O novo Cais das Artes sofreu mudanças e, agora, deve contar até com uma praça que atenderá turistas e moradores que visitarem o local. Parte do estacionamento do complexo cultural servirá de espaço de lazer para os munícipes após o Departamento de Edificações e de Rodovias do ES (DER-ES) aprovar a sugestão da Associação de Moradores da Enseada do Suá, bairro em que o complexo cultural se encontra.
A proposta foi noticiada por A Gazeta em 2019. Nela, a obra sugerida pela associação contempla área para quiosque, área esportiva, elemento de contemplação e até cinema ao ar livre. “O DER e a associação chegaram ao acordo de que a praça vai ocupar metade do local estabelecido para o estacionamento”, diz posicionamento oficial da pasta enviado à reportagem.
Ainda segundo o órgão, não há prazo nem expectativa de quanto será investido para que a mudança seja feita. No entanto, na prática, a movimentação ainda não tem prazo para acontecer. Isso porque a obra do edifício projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que já custou mais de R$ 129 milhões dos cofres do governo do Estado, está embargada por impedimento judicial desde 2015, quando um dos consórcios que executou o projeto fez questionamentos sobre pagamentos e medições na Justiça.
Os processos judiciais estão suspensos até o dia 22 deste mês. O motivo é que o Executivo capixaba e diretores da empresa pediram a suspensão para tentarem negociar uma resolução para o imbróglio, mas, segundo a reportagem apurou com o DER-ES, ainda não há consenso sobre um acordo a ser fechado.
Em janeiro deste ano, em entrevista exclusiva à Gazeta, o secretário de Estado da Cultura, Fabrício Noronha, disse que há a expectativa de que a obra do Cais seja retomada até junho deste ano. À época, ele adiantou detalhes sobre a negociação com o consórcio, mas não deu certeza sobre o acordo.
“Nós estamos finalizando um acordo para retomar a construção pela mesma empresa que estava realizando os trabalhos quando tudo foi paralisado, que é a que está na Justiça. A expectativa é retomar mesmo neste primeiro semestre e, é claro, vamos precisar de orçamento para isso. Isso já está sendo construído e em breve teremos mais detalhes e valores quando tudo estiver mais consolidado”, relatou o titular da Cultura há quatro meses. Até agora, o cenário burocrático da coisa não mudou.
A praça que deve ser incorporada ao terreno anexo ao que está o Cais das Artes propriamente dito surgiu de uma sugestão dos moradores do entorno do local, que consideram a obra faraônica um verdadeiro “elefante branco”. A ideia seria usar mais um espaço ocioso para atender o lazer dos moradores de Vitória, que hoje não dependem tanto de carro assim para se locomover, como defende o presidente da Associação de Moradores da Enseada do Suá (Amei-ES), Eduardo Borges.
"Quando o Cais das Artes foi pensado com um estacionamento daquele tamanho, não existiam aplicativos de mobilidade como há hoje, a malha cicloviária de Vitória era bem menor e não tinha nem Lei Seca. Hoje as pessoas criaram o hábito de não depender do carro assim e não tem motivo para manter um espaço com tantas vagas ociosas logo na Baía de Vitória. A praça abarcaria essa necessidade que temos de um local público de lazer, já que, na Praça do Papa, o espaço serve mais para protestos, eventos, do que para o lazer mesmo dos moradores”, avalia.
Segundo ele, o retorno do DER, assim como o órgão confirmou, foi positivo para as mudanças. “O DER, junto à Prefeitura de Vitória, acatou as mudanças para que fosse construída essa nova estrutura por lá, que ainda poderia ter mirante e outras estruturas para contemplação da paisagem, que é linda daquele ponto. Por fim, foi a obra paralisada que embargou tudo mesmo”, lamenta.
Em nota, o DER confirma: “O Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) informa que foi realizada uma reunião com representantes da Associação de Moradores e Empresários da Enseada do Suá para discutir a implantação de uma praça no local onde será o estacionamento do Cais das Artes. O DER-ES e a associação chegaram ao acordo de que a praça vai ocupar metade do local estabelecido para o estacionamento. O órgão informa ainda que não possui os projetos das novas intervenções da praça solicitada pelos moradores. Assim, ainda não é possível afirmar valores e informações das obra”.
Desconsiderando novas avaliações que possam revelar que o Cais das Artes necessite de algum tipo de recuperação por dano causado pela ação do tempo em que a obra está parada, a edificação precisava de conclusão no teatro, museu e praça (uma que já estava prevista no projeto original).
Ao todo, o teatro teria 600 metros quadrados com 1,3 mil lugares e um vão livre de mais de 25 metros de altura até o teto. O museu compreenderia um espaço de 2,3 mil metros quadrados com auditório para 225 pessoas, cinco salas de exposições, biblioteca, cantina, recepção e cafeteria. Já a praça original foi projetada para ter cafeterias, livrarias e espaços para espetáculos e exposições ao ar livre.
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