O Divirta-se inicia uma série de matérias com os candidatos a prefeito que disputam o segundo turno nas Eleições 2020 da Grande Vitória. Por aqui, o assunto é a Cultura em cada cidade e quem abre a roda de propostas são os concorrentes à Prefeitura de Vitória.
João Coser (PT) e Lorenzo Pazolini (Republicanos) prometem a volta de grandes eventos e feiras ligadas à cultura, além de apoio a artistas, se forem eleitos em Vitória. Apesar de representarem partidos com bandeiras praticamente opostas, os dois candidatos da Capital do Espírito Santo também defendem que a tônica de seus mandatos vai ser valorizar a diversidade caso vençam nas urnas no próximo dia 29 de novembro.
Em seu plano de governo, o petista fala em retomar atividades culturais, o que, segundo João, Vitória foi perdendo ao longo dos anos. Em seu discurso à reportagem, Coser mantém o clima saudosista de quando foi prefeito da cidade, entre 1995 e 2003, por dois mandatos consecutivos: "No meu período, consegui fazer coisas que acho que foram bem interessantes. Fizemos o Mucane (Museu Capixaba do Negro), reformamos as paneleiras (galpão em Goiabeiras), havia o Circuito Cultural, que queremos retomar... Chegamos a sediar eventos nacionais com o pianista João Carlos Martins, Roberto Carlos, Zeca Pagodinho".
A volta do circuito, inclusive, é uma das primeiras ações que o ex-prefeito deve fazer, caso assuma o Executivo novamente. "Nada em 2021 será de curto prazo por conta da crise da pandemia, mas tenho como meta recuperar toda a cultura ao longo do mandato. Alguns projetos que vão ser mais rápidos, como o Circuito Cultural. O evento, que reúne diversos setores artísticos, chega a ser quase uma qualificação profissional cultural. Isso quero fazer logo nos primeiros meses de mandato", adianta, defendendo que o retorno de grandes eventos à Capital vai incentivar também o turismo na cidade.
A promessa de eventos está bastante em concordância com o que o adversário pensa sobre o futuro do município. Pazolini afirma que acredita no potencial de Vitória para atrair investidores e turistas, que podem ser incentivados a conhecer a cidade com grandes festivais e feiras. Além disso, as atrações serviriam para movimentar a sociedade e mercado capixabas.
Como anuncia pelo horário eleitoral na TV, o atual deputado estadual quer fazer do Teatro Carmélia e de outros locais próximos o que chama de Complexo VIX, dedicado às práticas culturais e esportivas. De pronto, o que Pazolini quer fazer é resgatar ações que fomentem e incentivem esses eventos para até o primeiro ano de mandato. Além das atividades culturais, ele quer integrar a ação artística a esportes para fazer a economia desses dois nichos girarem juntas.
Com popularidade maior tendendo para a direita, com postura mais conservadora, o candidato do Republicanos também tranquiliza sobre eventos que Vitória já sedia, como o Viradão Cultural. Perguntado especificamente sobre este acontecimento, Pazolini pondera que manterá o evento, sim. "Serei o prefeito de todos. Uma cidade é formada pela diversidade e todos devem ser igualmente respeitados", diz.
Na sequência, ele fala sobre a promoção de eventos por todos os bairros, um ponto parecido com o Circuito Cultural de Coser: "Entendemos que a cultura é uma importante fonte de renda e promove o pleno desenvolvimento humano. Queremos promover eventos culturais por todos os bairros e também nas escolas, priorizando apresentações de artistas locais. Nosso plano também prevê a construção de um centro cultural com a recuperação e a restauração do Teatro do Carmélia, que fará parte do Complexo VIX".
Coser, apesar de não citar a criação de novos espaços, pretende promover a melhoria de áreas de lazer já existentes e adequações em locais públicos que possam funcionar como espaços culturais para esse tipo de atividade. Sem especificar se o Viradão, por exemplo, serviria de espelho, ele bate de novo na tecla do Circuito Cultural, reforçando que o projeto abarca tanto os produtores menores quanto o consumidor da cultura de forma que faz desenvolver todas as frentes das artes.
Ambos os candidatos também repetem quase de forma genérica que vão buscar fomentar atividades artísticas em espaços culturais; que pretendem ocupar locais e edifícios públicos sem uso de Vitória para atividades (sem especificar quais); e que estarão sempre abertos ao diálogo com a classe que se dedica ao entretenimento.
Mas, voltando a falar de imbróglio, um dos maiores problemas que o candidato que ganhar terá logo de cara no ano que vem é a crise que a pandemia vai deixar de legado. Para a classe artística, inclusive, esse deficit já vem trazendo prejuízos desde abril de forma imediata, já que as atividades foram totalmente paralisadas por dependerem de público e, logo, aglomeração.
Nesse sentido, Coser promete: "Estamos pensando em uma forma de auxílio não só para artistas, mas para outras classes que também estão em uma situação muito complicada. Mesmo que a vacina chegue em março, por exemplo, a gente acha que a recuperação não vai ser rápida em nenhum cenário. Então a cidade precisa dar esse suporte ao artista, empresário pequeno... Mas isso deve ser formulado em janeiro".
Pazolini também diz que planeja algo para suprir essa lacuna financeira. Para isso, diz que pretende conversar com representantes da classe para alinhar projetos, metas e ações. "É importante lembrar que ainda estamos vivendo uma pandemia e isso ainda vai afetar muitas ações que se encontram com limitações em razão do problema da Covid", pontua.
No primeiro turno, Pazolini ficou com saldo de votos consideravelmente maior em comparação à quantidade que recebeu Coser. O deputado federal conquistou 53.014 votos, o equivalente a 30,95% dos votos válidos; e o ex-prefeito teve 37.373 votos, o que corresponde a 21,82% dos votos válidos.
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