"Drê, Dré ou Dri?" foi a primeira pergunta da reportagem ao Dre Guazzelli sobre como é a pronúncia correta de seu nome artístico (que na verdade é uma abreviação de André). "Cada um que me conhece fala de um jeito. e todas as formas são válidas. A galera vai mixando (risos)" foi a resposta. Fato é que essa pluralidade da linguística reflete bem a personalidade multifacetada do DJ.
No último dia 18, quando celebrou seus 35 anos de idade, o músico se deu de presente não só o lançamento de sua versão de "Sonhos", canção de Peninha que fez sucesso na voz de Caetano Veloso, como inaugurou gravadora própria, em São Paulo: a Never Stop Dreaming Records.
"Acho que a gente fica muito preso só no que vai dar certo e esquece de arriscar. Se arriscar um pouco é uma chance de nos sentirmos vivos, termos mais coragem, autonomia", diz, em entrevista ao Divirta-se.
Mas Dre também divide a agenda entre o estúdio e a sala de reunião. Além de ser o artista da pick-up no show, ele é quem gerencia a própria carreira, planeja as ações de divulgação, as sociais e empreende na música - o DJ também é dono de um selo de eventos. Habilidades que, segundo ele mesmo, foram exercitadas em 17 anos de carreira. "Começamos a fazer festa para 300 pessoas no quintal de amigos. A última festa, antes da pandemia, tinha mais de 4 mil pessoas, algo que eu jamais vislumbraria em 2006", pondera.
Projetos não faltam e não param de ser colocados em prática. Dre está com série de textos musicalizados para sair no YouTube e transmissão de 70 minutos de músicas próprias a ser feita no dia 3 de outubro, na mesma plataforma.
No momento de retomada para 2021, o positivista ainda vê mais oportunidade e pretende se firmar no mercado nacional da música eletrônica. Atualmente, ele confidencia que a maior parte dos trabalhos se concentra em São Paulo, mas que atingir outras metrópoles do Brasil faz parte das metas a partir do próximo ano. "Percebi que, em alguns momentos, toquei mais fora do Brasil do que fora de São Paulo. Em São Paulo, já tenho um mercado, quero explorar outros espaços", adianta.
Durante o bate-papo, Dre também opinou sobre o cenário da arte eletrônica no País, como criou a fórmula de trabalho que o faz ser reconhecido atualmente e experiência de lançamentos em meio à quarentena pela Covid-19.
O retorno da produção está sendo maravilhoso. A vontade de fazer essa música era como realizar um sonho, vem de algo de antes da pandemia. Pela primeira vez em 17 anos, eu não poderia ter festa no meu aniversário. Produzo festa, faço festa o ano todo e não ia poder fazer nada desta vez. Logo pensei: 'Vou realizar um sonho'.
Também. Pensei em criar uma gravadora para ter autonomia para criar minhas músicas. Assim, no sonho viria a comemoração do meu aniversário, de ter essa gravadora e lançar uma música que tivesse coerência. Já faço réveillon em Caraíva (BA) há uns cinco anos. Lá, eles têm uma releitura dessa música, feita pela banda Caraivanos. Eles entraram em parceria na produção, conversamos com o Peninha, que ficou superanimado... E consegui comemorar meu aniversário com essa música que é um clássico.
Foi a união completa. Quero também atrair novos artistas para cada música virar uma história. Cada música ter uma ajuda social... É uma união de amizades o que eu fiz com "Sonhos". E espero poder fazer com todas as músicas.
Tenho uma empresa que faz festa e outra de DJ. Desde sempre faço criação de marca, projetos e ações para incubar novos artistas. E a gravadora veio como mais uma atividade que eu consiga cuidar como uma plantaçãozinha. O objetivo é poder ensinar novos artistas e transformar o lançamento da música em algo mais humanizado. Isso, para o tempo que vivemos, vai ser mais importante que o número de streams. Uma música humanizada é mais importante do que plays e streams, dois números.
Acho que a gente fica muito preso no que vai dar certo e esquece de arriscar. Se arriscar um pouco é uma chance de nos sentirmos vivos, termos mais coragem, autonomia. Tento ser um exemplo vivo disso. Desde praticar esporte, meditação, ser o DJ que fica até de madrugada na festa e faz ioga, tem alimentação saudável... E acho que as pessoas se importam e se motivam. É uma forma de instigar, porque senão a gente fica sempre querendo trabalhar para os outros e não para nós mesmos.
Para tomar um 'sim' eu já tomei muito 'não'. Tem gente que pensa que é um pouco de sorte, mas venho trabalhando há 17 anos para isso. Fiz cursos que nem estavam totalmente ligados ao meu real sonho, mas que eu sabia que seriam braços paralelos que me ajudariam a criar uma ação maior. Fiz Desenho Industrial na faculdade, não tem músico na minha família... E nem por isso deixei de seguir meu coração. E é uma possibilidade bem boa de vida. Tenho meus horários, equipe, todos somos felizes. Mas eu acho que isso é aprimorado por dia, semana, mês, ano... A gente tem que ter coragem a habilidade de colocar a cara sem ter a certeza de que vai dar certo.
Muitas. Tudo tem o lado bom e o ruim. Noite e dia, Sol e Lua... Acho que é olhar mais para dentro, aprender que podemos nos reinventar, que vivemos com menos, que temos que ter um tempo para nos escutarmos. E momentos mais vazios são momentos até de aprendizado.
Estou fazendo um projeto que mescla música a texto, vou musicalizar esses textos e lançar no meu canal do YouTube até o fim do ano. São temas que a gente falou aqui, de 3 a 5 minutos em vídeo, e serão divididos por temporadas. No dia 3 de outubro, vou lançar um conteúdo de música própria, são 70 minutos que fiz uma superprodução em um prédio do São Paulo. São remixes de músicas que gostava sem ser eletrônica.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta