Publicado em 21 de outubro de 2020 às 06:01
Bruxas, floresta encantada, rituais pagãos e vida após a morte. O drama com suspense Desalma, que entra nesta quinta-feira, 22 de outubro, na Globoplay, marca a estreia da escritora Ana Paula Maia, romancista vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura, em produções audiovisuais.
A série, dirigida por Carlos Manga Jr., antes mesmo de ir ao ar já fora renovada para a segunda temporada e, a julgar pelo tom dos aplausos que recebeu no Festival Internacional de Cinema de Berlim, promete cativar a audiência. Por isso, confira a seleção de sete fatos sobre a série que irão despertar ainda mais expectativa pelo lançamento.
Enredo cheio de mistério e suspense
Desalma pretende contar, em 10 episódios, a história de uma cidade que parou 30 anos no tempo após o desaparecimento de uma jovem durante uma celebração local. Ambientada na fictícia e misteriosa cidade de Brígida, comunidade de forte cultura ucraniana no interior sul do Brasil, a história se desenrola a partir da festa típica Ivana Kupala. A trama é desenvolvida em meio a eventos sobrenaturais que assombram os integrantes das famílias envolvidas na tragédia do passado.
Elenco reúne atrizes consagradas e novos talentos
O cerne da narrativa se dá em torno das personagens de Cassia Kis (Haia Lachovicz), Claudia Abreu (Ignes Skavronski Burko) e Maria Ribeiro (Giovana). A história tem uma relação forte com a maternidade. São basicamente as mães das famílias diretamente envolvidas na tragédia e nos mistérios. As mulheres têm um protagonismo muito grande em Desalma, conta Ana Paula Maia. A autora afirma que, apesar da força dos nomes, não existe um protagonista na trama, mas uma linha de frente. Anna Mello (Halyna Lachovicz), Valentina Ghiorzi (Ignes jovem) e João Pedro Azevedo (Anatoli Skavronski Burko) compõem um time de talentos com rostos ainda desconhecidos ao grande público, uma estratégia da direção para causar estranhamento ao espectador.
Trilha sonora original conta com o mesmo sonoplasta da premiada série Dark
A sonoplastia original de Desalma contou com consultoria de Alexander Wurz, que assinou a aclamada Dark, da Netflix. O sound-designer alemão é especialista no gênero do suspense sobrenatural e foi convidado para destacar momentos-chave na trama, lançando mão de elementos fundamentais para construir toda a atmosfera sobrenatural de Brígida. Para cativar o público, a direção aposta em uma integração entre os efeitos tradicionais no gênero do suspense, folk, música eletrônica e pop. Eu diria que 80% a 85% das músicas foram compostas para a obra e respeitaram o conceito de limpeza, estranheza e rigor que usamos na série", disse Carlos Manga Jr, diretor.
Trama foge do padrão envolvendo a herança da cultura ucraniana no Brasil
A cultura das comunidades ucranianas da região sul do Brasil está presente na trilha sonora, em canções folclóricas, e na tela, em detalhes cenográficos. A autora da trama conta que se inspirou na cidade de Prudentópolis, no interior do Paraná, para construir a história cheia de misticismo. A maior comunidade ucraniana fora da Ucrânia é no Brasil. Eles mantêm vivas as festas, as tradições, e quase ninguém sabe nada sobre isso. Além disso, o leste europeu é extremamente místico. Peguei essa atmosfera muito rica culturalmente para uma história com elementos sobrenaturais., conta. O diretor artístico Rafael Targat acrescenta que temos muitos elementos e detalhes da cultura ucraniana que aparecem na série, desde a bandeira do país até o bordado de toalhas de mesa, além das pêssankas, pinturas ucranianas, poemas, etc., mas a gente cuidou para não criar muitos adjetivos e inserir elementos demais. A história já conta o necessário, sem precisar incluir muita informação na cena. A gente entra com o que é extremamente necessário.
Show hiper sensorial é promessa da direção artística
Com grande influência das paisagens da Serra Gaúcha nas cenas, os tons frios predominam Desalma. Florestas, penhascos, lagos e ruínas ajudam a intensificar o ar sinistro, mas o diretor não parou por aí. Criamos atmosferas que levam a imaginação a trabalhar. Você não vê as coisas, tem a sensação. Gosto de chamar de direção sugerida: uma porta fechada que quando aparece de volta está aberta, a câmera que levemente vai se aproximando de um ambiente em que nada acontece., afirmou Manga Jr.
A série foi uma das poucas produções nacionais exibidas no Festival Internacional de Cinema de Berlim
A produção irá ao ar já com boa fama: fora aplaudido no Berlinale Sales Maket, expoente da indústria audiovisual mundial. O Festival de Berlim é um dos eventos mais sofisticados do mercado audiovisual, e fazer parte dele supera qualquer expectativa. Tem tradição e ao mesmo tempo é contemporâneo. O critério para entrar é alto e cheio de fundamentos e, a cada edição, esse olhar se mantém, seja na dramaturgia, nas novas linguagens ou na consistência da produção., contou o diretor de Desalma, que fora indicado ao Emmy Internacional, em 2019, com a obra Se Eu Fechar os Olhos Agora.
O lançamento da segunda temporada já tem previsão: 2022
Antes mesmo de estrear, o drama já tem a sua segunda temporada confirmada. A escritora e o diretor comemoraram a aposta e anunciaram ainda mais imersão na segunda fase. A sequência da série vai mais fundo nos mistérios e no sobrenatural. Começamos a entender os entrelaçamentos da história e de como Brígida e seus moradores estão ligados uns aos outros. A tensão e o suspense se intensificam, define a autora Ana Paula Maia. Na próxima temporada de Desalma, a atmosfera que conhecemos na primeira se intensifica, novos personagens se juntam aos que conhecemos e descobrimos lugares novos, onde mistérios se acentuam e onde ainda não há solução. Eu diria que temos o efeito côncavo, a necessidade de adentrar nesse labirinto sem saber ao certo aonde vamos parar, descreve o diretor artístico Carlos Manga Jr.
*Taisa Pereira é aluna do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação do editor Erik Oakes.
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