Esqueçam arenas lotadas, grandes produções e cachês milionários. Por conta da pandemia da Covid-19, que paralisou as atividades culturais no Brasil desde o início de março, a indústria do entretenimento está procurando novas saídas para conseguir sobreviver.
Sucesso na Europa, produtores e empresário brasileiros estão apostando em shows, peças de teatro, palestras e até em apresentações circenses no formato drive-in. O cantor Léo Chaves foi um dos primeiros artistas do país a se apresentar em um palco externo, em Florianópolis (SC), no dia 20 de junho, para uma plateia de 250 carros. Veja vídeo abaixo.
A alegria dos catarinenses, porém, durou por pouco tempo. Após algumas apresentações no novo formato, marcadas por críticas por parte de médicos e santanistas, o governo estadual, por meio de Centro de Operações de Emergência em Saúde, resolveu cancelar qualquer evento até 5 de julho.
Em alguns estados da federação, essas apresentações estão permitidas, pelo menos por enquanto. Em São Paulo, por exemplo, Ivo Meirelles cantou em um estacionamento lotado no mês passado.
O Allianz Parque é considerado o exemplo de sucesso a ser seguido por aristas, produtores e empresários. O espaço já recebeu exibições de clássicos do cinema, como "E.T - O Extraterrestre" (1982), e shows de nomes como Jota Quest (que contou com buzinas no lugar de aplausos, e com ingressos que chegaram a custar R$ 550). Nas próximas semanas, estão agendadas para a Arena do Palmeiras espetáculos da Turma do Pagode, Marcelo D2, Anavitória e Nando Reis, entre outros.
No Rio de Janeiro, os encontros devem acontecer no bairro da Barra da Tijuca (zona oeste da capital carioca). Estão agendados, shows de Roupa Nova e Belo, para os dias 10 e 11 de julho, respectivamente. Por sua vez, Porto Alegre (RS) deve contar com as apresentações de Maurício Manieri e Duca Leindecker neste fim de semana.
No Espírito Santo, alguns empresários já pensam na iniciativa. Porém, o governador Renato Casagrande permitiu o sistema drive-in apenas para a exibição de filmes. Qualquer outra apresentação que conte com pessoas em um palco, como shows e peças teatrais, por exemplo, continua proibida e sem data prevista para a liberação.
O Brasil hoje conta com cerca de 15 salas funcionando ao ar livre, de acordo com dados da Secretaria de Cultura do Governo Federal. Uma delas fica em Vitória, com o recém-inaugurado cine drive-in de Jardim Camburi. Serra e Vila Velha devem receber em breve um estabelecimento do gênero. Além disso, o estacionamento do Shopping Vitória e a Área Verde do Clube Álvares Cabral têm estreias previstas para as próximas semanas.
Em conversa com o "Divirta-se", a produtora cultural Simone Marçal, da MM Projetos, responsável por mostras como o Formemus, que acontece em agosto, em formato virtual, vê com ressalva a iniciativa dos drive-ins usados para eventos culturais ao vivo.
"É preciso ter uma infraestrutura gigantesca para oferecer um show de qualidade. Em um estacionamento, por exemplo, apenas os carros das primeiras fileiras vão conseguir enxergar bem o palco e curtir a apresentação. É necessário um investimento muito alto para adquirir uma tela em alta definição. Só desta forma, os automóveis que estão mais afastados poderão acompanhar", acredita, dizendo que um fator social pode pesar contra esses novos projetos.
"Nem todas as pessoas possuem carro. Portanto, alguns espetáculos acabam se tornando excludentes. No caso da nossa produtora, fazemos eventos gratuitos, o que fica ainda mais inviável. Focamos na democratização do acesso e da diversidade", defende Simone, dizendo que toda uma cadeia produtiva precisa se adequar à nova realidade.
"Além de pensar na importância de seguir medidas sanitárias, para evitar novas infecções, é preciso uma grande adequação do mercado. Os artistas e técnicos precisam reduzir os cachês, por exemplo. No Espírito Santo, não vejo um mercado favorável a um show como o do Jota Quest, com ingressos que chegaram a custar R$ 550", opina.
Paulo Henrique Prucoli, um dos administradores do drive-in de Vitória, também vê o avanço do setor com parcimônia. "Precisamos esperar a liberação do governo do Estado para pensarmos em um novo projeto. Além disso, tem a questão da proibição de vendas de bebidas alcoólicas, o que é sempre difícil controlar em eventos como shows", acredita.
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