Não é difícil navegar pela web e, de repente, se deparar com um meme "Saudade de uma aglomeração, né, minha filha?". Brincadeira à parte, já dá para sentir falta mesmo das festas, já que o setor de eventos foi um dos primeiros impactados pela pandemia do novo coronavírus.
No Brasil, centenas de festas já foram adiadas e canceladas e o cenário não é muito promissor. Com a cena eletrônica, que sobrevive de festivais e eventos, não é diferente. "Alguns grandes nomes estão deixando de ser grandes, simplesmente porque ninguém está vendo mais trabalho deles. Acho que tudo só vai voltar mesmo quando tiver vacina, porque as pessoas vão ter um medo psicológico de pegar a Covid-19", opina o DJ Bhaskar, em entrevista ao Divirta-se.
O artista, assim como outros colegas, encontrou nas lives uma forma de se manter conectado com os fãs, mas também enxerga novas oportunidades de negócio neste momento de isolamento. "Eu e minha equipe estamos nos reinventando. Estão surgindo oportunidades de trabalhar com marcas para expor produtos, seja durante uma live mesmo ou na web. Saímos da zona de conforto para entrar nesse novo mundo, onde acredito que, a longo prazo, pode realmente fazer a diferença no orçamento", completa.
Bhaskar está seguindo um pouco do que anda fazendo o irmão, o também DJ Alok. Este segundo levou os fãs à loucura com um verdadeiro espetáculo de cores, sons e visual em uma live feita no início do mês em seu próprio apartamento, em São Paulo. "As lives se tornaram o novo ao vivo, novo show. As pessoas estão se conectando como se fosse mesmo um show e está ajudando bastante. Mas acho que em breve as lives precisarão ter algo a mais, elas por elas já não vão ser o bastante", opina Bhaskar.
Disso o empresário Fauze Abdouch, sócio do Laroc Club, em São Paulo, entende bem. No início da quarentena, ele decidiu promover uma série de lives com artistas parceiros com a proposta de levar a boate até a casa dos próprios frequentadores. "Depois de uma série de 10 lives, decidimos interromper temporariamente. Estamos analisando as nossas energias para um projeto social que ajuda prestadores de serviços do nosso ramo, afinal todos estão sem trabalho", justifica.
Por outro lado, o DJ e produtor Raul Mendes, o Pirate Snake, pondera que as lives não proporcionam ao público o que geralmente os frequentadores das festas mais buscam. "Em um evento, a pessoa vai para encontrar amigos, beber, dançar e azarar. Ao contrário de uma banda fazendo um acústico, as pessoas sentadas em suas salas, tomando um vinho, por exemplo", diz.
No entanto, Fauze acredita na recuperação: "Assim que o setor voltar a atuar, creio que teremos uma grande euforia por parte do público nos primeiros meses e estamos muito confiantes com isso".
A estratégia que adotou Pirate Snake foi a de lançar músicas "mais bonitinhas", como ele mesmo brinca, ao se referir a um som mais pop. "São músicas menos pista de dança e mais voltadas ao streaming, músicas mais cantadas. As pessoas podem ouvir em qualquer momento, qualquer lugar", afirma.
Ele foi um dos artistas que decidiu não interromper a agenda de lançamentos que estava prevista desde antes da pandemia, mas teme que a repercussão das canções não seja a mesma. "O resultado pode não ser tão legal, pois quando voltarem as atividades a música pode ter perdido o 'timing'. Mas está tudo muito aquém do que poderia estar sem essa pandemia", reflete.
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