Celebrado no penúltimo dia de janeiro, o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos foi instituído em homenagem à primeira história em quadrinhos que foi publicada no país, “As aventuras de Nhô Quim” ou "Impressões de uma viagem à corte", de autoria do italiano radicado Ângelo Agostini, radicado no Brasil. A HQ, como também são chamados os quadrinhos, é de 1869. Para os amantes da 9ª arte, a reportagem do Divirta-se, de A Gazeta, ouviu especialista no assunto para listar sugestões de bons nomes nacionais das histórias em quadrinhos brasileiras.
Este tipo de produção de desenho em narrativa, podendo ou não conter palavras, faz parte do universo pop e é amplamente conhecida por nomes como Maurício de Souza, com a aclamada Turma da Mônica, Quino, com a publicação de Mafalda, dentre inúmeros outros.
Mas, para os que conhecem esse gênero literário apenas pelos famosos gibis ou pelas HQs de super-heróis, é importante destacar que as histórias em quadrinhos não se limitam a isso. No Brasil, já existem diversas editoras que apresentam selos especializados em quadrinhos, aonde histórias clássicas são transformadas em romances gráficos, como “O Alienista”, “O Velho e o Mar”.
Além disso, através desses selos ou de editoras exclusivas de quadrinhos, também são publicadas produções modernas, que trazem temas de relevância social – como “Refugiados - A última Fronteira”, de Kate Evans; ou a questão da Síndrome de Asperger, abordada no título “A diferença Invisível”.
“Cada vez mais você vê quadrinhos políticos, quadrinhos que fazem críticas sociais, que colocam nas páginas da HQ não só a pandemia da Covid-19, mas temas como prostituição, aborto, direitos da população LGBTQI. Então, acho que a potência que os quadrinhos têm é isso, é dar voz a minoria, é mostrar os problemas sociais”, reflete o estudante de Comunicação Social e consumidor assíduo de quadrinhos Vitor Guerra.
Pensando em mostrar mais sobre o universo dos quadrinhos, o Divirta-se, de A Gazeta, convidou o quadrinista capixaba Arabson Assis para dar dicas de brasileiros produtores desta arte para ficar de olho. O quadrinista e cartunista é dono da HQ “A Terrível Elizabeth Dumn Contra os Diabos de Terno”, que concorreu ao prêmio Will Eisner Comic Industry Award 2019.
Arabson hoje está desenvolvendo outros projetos nos quadrinhos. Ele conta que, ao lado do quadrinista americano James Robinson, está produzindo, gradualmente, uma HQ de ficção científica. O capixaba detalha que para produzir seus trabalhos suas inspirações tendem a surgir da música: "Me leva a escrever, mais do que literatura ou cinema, uma frase de uma música pode me levar a escrever uma história inteira".
Sobre a realidade brasileira do mundo dos quadrinhos, ele diz que hoje em dia tem muitas pessoas vivendo de quadrinhos por aqui. "É um mercado que está aí, com pessoas muito apaixonadas fazendo ele perdurar", comenta.
Sem mais delongas, uma das sugestões de Arabson para os leitores ficarem de olho é um autor de quadrinhos que leva a sua visão crítica para suas publicações, Daniel Esteves. “Escritor de uma dezena de títulos. Cada obra recheada com seu olhar para o mundo. Com suas posições políticas/ideológicas, e que nunca esquece que tão importante quanto o que se conta, é como se conta uma história”, comenta sobre o dono de títulos como “A Herença Africana no Brasil”, produzido com Wagner de Souza, Wanderson de Souza; e “Pelota”.
Arabson também indica os trabalhos de Jean Diaz, ilustrador de quadrinhos que assinou os desenhos da HQ francesa “Prométhée T20: La Citadelle“. Diaz é morador de do ES e amigo de Assis, que comenta: “Foi realmente incrível acompanhar a evolução de Jean até o profissional que é hoje, encarando páginas impossíveis sem suar frio, com um desenho seguro e detalhista”.
Assim como Diaz, quem se dedica a parte dos desenhos é Wellington Calandrini Fiuza. “Talento e carisma. Fico por horas olhando suas figuras. Como cada uma recebe identidade própria em um traço lindo”, comenta Arabson sobre o seu trabalho como ilustrador.
Ibraim Roberson é outro desenhista de quadrinhos indicado. Tendo feito o design de personagens de obras como "Generation Hope", para a Marvel Comics e "Frankenstein and the Creatures of Unknown", para a DC Comics, de acordo Arabson, o artista tem domínio anatômico e narrativo.
Já Roger Cruz tem a admiração de Assis pela produção da série em quadrinhos “ Xampu”. “É um recorte da juventude headbanger camisa preta dos anos 80, ao mesmo tempo, cru e afetuoso. Parece que estamos lá, de perto, acompanhado cada angústia dos personagens”, detalhe o quadrinista capixaba.
Por fim, Assis dá destaque à produção do paulistano Danilo Beiruth, dono de tírulos como “Bando de Dois” e “Love Kills”. Chama a atenção de Arabson “Necronauta”, obra definida por ele como um Instigante e enigmático guia na pós-vida. Na trama, a missão do protagonista é levar as almas dos mortos ao além, em especial os que em vida deixaram assunto sem ponto final.
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