Da Idade da Pedra Lascada (ou Paleolítico) a era do home-office, a relação entre o homem e suas ferramentas de trabalho passou por transformações que modelaram o rumo do mundo. A instalação cultural A Arte do Ofício, exposição que entra em cartaz na inauguração do novo Centro Cultural Sesi, em Vitória, promete um passeio por essas transformações tecnológicas e um resgate histórico das relações entre pessoas e ferramentas.
A instalação pretende explorar a relação entre técnica e criatividade humanas que geram tecnologias e aperfeiçoam as produções, afetando diretamente a cultura da raça humana. A mostra também foi pensada para aproximar a cultura do trabalhador capixaba.
"Na inauguração, vamos trazer os presidentes dos sindicatos, para apresentar o Centro Cultural e a exposição, que possui um módulo sobre materiais, ligado a Indústria. A ideia é trabalhar junto às empresas para que tragam seus trabalhadores para cá", explicou Marcelo Lages, gerente de Cultura do Sesi.
O espaço, nas dependências do Sesi Jardim da Penha, abre ao público a partir das 14h deste sábado. Seu funcionamento será de terça-feira à domingo, das 14h às 20h, com entrada gratuita.
Para viabilizar o funcionamento durante a pandemia, a mostra terá limite de 20 espectadores por vez e contará com dois monitores para realizar as visitas guiadas. De acordo com a instituição, todos os protocolos de saúde e segurança de Combate à Covid-19 serão seguidos e o uso de máscara será imprescindível para acessar as instalações, mesmo nos espaços abertos.
Originalmente exibida na Olimpíada do Conhecimento, A Arte do Ofício chega ao Espírito Santo redesenhada pela curadora Rosa-Nina Liebermann. Essa é a primeira itinerância da mostra e a artista garante que, para cativar o público capixaba, a exposição ganhou uma releitura artística.
"Ela foi escolhida para inaugurar o Centro Cultural Sesi porque queríamos algo que tivesse ligação com a indústria. O Sesi é Serviço Social da Indústria. Ao mesmo tempo, por ser um centro cultural, desenvolvi uma curadoria e uma expografia com uma conotação artística muito forte", conta.
Em cinco módulos, o público poderá acompanhar a evolução da inteligência humana enquanto tecnologia aplicada às ferramentas de trabalho. A coleção dos itens expositivos é composta por peças museológicas.
"A exposição vem um formato reduzido, entretanto mantivemos muitas peças interessantes. A marcenaria, por exemplo, está incrível, com um acervo muito vasto de peças em madeira. Destaco as peças de novas energias, por exemplo, o simulador de energia eólica e até um dínamo", comenta Rosa-Nina.
A 'Arte do Ofício' é composta por aproximadamente 480 objetos e cerca de 60 vídeos. Ela está dividida em cinco módulos que permeiam a exposição: A Mão do Homem, Energia, Comunicação, Materiais e Exaltação.
Pedras lascadas e ferramentas muito antigas remontam ao o início da humanidade. Essas primeiras tecnologias, ainda que rudimentares, foram fundamentais para dar aos homens vantagem sobre a natureza e os animais.
Ferramentas que geram correntes elétricas, desde as mais antigas utilizando força manual e muscular, até as atuais, com a energia eólica.
Comunicar é passar conhecimento, estreitar relações, inclusive salvar vida. "Comunicação é uma área mais atual do que nunca e será abordada de uma forma muito bacana. A carga afetiva desse módulo é muito grande, com muitos objetos que remetem à infância", entrega Rosa-Nina.
Trata-se de um passeio pela criatividade humana que tornou possível invenções transformadoras da realidade. Esse módulo pretende mostrar, através de objetos, a forma como o homem utilizou os materiais à sua volta para criar soluções aos problemas que se mostravam presentes em sua vida.
Criado exclusivamente para esta exposição no Estado, esse módulo representa uma integração entre as ferramentas e a arte, ultrapassando a barreira da funcionalidade dos materiais.
O novo Centro Cultural Sesi abraça o já existente Teatro, palco da Camerata Sesi e de diversas peças nacionais, a Sala Cultura, a biblioteca digital Yellow Box, o Cultura Café, uma loja e uma charmosa área de vivência externa intitulada de Jardim Sinfônico.
A reportagem apurou com o Sistema Findes (que também é formado pelo Sesi-ES) que o espaço da biblioteca digital Yellow Box estará aberto ao público, porém o seu acervo será inaugurado numa data posterior a ser divulgada. Já a Sala Cultura aparece como um versátil estúdio de gravação multimídia.
Segundo Marcelo Lages, este é um espaço multiuso: pode se transformar em estúdio de gravação de vídeo, estúdio de gravação de áudio, podcast, lives, pequenas palestras e afins. "A Sala Cultura também foi pensada para o artista capixaba ter espaço para produzir e lançar seus trabalhos. Os artistas iniciantes ou amadores, que não tem um público formado ainda, podem encontrar na Sala de Cultura um espaço para inovar. É como se fosse um laboratório artístico. Iremos fazer testes para novos artistas nesse espaço", conta o gerente de Cultura do Sesi.
*Taisa Pereira é aluna do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação do editor Erik Oakes.
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