Eterna filha de Ogum com Iansã, e uma das vozes-símbolos da pluralidade cultural de nosso país, Clara Nunes é reverenciada pelo espetáculo "O Canto da Guerreira", que será exibido sábado (29), a partir das 20h, do Teatro da Ufes, em Vitória. A transmissão pode ser acompanhada gratuitamente nas páginas da WB Produções no YouTube e no Facebook.
No palco, a (ótima) atriz Monique Rocha dá vida e voz à cantora mineira, morta em 1983, aos 41 anos, e considerada uma das vozes mais melodiosas da MPB, chamada de "sabiá", por mestres como João Nogueira e Paulo César Pinheiro.
"É um espetáculo muito pessoal, em que presto uma homenagem à Clara, tentando, no palco, captar seus trejeitos, figurinos e mensagens de luz. Tanto que leio trechos de textos da cantora", adianta Monique, resgatando o repertório, que será composto por, pelo menos, duas faixas de cada um dos 16 discos lançados pela intérprete mineira. Espere se deliciar com clássicos como "Morena de Angola", "Canto das Três Raças" e "Contos de Areia", entre tantos outros grandes trabalhos de Clara Nunes.
"Clara foi um divisor de águas na música brasileira. Falou, nos anos 1960 e 1970, de temas emblemáticos e considerados tabus na época da ditadura militar, como liberdade religiosa, africanidade e empoderamento feminino", defende Monique, que roteirizou, criou os figurinos e a concepção artística do espetáculo, montado pela primeira vez em 2015.
Para a atriz, o ineditismo do formato digital causa uma bem-vinda adrenalina. "Estamos com uma nova concepção de espetáculo, portanto, não o qualifico como uma simples live. Vai ter todo um jogo de cena, com várias câmeras e uma iluminação especial", adianta, afirmando que a apresentação on-line ganha uma dimensão muito maior.
"Terei a possibilidade de ser acompanhada por uma fatia diferente de público. Muitos fãs de Clara Nunes que, por vários motivos, não poderiam acompanhar uma montagem presencial vão estar juntos conosco, mesmo que virtualmente", comemora a atriz capixaba, que dividirá o palco com os músicos Diego Lima (violão), Wesley Marins (cavaquinho), Jean Carlos (pandeiro), Marcão Gabriel (surdo) e Kaique Martins (percussão geral).
Além de música, "O Canto da Guerreira" também promete solidariedade. Durante a apresentação, por meio de um QR Code, o público poderá doar dinheiro às instituições cadastradas no programa Movimento Saúde e Ação.
A verba arrecadada será usada na compra de cestas básicas, kits de higiene e limpeza e máscaras de proteção, que serão doados a famílias em risco social. As doações também poder ser feitas pela internet.
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