Bruxas, floresta encantada, rituais pagãos e vida após a morte. O drama com suspense Desalma, que entra nesta quinta-feira, 22 de outubro, na Globoplay, marca a estreia da escritora Ana Paula Maia, romancista vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura, em produções audiovisuais.
A série, dirigida por Carlos Manga Jr., antes mesmo de ir ao ar já fora renovada para a segunda temporada e, a julgar pelo tom dos aplausos que recebeu no Festival Internacional de Cinema de Berlim, promete cativar a audiência. Por isso, confira a seleção de sete fatos sobre a série que irão despertar ainda mais expectativa pelo lançamento.
Desalma pretende contar, em 10 episódios, a história de uma cidade que parou 30 anos no tempo após o desaparecimento de uma jovem durante uma celebração local. Ambientada na fictícia e misteriosa cidade de Brígida, comunidade de forte cultura ucraniana no interior sul do Brasil, a história se desenrola a partir da festa típica Ivana Kupala. A trama é desenvolvida em meio a eventos sobrenaturais que assombram os integrantes das famílias envolvidas na tragédia do passado.
O cerne da narrativa se dá em torno das personagens de Cassia Kis (Haia Lachovicz), Claudia Abreu (Ignes Skavronski Burko) e Maria Ribeiro (Giovana). A história tem uma relação forte com a maternidade. São basicamente as mães das famílias diretamente envolvidas na tragédia e nos mistérios. As mulheres têm um protagonismo muito grande em Desalma, conta Ana Paula Maia. A autora afirma que, apesar da força dos nomes, não existe um protagonista na trama, mas uma linha de frente. Anna Mello (Halyna Lachovicz), Valentina Ghiorzi (Ignes jovem) e João Pedro Azevedo (Anatoli Skavronski Burko) compõem um time de talentos com rostos ainda desconhecidos ao grande público, uma estratégia da direção para causar estranhamento ao espectador.
A sonoplastia original de Desalma contou com consultoria de Alexander Wurz, que assinou a aclamada Dark, da Netflix. O sound-designer alemão é especialista no gênero do suspense sobrenatural e foi convidado para destacar momentos-chave na trama, lançando mão de elementos fundamentais para construir toda a atmosfera sobrenatural de Brígida. Para cativar o público, a direção aposta em uma integração entre os efeitos tradicionais no gênero do suspense, folk, música eletrônica e pop. Eu diria que 80% a 85% das músicas foram compostas para a obra e respeitaram o conceito de limpeza, estranheza e rigor que usamos na série", disse Carlos Manga Jr, diretor.
A cultura das comunidades ucranianas da região sul do Brasil está presente na trilha sonora, em canções folclóricas, e na tela, em detalhes cenográficos. A autora da trama conta que se inspirou na cidade de Prudentópolis, no interior do Paraná, para construir a história cheia de misticismo. A maior comunidade ucraniana fora da Ucrânia é no Brasil. Eles mantêm vivas as festas, as tradições, e quase ninguém sabe nada sobre isso. Além disso, o leste europeu é extremamente místico. Peguei essa atmosfera muito rica culturalmente para uma história com elementos sobrenaturais., conta. O diretor artístico Rafael Targat acrescenta que temos muitos elementos e detalhes da cultura ucraniana que aparecem na série, desde a bandeira do país até o bordado de toalhas de mesa, além das pêssankas, pinturas ucranianas, poemas, etc., mas a gente cuidou para não criar muitos adjetivos e inserir elementos demais. A história já conta o necessário, sem precisar incluir muita informação na cena. A gente entra com o que é extremamente necessário.
Com grande influência das paisagens da Serra Gaúcha nas cenas, os tons frios predominam Desalma. Florestas, penhascos, lagos e ruínas ajudam a intensificar o ar sinistro, mas o diretor não parou por aí. Criamos atmosferas que levam a imaginação a trabalhar. Você não vê as coisas, tem a sensação. Gosto de chamar de direção sugerida: uma porta fechada que quando aparece de volta está aberta, a câmera que levemente vai se aproximando de um ambiente em que nada acontece., afirmou Manga Jr.
A produção irá ao ar já com boa fama: fora aplaudido no Berlinale Sales Maket, expoente da indústria audiovisual mundial. O Festival de Berlim é um dos eventos mais sofisticados do mercado audiovisual, e fazer parte dele supera qualquer expectativa. Tem tradição e ao mesmo tempo é contemporâneo. O critério para entrar é alto e cheio de fundamentos e, a cada edição, esse olhar se mantém, seja na dramaturgia, nas novas linguagens ou na consistência da produção., contou o diretor de Desalma, que fora indicado ao Emmy Internacional, em 2019, com a obra Se Eu Fechar os Olhos Agora.
Antes mesmo de estrear, o drama já tem a sua segunda temporada confirmada. A escritora e o diretor comemoraram a aposta e anunciaram ainda mais imersão na segunda fase. A sequência da série vai mais fundo nos mistérios e no sobrenatural. Começamos a entender os entrelaçamentos da história e de como Brígida e seus moradores estão ligados uns aos outros. A tensão e o suspense se intensificam, define a autora Ana Paula Maia. Na próxima temporada de Desalma, a atmosfera que conhecemos na primeira se intensifica, novos personagens se juntam aos que conhecemos e descobrimos lugares novos, onde mistérios se acentuam e onde ainda não há solução. Eu diria que temos o efeito côncavo, a necessidade de adentrar nesse labirinto sem saber ao certo aonde vamos parar, descreve o diretor artístico Carlos Manga Jr.
*Taisa Pereira é aluna do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação do editor Erik Oakes.
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