Entre os dias 26 e 30 de junho, artistas vão subir aos palcos virtuais do Festival Pocar, do Espírito Santo, para se apresentarem na 7ª edição do evento cultural. Destaque da programação de 2021, Mariana Aydar prepara um repertório especial para apresentar aos fãs. Paulista radicada na Bahia, ela adianta: "Vou apresentar músicas que ficaram conhecidas na minha voz e também faço participação com o trio Fogumano. Vou cantar uma música deles, que é muito bonita".
Além de shows com artistas, o evento também vai promover mesas de debate e teatro com transmissões ao vivo que acontecem pelo YouTube. Tudo de forma gratuita.
Vencedora do Grammy Latino 2020, na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa com "Veia Nordestina", Mariana comemora a oportunidade de participar de um evento em meio à pandemia e debate sobre o gênero musical em que trabalhou no último disco: "(O forró pé de serra) é um gênero em extinção. É uma missão nossa levantar essa bandeira. Onde quer que eu vá, vou falar do Gonzaga, cantar Dominguinhos, porque sou eu. É o meu amor", diz a cantora.
Mesmo lembrando de outras vertentes mais populares do forró, a artista diz que o ritmo ainda é alvo de muito preconceito. Assim, ela elogia Juliette Freire, a vencedora do BBB 21 que anda fazendo o maior sucesso com participações em lives de cantores pelo Brasil todo, mas principalmente no Nordeste para celebrar o forró. "O que Juliette faz ajuda e muito a tirar o preconceito do gênero. É muito lindo ela levantar essa bandeira. E eu sou um cacto convicto (risos)", brinca.
Durante o bate-papo, Mariana também falou sobre novos trabalhos e detalhou seu mais novo lançamento, “O Futuro Já Sabia”, fruto de uma parceria musical com Chico César. A canção, certamente, deve fazer parte do repertório do show marcado para este sábado (26), no festival.
Vou fazer uma participação com o Trio Fogumano, então tem esse contexto de participação, vou cantar uma música deles, que é muito bonita, será a primeira vez, e aí vou apresentar algumas outras músicas que ficaram conhecidas na minha voz.
O Chico é uma grande figura na minha vida. Quando ele apareceu, eu tinha uns 13, 14 anos. Eu fiquei completamente louca. Falsificava identidade para ir a show dele e quando fiz 15 anos, pedi de aniversário um show de Chico César para os meus pais. Então, Chico é uma pessoa muito importante na minha vida. Por mais que a gente tenha muita história juntos, tenhamos virados amigos, a gente ainda nunca tinha gravado essa parceria registrada. Então estou muito feliz.
Não, né... A arte para mim é uma forma de resistência e esperança. Então, eu tenho essa vontade de colocar as coisas para frente, porque me faz bem. Mas, de fato, é muito difícil ganhar dinheiro na pandemia.
Eu tive uma grande sorte na vida, que foi ter conhecido o forró pelas mãos do rei, do Luiz Gonzaga, porque minha mãe era empresária do Gonzagão. Eu tinha uns 6 anos na época. Conheci ele muito novinha, me encantei por ele, pela pessoa, e fui ver o que ele cantava. Entrei no forró por essa porta da frente, maravilhosa, e por um tempo na minha vida o forró foi só Luiz Gonzaga. E depois fui conhecendo uns outros artistas. E na década de 90, em São Paulo, eu realmente me achei, porque na minha época de adolescente as baladas eram só de internacional, não tinha uma balada de música brasileira. E eu já amava Luiz Gonzaga, amava o forró, já tinha essa ligação, então eu encontrei minha vida. E desde então o forró tem me dado muitas coisas. Minha filha, meu ex-marido, meu atual namorado...
Olha, é um gênero que acho que as pessoas ainda têm muito preconceito. O forró pé de serra, vamos dividir bastante porque existem outros tipos de forró... Mas o pé de serra é um gênero em extinção. Se a gente não cuidar, vai acabar. Quem tem essa vontade, como eu, dessa paixão... É uma missão nossa levantar essa bandeira. Onde quer que eu vá, eu vou falar do Gonzaga, cantar Dominguinhos, porque sou eu. É o meu amor. Mas é um gênero que existe muito preconceito, infelizmente.
Ajuda e muito. Eu sou um cacto convicto (risos). A Juliette é muito importante. Torço muito para que ela venha para o forró pé de serra. É muito lindo ela levantar essa bandeira. Ela está fazendo shows, se apresentando, fez show com a Elba... As pessoas começam a ver (o ritmo) de outra maneira.
Olha... Na prática, infelizmente, não deu para mudar muito pela pandemia. Mas eu percebi a importância do peso de um Grammy. Não é qualquer prêmio, é um Grammy. As pessoas olham para o seu trabalho de um jeito diferente. E eu fiquei muito feliz que ele chegou na hora que me voltei com tudo de novo para o forró, então foi muito bom. É um prêmio para o forró pé de serra, eu sinto isso. Então acho que foi um olhar para esse forró, mesmo eu ainda misturando, dando a minha visão desse forró porque eu sou paulistana, cresci em apartamento. Por mais que eu sempre tenha passeado muito no Nordeste, que hoje eu more na Bahia, sou uma paulistana. Então tenho outras influências que não só do forró pé de serra, mas sempre com a alma do triângulo e da sanfona.
Sinceramente, nunca fiz discos para ganhar prêmio. Eu sempre fiz minha arte com sinceridade e respeito à minha essência, ao que eu queria daquela época da minha vida. Então o prêmio vem coroar esse trabalho. É um reconhecimento do trabalho árduo que você teve para chegar ali. Então acho que é mais um: “O caminho é esse”. O prêmio é um respiro.
Agora vou lançar esse single com o Chico e estou gostando dessa ideia, da pandemia, de fazer os singles. O single começa e acaba, você conta uma história, e é isso. Então estou feliz de conseguir continuar trabalhando, de alguma maneira, mesmo sem ter recurso para lançar um disco inteiro, por exemplo. Vamos gravando aos poucos, lançando em singles. O importante é não passar em branco, no meio dessa loucura toda que estamos vivendo. A música é muito mais do que uma superficialidade. A gente vive sem ir a um restaurante caro, sem roupa cara mas a gente não vive sem arte, seja série, livro, música, novela... É um alimento para a alma.
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