror com que o público está acostumado, mas com certeza abre novos horizontes para o cinema pop do gênero.

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NOTA: 8,5

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