Cada pincelada é carregada de sentimentos que não pedem licença para aflorar, em obras quase vivas, cheias de movimentos, cores e formas. Uma investigação do universo feminino através do seu próprio ‘eu’, dos desejos interior e exterior de querer viver a vida. Assim podemos refletir o recente trabalho da artista plástica capixaba Samira Pavesi, que abre sua primeira exposição individual nesta quarta (14), na loja Stampa, em Vitória.
Intitulada "Explosão de Cor e Movimento: uma Investigação do Feminino", a mostra fica aberta de 14 de julho a 13 de agosto, com visitação gratuita. O público vai poder conferir uma seleção de 20 obras que tem curadoria da paulistana Julia Demeter.
Nas palavras da curadora, o público vai sentir em cada obra de arte a alegria e intensidade que a artista traz em seu cotidiano. “As obras trazem representações do mundo interno da artista, investigando principalmente o espaço visceral feminino não organizado, muitas vezes disforme, e sobretudo cíclico. Em algumas, gestos fluidos, formas orgânicas, e a forte presença das cores vibrantes criam composições que enaltecem a vida. Em outras, a reflexão, a internalização e a contração criam linhas emaranhadas que juntas formam teias fortes e misteriosas. Essas diferenças se alternam, assim como os ciclos de uma mulher. Ambos os casos são o resultado do seu processo criativo vivido através da conexão com o intangível, a intuição e um fluxo livre de ideias”, explica Julia Demeter.
O "Divirta-se" também bateu um papo com Samira Pavesi. Abaixo, leia alguns trechos da conversa.
"Me sinto livre para pintar. Deixo fluir. Sem expectativas. Abro mão do controle e aceito o que vai surgir, pois quanto mais buscamos certezas e imperfeições, vira tudo do avesso, sem aviso, sem licença. É não ter ideia de como formas e cores vão surgir e mesmo assim sentir que vou finalizar quando tudo estiver pronto. E assim a obra me observa de vários ângulos, como se me olhasse lá no fundo, onde nem eu mesma consigo ver. É isso que as pessoas vão observar em minhas obras e ter uma experiência particular com seu cada ‘eu’”.
"Vem do momento. Do sentimento daquele instante. E assim tudo parece escorrer entre os dedos, derrete na palma das minhas mãos, passam pelos pinceis e se afloram diante de mim nas minhas obras. É também uma surpresa para mim. Quando finalizo, fico observando por horas, muitas vezes dias, interpretando cada pincelada daquele momento único que vive naquela obra e que não vai se repetir, pois cada uma é única".
"Quero que cada um tenha uma experiência única e completamente individual. Pois nós vemos de formas diferentes cada forma, cada cor e cada detalhe. Não existe padrão para observar uma obra de arte. Inclusive, minhas obras podem ser vistas de diversos ângulos e colocadas de formas diferentes na parede. É o que o observador quiser entender e se sentir fisgado por aquilo, por aquele sentimento. É o que dizem né 'a obra que escolhe a gente e não nós que escolhemos a obra'".
"Essa minha primeira exposição reflete o meu 'eu' dos últimos anos, principalmente nesses tempos de pandemia. Cada obra, cada pincelada tem consigo uma carga de sentimentos diferentes e internos que nem eu sei explicar. Surgiu! Por isso, é uma investigação de mim mesmo, do universo feminino através de mim, dos conflitos internos que nós mulheres passamos, dos nossos ciclos, desejos e medos, que se refletem em cada cor, em cada forma, em cada detalhe das minhas obras. É uma investigação complexa que não tem fim e que agora apresento ao público e cada pessoa também vai ter sua própria interpretação dessa investigação".
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