Hugo Bonemer, de 31 anos, comemora a atual fase da carreira. Em meio ao sucesso de sua participação no "Show dos Famosos", no dominical "Domingão do Faustão", na Globo, o rapaz grava a segunda temporada de "A Vida Secreta dos Casais", série de produção própria da HBO - ainda sem data de estreia -, onde interpreta Erick Andreazza.
Com as gravações, o primo distante de William Bonner (o sobrenome verdadeiro é Bonemer, igual ao de Hugo) divide o tempo entre set, estúdio de L!ke, o programa em que é apresentador, e os ensaios do "Show dos Famosos", onde já performou como Luan Santana, Britney Spears, Oswaldo Montenegro, Adam Levine e Amy Winehouse. "A escolha é toda feita em conjunto com a equipe. E está sendo uma experiência maravilhosa. É sempre engrandecedor fazer esses trabalhos na televisão", opina.
Em entrevista exclusiva ao Gazeta Online, também destacou o papel como referência pública para a comunidade LGBTI+ e sobre como adota hábitos para ser mais sustentável a cada dia. No bate-papo, Hugo fala de carreira, família e aceitação: "Eu vivo naturalmente. E é assim que eu mostro que sou uma pessoa tão normal quanto qualquer outra".
Como está sendo a participação no "Show dos Famosos"?
A gente vai conversando junto para escolher os homenageados. Os nomes são debatidos o tempo todo, algumas ordens são invertidas... Trabalho em teatro musical já, desde muito tempo, mas nada é igual ao 'Show (dos Famosos)'. A grande diferença é que um papel que está só no texto, na minha cabeça e do diretor, sempre vai ser criado de forma diferente. Ao passo que lá tem uma equipe inteira olhando para uma mesma produção e todo mundo quer chegar ao mesmo lugar. É gostoso.
Como isso contribui para a carreira de ator?
Tudo contribui. A experiência de apresentar ao vivo com tantas pessoas, lidar com tantas opiniões... Eu me divirto. Porque as pessoas são muito engraçadas.
Mesmo as que criticam?
Todo mundo que critica quer fazer rir. As pessoas que me criticam querem me fazer rir. Então, eu rio (risos).
Alguma das performances foi especial para você?
Todas foram pensadas com muito carinho. É claro que, no Dia das Mães, quando performei Oswaldo Montenegro, foi mais especial porque tem um significado.
E a família, o namorado...? Como é a relação com tudo? Te apoiam?
Mesmo que alguém não apoiasse, não teria muita escolha. Mas todo mundo apoia. E tem que dar para conciliar tudo. Eu, além do "Show dos Famosos", trabalho toda semana em um outro canal, com o L!ke. Apresento o programa sugerindo filmes e séries, faço algumas entrevistas, falo de novas produções, mas de uma forma mais humanizada.
Em A Vida Secreta dos Casais, você volta a interpretar Erick Andreazza, seu primeiro vilão? Como é sua participação?
O Erick é um herói trágico. Um vilão que passa por uma transformação. Foi com ele que gravei uma das cenas mais pesadas até hoje, cenas de violência contra a mulher, mas ele é um cara que tem tudo e acha que nada pode atingi-lo, que ele está acima da lei, das regras... E ele terminou a primeira temporada levando um choque de realidade.
E como é o papel nesta segunda temporada?
Agora ele chega desse jeito, tendo a oportunidade de ter uma outra vida. Esse termo "mocinho" e "vilão" está caindo em desuso na dramaturgia contemporânea, porque era o mal só com coisa ruim e o bem só com coisa boa. Mas tem se tornado comum os mocinhos fazerem coisas muito ruins e vilões se reencontrarem pela trama. Mostra o aprendizado do personagem. Caráter é uma construção, diferente de sexualidade, que a gente descobre.
A nova safra de artistas, como você, colabora para essas desconstruções?
Quando quer, colabora. O objetivo do artista não é mudar a sociedade. O objetivo é expor. Quem vai avaliar é o público. O artista não é ideológico. O artista sugere emoções, ações e situações que o público vive no dia a dia. O que eu quero dizer com mudança é que o artista pode propor a própria mudança. Sabe quando falam que alguém tem que fazer alguma coisa? A gente também é alguém. Questões ecológicas, por exemplo: não adianta ser a pessoa que critica o agrotóxico e comprar escova de plástico.
Você é ligado na temática ecológica?
Sim... E tento praticar. Uso escovas de bambu, que já estão bem disponíveis no mercado, e sempre procuro levar meu canudo nos locais que frequento, principalmente depois da lei. O próximo passo pode ser avaliar os copos descartáveis. Já existem copos de amido de milho que são totalmente ecológicos.
E o que você faz, assim como na temática ecológica, para dar visibilidade e reconhecimento ao universo LGBTI+?
Vivo naturalmente para mostrar e dizer que sou uma pessoa tão normal quanto qualquer outra. Eu mantenho as relações que todo mundo tem, tenho os mesmos medos, mesmas vontades, e a única coisa que posso fazer é trazer conhecimento dentro do espaço que me é dado por meio de informação. O artista que faz um beijo gay na novela dá a oportunidade de o filho que está assistindo conversar com os pais. A cena não vai influenciar em nada. Beijo gay em novela não forma sexualidade.
E sua relação com William Bonner? Como é?
Conheci o William quando eu tinha 15 anos. Comecei teatro aos 6, então não posso dizer que tive influência de ver o primo na TV. Na ocasião, brinquei no colégio que eu era Hugo Bonner e fui falar com meu pai sobre isso. Ele confirmou que nós éramos primos e foi quando eu fiz contato. Fiquei curioso com o parentesco. E aí acabei até aproximando a família, porque o pessoal estava meio afastado. Ele é primo por parte de pai.
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