Conhecida por sua versatilidade artística, e também por peças que ressaltavam a voz das minorias, a atriz e dramaturga Vera Viana morreu na manhã desta quinta-feira (16), aos 62 anos, vítima de pneumonia bacteriana.
Vera estava internada há cinco dias no Hospital Evangélico, em Vila Velha. De acordo com familiares, ela chegou a fazer um teste para saber se tinha adquirido o novo coronavírus. O resultado, porém, deu negativo.
Respeitando as medidas impostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no intuito de deter o avanço do covid-19, a atriz não será velada. O enterro acontece nesta sexta (17), em cerimônia que contará apenas com a presença de poucos membros da família.
Secretária Municipal de Cultura de Vitória na gestão Vitor Buaiz, entre 1990 e 1992, Vera foi uma das incentivadoras da Lei Rubem Braga, lançada em 1991. A dramaturga também é considerada uma das idealizadoras do projeto de criação da Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música FAFI, remodelada assim que o prédio foi adquirido pela Prefeitura Municipal de Vitória, no final dos anos 1980.
Mineira de Tumiritinga, a artista veio para Vitória aos nove anos. A paixão pelos palcos começou desde criança. No ensino fundamental, montou a peça "João e Maria", por iniciativa própria e também atuando como diretora.
Aos 11 anos, começou a escrever e montar seus próprios espetáculos na Escola Ceciliano Abel de Almeida. Em 1977, recebeu vários prêmios de atuação por seu trabalho na tragédia grega Antígona, que contava com direção de Luiz Tadeu Teixeira.
Entre os destaques da sua vasta obra, estão os textos Quatro Seres Distintos, primeiro que dirigiu e produziu, A Filha, Duas Mulheres na Madrugada e Pindaíba. Também atuou como iluminadora, produtora teatral e instrutora de oficinas teatrais. Vera teve sua obra dramatúrgica publicada em livro na série de três volumes, intitulada Cena Aberta.
Atriz e jornalista, Gerusa Contti atuou sob a direção de Vera Viana no espetáculo Mulher, Mulher, outro sucesso na carreira da ex-secretária. Gerusa reitera, com carinho, a importância da dramaturga para a cena cultural capixaba.
"Ela ditava tendências. Vera foi precursora do teatro social no Espírito Santo. Suas peças eram consideradas de vanguarda por abordar temas ainda tabus para os anos 1970 e 1980, como a miséria dos mais desfavorecidos, o preconceito contra a população LGBTQ+ e os trabalhadores marginalizados pelo sistema", relembra.
Um de seus textos mais conhecidos do grande público, "O Casamento de Camila e Carolina" seduziu público pelo intimismo, ao mostrar duas noivas antes do casamento, revelando segredos e fazendo confidências.
"Mulher, Mulher" foi considerado pela crítica capixaba o melhor espetáculo do ano de 1982 e recebeu os títulos de autora-revelação, diretora-revelação, melhor texto-pesquisa e segundo melhor espetáculo do 10º Festival Nacional de Teatro de Ponta Grossa, no Paraná.
"As Mortas de Nossa Ilha", outra grande obra de Vera, conquistou, no 3º Festival Capixaba de Teatro Amador, os prêmios de melhor espetáculo e melhor texto. "Duas Mulheres na Madrugada" representou o Estado no 14 º Festival de Nacional de Teatro de Ponta Grossa.
Vera Viana sofreu m AVC em 2005 e estava afastada do teatro desde então. Em 2017, recebeu a Comenda Maurício de Oliveira, destinada a personalidades que se destacaram na cena cultural capixaba.
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