A história dos primeiros infectados com a AIDS em Vitória será contada no longa-metragem Os Primeiros Soldados. Com roteiro original e direção de Rodrigo de Oliveira, da produtora e distribuidora capixaba Pique-Bandeira, o filme será rodado no início de setembro na Capital, Serra e em Domingos Martins.
O elenco é liderado por Johnny Massaro, Renata Carvalho e Clara Choveaux, e conta ainda com os capixabas Alex Bonini e Vitor Camilo.
Mais de 20 atores e atrizes locais também compõem a relação de profissionais que entrarão no set. Ambientando entre os Reveillóns de 1982 e 1983, Os Primeiros Soldados conta a história de Suzano (Johnny Massaro), um biólogo que mora na França e volta ao Brasil para passar férias com a irmã mais velha, a enfermeira Maura (Clara Choveaux) e o sobrinho, em Vitória.
O Suzano sabe que há algo de muito errado com o corpo dele. Ele se prepara para poder se tratar por conta própria até que a medicina entenda o que está acontecendo e para que tenha mais informações. Chegando aqui, percebe que existem outros da comunidade LGBT em Vitória que podem estar com a mesma coisa que ele, explica Rodrigo.
A história mostra Rose (Renata Carvalho) e o Humberto (Vitor Camilo) se aproximando de Suzano e, assim como ele, entendendo como lidar com a novidade da doença e os sintomas que ela provoca no organismo.
O trio se une à enfermeira Maura. A Rose é uma espécie de líder emocional da comunidade. Ela é uma travesti que se apresenta em uma boate gay clandestina nos porões de Vitória. O filme conta a saga desses primeiros infectados e de todos os outros que estavam no entorno deles: a família, os membros da comunidade LGBT e a comunidade médica, detalha Oliveira.
ELO MÉDICO
Mãe e enfermeira no longa, Clara Choveaux acredita que o filme deve provocar um importante movimento de discussão acerca do tema da AIDS. Trata-se de um projeto corajoso que chega em um momento político crucial, principalmente, com os dados que indicam que a contaminação está aumentando, analisa.
A Maura é uma mulher corajosa, feminista, à frente do seu tempo. Ela é mãe, solteira, e é completamente ativa como profissional. É independente, cria o filho sozinha, ou seja, é o típico perfil de várias mulheres que eu conheço: tem ética e dá conta da vida dela, apresenta.
PESQUISA
Até a concepção do roteiro, Rodrigo de Oliveira desenvolveu um ano de pesquisa para identificar dados estatísticos, apurar histórias e construir a narrativa adotada no longa que será gravado no estado no início do próximo mês. Para ele, o papel da arte é dar voz a corpos silenciados pela doença e pela história. O filme conta com o apoio do Funcultura-ES.
Toda vez que a gente tentava chegar em nomes, a gente esbarrava nessa coisa de estatística. O máximo que a gente conseguia enxergar eram números, a gente não tinha acesso a nomes porque até mesmo os médicos que atendiam naquela época, que ainda estão na ativa, muitas vezes, só lembravam do primeiro nome dos pacientes, revela.
Na avaliação de Rodrigo, a AIDS é um assunto invisível no cinema. Vamos contar histórias que a maioria nunca ouviu, de quem estava na linha de frente da chegada da epidemia em Vitória. Desses, a gente não sabe o nome, não sabe a história, não sabe em que condições morreram, nem sabe se eles sequer sabiam do que morreram. O filme nasce muito disso, explica.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta