Voz da juventude contra a ditadura militar, "Feliz Ano Velho", livro escrito por Marcelo Rubens Paiva em 1982, continua atraindo a atenção da indústria audiovisual, isso sem falar de suas inúmeras versões para o teatro, sendo a mais famosa encenada há cerca de 35 anos sob a batuta e Paulo Betti e Alcides Nogueira.
Sucesso também em sua adaptação para o cinema, em filme lançado em 1987 e tendo Malu Mader e Marcos Breda dirigidos por Roberto Gervitz, a obra literária começa a ganhar corpo para a telinha da TV em 2020, em formato de minissérie.
Ainda em fase de roteirização, o programa, que contará com seis capítulos, terá entre seus produtores o próprio Rubens Paiva. "Feliz Ano Velho", o livro, narra os dramas do autor que, aos 20 anos, sofreu um acidente que o deixou paraplégico após mergulhar em um lago às margens da Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo.
O trauma é apenas um argumento para o autor fazer uma excelente análise comportamental sobre a juventude oitentista e sua luta por liberdade de expressão. Na obra, Marcelo também relata as dores de ter visto o pai, o então deputado federal Rubens Paiva, ser levado pelos policiais e perseguido pela ditadura, nunca mais tendo retornado ao convívio da família.
A série televisiva, que contará com Diane Maia e Joana Mariani na produção, pretende atualizar o enredo, lançando a história para os dias atuais. O novo roteiro também deve focar nas tramas dos personagens secundários, como as amigas de Marcelo, pouco retratadas no livro. Elementos primordiais serão mantidos, como as passagens que relatam os abusos cometidos pelo governo da época.
A série ainda não tem atores escalados e, por conta do avanço da pandemia do novo coronavírus, ainda não tem data para o início das gravações. As produtoras estão negociando a exibição com distribuidoras brasileiras.
Expectativas à parte, e tendo como gancho a nova roupagem de "Feliz Ano Velho", o "Divirta-se" lança uma lista com dez adaptações da literatura brasileira levadas para a TV com êxito narrativo e estético. Certamente, caro leitor, você deve ter se emocionado com algumas delas.
A obra-prima do maior escritor brasileiro, Machado de Assis, ganhou adaptação lírica e esteticamente rigorosa nas mãos de Luiz Fernando Carvalho. Excelentes atuações de Maria Fernanda Cândido e Michel Melamed. Na trama, Bento escreve a história de sua vida, desde a paixão por Capitu na adolescência, até ser tomado, na vida adulta, pelo ciúme que sente da moça com o seu melhor amigo.
Outra adaptação primorosa de Luiz Fernando Carvalho, desta vez levando para a telinha a obra homônima de Ariano Suassuna. Carvalho inova ao compor sua narrativa como um espetáculo da commedia dell'arte. O programa também revelou o talento de Irandhir Santos para o grande público. O poeta-escrivão D. Pedro Dinis Ferreira Quaderna recorre a seus antepassados (e a suas memórias) para lidar com inquietações existenciais. Deve ser usufruído por paladares requintados, pois as escolhas estéticas do diretor podem não agradar ao expectador padrão.
Baseado na literatura da gaúcha Letícia Wierzchowski, a série fez sucesso ao revelar a atriz Camila Morgado. Misturando personagens reais e ficcionais, a obra conta a história de um grupo de mulheres ligado à liderança farroupilha no Rio Grande do Sul. Elas são obrigadas a viver enclausuradas em uma casa insalubre durante a Guerra dos Farrapos. Ganhou duas exibições na Rede Globo e uma no Canal Viva.
Adaptação do livro de José Lins do Rego, a série conta com as melhores atuações das carreiras de Vera Fischer e Carlos Alberto Riccelli. Em conversa com o "Divirta-se", durante passagem pelo Estado no final de 2019, a atriz afirmou que a série é o seu projeto preferido. Rodada em Fernando de Noronha (PE), a trama mostra os dilemas sexuais de uma mulher (Vera) que viaja para uma praia paradisíaca ao lado do marido (Herson Capri). Ela acaba se envolvendo em uma relação proibida com um pescador local (Riccelli). Exibida pela Rede Globo em 1990, 1991 e 1995.
Um dos maiores sucessos da carreira da atriz Glória Pires, a série é baseada na literatura de Rachel de Queiroz. A história mostra a saga de Maria (Glória Pires) para defender sua vida e suas terras no interior do Nordeste. Para isso, precisa quebrar todos os padrões femininos do século XIX. A série difere do livro em seu desfecho, o que causou muita polêmica na época do lançamento do programa.
Escrita por Dias Gomes, a adaptação da obra de Jorge Amado para a telinha foi lançada em 1998, ressaltando o status de símbolo sexual criado em torno da carreira de Edson Celulari. Giulia Gam e Marco Nanini completam um inspirado trio de protagonistas. Em Salvador, uma recatada dona de casa, casada com um pacato farmacêutico, começa a receber a visita do ex-marido, agora um fantasma malandro e incorrigível. Disponível em versão editada no Globoplay. Em 2017, ganhou uma nova roupagem para os cinemas, mais tarde transformada em minissérie, estrelada por Juliana Paes, Leandro Hassum e Marcelo Faria. A última versão também encontra-se disponível na plataforma de streaming da Rede Globo.
Exibida em 1999, a série baseada na literatura de Adriano Suassuna é um dos maiores sucessos da história da televisão brasileira. As excelentes atuações de Matheus Nachtergaele e Selton Mello, além da criativa direção de Guel Arraes, explicam o seu êxito. No sertão paraibano, o esperto João Grilo (Nachtergaele) e seu amigo Chicó (Mello), covarde e mentiroso, são dois nordestinos que andam pelas ruas anunciando uma nova versão para "A Paixão de Cristo". O destino da dupla será decidido pela aparição de Nossa Senhora, a Compadecida (Fernanda Montenegro). Disponível no Globoplay.
A literatura de Érico Veríssimo também foi adaptada para a televisão com a minissérie da Rede Globo, exibida em 1985. A história da formação do estado do Rio Grande do Sul é recuperada através da obra., que tem como foco os dilemas da família Terra Cambará. Glória Pires, Lima Duarte, Tarcísio Meira, Lilian Lemmertz e Bete Mendes encabeçam o elenco. Ganhou uma refilmagem em 2013, estrelada por Marjorie Estiano e Thiago Lacerda. A nova adaptação está disponível no Globoplay.
A série é baseada nos clássicos de Rubem Fonseca, "Mandrake" e "A Grande Arte". Mandrake (Marcos Palmeira) é um advogado do Rio de Janeiro especializado em resolver casos de chantagem e extorsão. De moral duvidosa, transita com tranquilidade entre a alta sociedade carioca e o seu submundo. Seu trabalho é lidar com esses elementos tão diferentes para ajudar clientes a sair de enrascadas. Vencedora do Emmy Internacional de Melhor Série Dramática, a atração está disponível na HBO GO.
Excelente adaptação da literatura de Milton Hatoum comandada por Luiz Fernando Carvalho. Melhor atuação da carreira de Cauã Reymond, um artista de talento limitado. A rivalidade entre dois irmãos gêmeos idênticos, mas com personalidades conflitantes, vividos por Cauã, é o que move a trama que se passa em Manaus (AM). Ainda no elenco, Juliana Paes, Antonio Fagundes, Bárbara Evans e Eliane Giardini. Disponível na Globoplay.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta