O comando do Iphan e da Funarte devem ser trocados até segunda (2), seguindo uma reforma volumosa no quadro da Secretaria Especial da Cultura e órgãos subordinados à subpasta do Ministério do Turismo, hoje sob comando do dramaturgo e diretor Roberto Alvim.
No Iphan, o nome mais cotado para substituir Kátia Bogéa é o empresário Olav Schrader, empresário formado em relações internacionais e ligado a Associação de Moradores de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Há menções ao nome dele em eventos pró-monarquia no país.
Bogéa, que ele substitui, é graduada em História pela Universidade Federal do Maranhão (1984) e especialista em historiografia Brasileira e Regional pela Universidade de São Paulo (1988).
Cotado para assumir a Funarte, Dante Mantovani é maestro e doutor em música pela Universidade Estadual de Londrina.
Em seu site oficial, ele afirma ter participado de grupos como o Coro Lírico da Associação Paraguaçuense Pró-Música, a Orquestra Filarmônica de Cordas de Londrina, o Coro Sacro da Paróquia Nossa Senhora da Paz e a Orquestra de Câmara de Paraguaçu Paulista, além de corais religiosos da Igreja Católica.
Além disso, Mantovani apresentou o programa "A Grande Música", na rádio Mão de Deus, de Caxias do Sul (RS), e dá palestras em instituições como a Academia Militar das Agulhas Negras.
Procurado, Mantovani não atendeu aos telefonemas da reportagem. A reportagem não conseguiu localizar Schrader até a tarde desta quinta (28).
As duas trocas fazem parte de uma mudança volumosa no quadro da cultura, iniciada semanas após Roberto Alvim assumir a subpasta.
Bolsonaro tem uma nova secretária do Audiovisual. É Katiane de Fátima Gouvêa, membro da Cúpula Conservadora das Américas, que realizou sua primeira conferência em dezembro, ciceroneada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Também foram publicados no Diário Oficial da União desta quarta (27) outros cinco nomes para cargos na secretaria. Alguns desses novos integrantes já deram declarações controversas sobre a área da cultura.
Chegam ao governo secretários responsáveis pela promoção de diversidade sexual, de fomento e incentivo à cultura (à frente da Lei Rouanet), de economia criativa e da Fundação Palmares, além de um secretário adjunto especial.
Alvim diz que só comentará as nomeações quando elas "forem perpetradas", o que deve acontecer, segundo ele, até segunda (2).
O jornalista Sérgio Nascimento de Camargo foi escolhido como o novo presidente da Fundação Palmares, órgão responsável por promover a cultura de matriz africana, ocupando o lugar de Vanderlei Lourenço, que havia sido nomeado em abril deste ano.
Em seu perfil no Facebook, Camargo se define como "negro de direita, contrário ao vitimismo e ao politicamente correto". Ele já afirmou que o Dia da Consciência Negra é "uma vergonha e precisa ser combatido" e que cotas raciais "são mais do que um absurdo".
Já Camilo Calandreli substitui o administrador José Paulo Soares Martins, que havia integrado o extinto Ministério da Cultura no governo de Michel Temer, à frente da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura. O órgão formula as diretrizes gerais dos mecanismos de fomento, entre eles, a Lei Rouanet.
Oriundo da música clássica, área em que atua como professor e cantor de ópera, Calandreli é um dos fundadores do Simpósio Nacional Conservador de Ribeirão Preto. Em seu perfil no Facebook, compartilha memes que exaltam o presidente Jair Bolsonaro.
Katiane substituirá Ricardo Rihan, que ficou quatro meses no cargo. À frente da Secretaria de Cultura desde o último dia 7, Alvim não era afeito ao ex-titular do posto, visto como mais moderado se comparado ao grupo conservador e de religiosos que pressionam Bolsonaro por cargos na cultura.
A renovação no quadro da subpasta acontece simultaneamente a uma outra série de nomeações na Agência Nacional do Cinema, a Ancine. Desde o último dia 19, ao menos quatro profissionais foram contratados para a entidade.
Nos corredores da Secretaria Especial de Cultura, a leitura que se faz sobre a indicação de Gouvêa é a de que ela teria um papel fundamental na renovação do quadro, abrindo espaço para religiosos.
Há pelo menos cinco meses, Gouvêa vem liderando um movimento de aproximação entre os integrantes da Cúpula Conservadora e o governo. Em junho, um texto publicado no site da Secretaria Especial de Cultura --antes de a subpasta migrar do Ministério da Cidadania para o de Turismo--, afirma que Gouvêa participou de uma reunião com Osmar Terra.
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