Antes de chegar ao ponto em que está (interditado), o Teatro Carlos Gomes, no Centro de Vitória, perdeu a referência artística para ser palco de verdadeiras tragédias operacionais devido à degradação da própria estrutura do edifício, construído na década de 20 pelo arquiteto André Carloni.
Em 2017, uma pane elétrica fez uma apresentação ter que ser interrompida e, no ano seguinte, uma parte do teto dos salões do espaço despencou e roubou a cena de um outro espetáculo.
É por essas e por outras que um grupo de artistas e agitadores culturais se reuniu na manhã deste sábado (19) em frente à edificação histórica para pedir por agilidade no restauro e nas obras de recuperação da construção.
Uma das organizadoras do movimento, a presidente da Associação Cultura Capixaba, Cristiane Martins, destaca que o objetivo do encontro foi justamente chamar a atenção do poder público para que providencias sejam tomadas. "Não temos nenhum posicionamento oficial, mas o papo que rola é que não há previsão de nada", lamenta.
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Segundo ela, cerca de 50 pessoas se juntaram em frente ao teatro para realizar um "abraço" simbólico no edifício, em ato de protesto: "Nossa casa maior está fechada. É um patrimônio muito rico para ser tratado dessa forma. Há necessidade urgente de restauração e reabertura do nosso Teatro Carlos Gomes."
Em frente de um coração branco e vermelho feito com bexigas, ela explica à reportagem que a decoração foi só ícone para representar o amor que os moradores do Centro e artistas têm pelo local. "Todos lamentam muito e sentem muita falta. Existem espetáculos que não têm como ter montagem em outro teatro que não o Carlos Gomes, então tem muito artista sem poder fazer nada. O coração é o nosso amor e nosso pedido de ter nosso espaço de volta", conclui.
Isso é o que também defende o presidente da Federação Capixaba de Teatro, Wilson Coelho. Concordando com Cristiane, ele foi um dos que "abraçou" o monumento capixaba e manifestou indignação frente ao descaso que ele diz ser do governo do Estado: "governo não está com a mínima preocupação. É um descaso! Não tem compromisso nenhum com a cultura e enquanto isso estamos sem lugar para fazer montagem das peças. Estamos cansados de ver o teatro fechado".
Procurada por A GAZETA, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), por meio de nota, alega que o teatro terá previsão de reabertura e de orçamento total da obra apenas depois que o processo licitatório for aberto - o que também não tem data marcada, segundo a reposta que a pasta deu à reportagem. "A Secult informa que está desenvolvendo o projeto de restauro e reforma do Teatro Carlos Gomes em parceria com o Instituto de Obras Públicas do Estado do Espírito Santo (Iopes)", diz trecho da nota.
Em contrapartida, o governo também destaca que nos últimos anos algumas intervenções foram feitas, sim, no local. "Foram feitas reformas de manutenção no espaço, como pinturas e correção de infiltração. Agora, a Secult está em processo de executar uma reforma profunda, com melhorias no tratamento acústico, na climatização e nas instalações. Os projetos arquitetônicos serão avaliados pelo Conselho Estadual de Cultura", diz trecho do fim da nota.
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