Até o fim deste ano, Elisa Lucinda quer que 120 famílias de Itaúnas, extremo Norte do Espírito Santo, recebam livros como parte da cesta básica. A ação virtual, que por meio de financiamento coletivo busca arrecadar fundos que vão pagar pelo material, também contempla incentivo à criação de bibliotecas e trocas de obras literárias em comunidades pouco assistidas no Estado.
"A ideia é a gente fazer uma ação de formação de leitores. Isso seria parte da primeira Festa da Palavra, que era para ter acontecido no dia 6 de maio, mas, pela pandemia, teve que ser adiada para o ano que vem. Para não ficarmos sem fazer nada, pensamos nessas ações digitais para começar a trabalhar com o público", diz, em entrevista ao Divirta-se.
A artista capixaba, que se diz declaradamente apaixonada por Itaúnas, revela que cada cesta básica contará com um livro infantil e uma segunda obra para adultos. Elas serão distribuídas mensalmente, durante dois meses. No total, serão 420 livros ao longo de 60 dias. "Nós já estamos com o financiamento no ar e esperando completarmos o montante para executarmos o projeto", confidencia.
Para Elisa, a falta de acesso à leitura, por exemplo, cria um "jogo social" - como ela mesma chama - roubado. "Enquanto o menino de 16 anos teve que parar para trabalhar e ajudar a família, o outro da mesma idade está escolhendo se vai fazer intercâmbio na Austrália, Nova Iorque... (risos). É uma disparidade vergonhosa. E eu, como artista, acho que tenho o dever de retornar esse trabalho para a comunidade que, neste caso, é por esta ação", justifica.
Mas entregar os livros por meio das cestas é só um dos projetos que a capixaba quer desenvolver com comunidades do Estado. Nesse meio tempo, ela também quer transmitir lives e envolver crianças e jovens com a Literatura de outras formas e, sempre, usando a internet. "Quero criar concurso de poesia virtual, sarau on-line. Tudo isso dentro dessa ação-mãe. Quero que brinquem com a leitura. Quem quiser, depois, gravar vídeo falando do livro que leu e enviar, pode. Então será algo bem completo", avalia.
A favor de núcleos que ensinam crianças e jovens além da educação regular, Elisa destaca que é uma das artistas que se lança na versão informal da educação. "Acho que todo artista trabalha com a arte da educação informal, como é o caso desta ação. Uma novela educa, de um jeito ou de outro, teatro, musical... E tudo isso junto vai fazer essas famílias, que vão receber os livros, viajarem junto das obras", garante.
E continua: "O livro te dá essa possibilidade, essa liberdade. Você abre um livro e viaja. Você pega um livro e está em Lisboa. Ou em Pedra Azul".
Ela, que pretende em setembro passar alguns dias em sua casa de Itaúnas, também vê no povoado exemplo de comunidade. "Você percebe que eles têm uma resistência cultural altíssima. Eu inclusive quero passar uns dias lá, mas vou testada e ficarei de quarentena antes de circular, se for o caso. Mas amo aquele lugar", conclui.
Os interessados em colaborar com a ação da artista capixaba Elisa Lucinda podem fazer doação pela internet por meio de plataforma do Benfeitoria (clique aqui).
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