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Jace Theodoro lança livro com crônicas publicadas em A Gazeta

Jace Theodoro lança livro com crônicas publicadas em A Gazeta

“Olhar de Aceno para os Lados” terá coquetel literário-musical nesta quinta-feira (5), a partir das 19h, no Cerimonial Dugê

Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 14:43

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Jace Theodoro, jornalista e cronista que está lançando o livro "Olhar de Aceno para os Lados". (Thuanny Louzada/Divulgação)

Pensar em uma palavra que possa definir Jace Theodoro (se ela realmente existe) é tão complexo quanto a personalidade do jornalista. Queimando alguns neurônios, chega-se à conclusão que “multifacetado” certamente seria a melhor escolha.

Ator (discípulo de Maria Clara Machado), bailarino contemporâneo, assessor de imprensa, carnavalesco e cronista de apurado senso crítico e rara sensibilidade, Jace lança seu quarto livro, “Olhar de Aceno para os Lados”, nesta quinta-feira (5), às 19h, no Cerimonial Dugê, em Vitória

Trata-se de uma compilação de 53 textos do autor publicados em mais de 12 anos como cronista de A Gazeta. Um time de bambas (parafraseando o universo do samba, que Jace tanto adora) completa a “harmonia” de “Olhar de Aceno...”: Bernadette Lyra escreve a orelha do livro. Amarildo, também do time de A Gazeta, é o responsável pelas ilustrações. O prefácio, por sua vez, ficou a cargo de Francisco Aurélio Ribeiro, presidente da Academia Espírito-Santense de Letras.

03/12/2019 - Ilustrações do livro de Jace Theodoro. (Amarildo)

PAIXÃO

Jace Theodoro (que é fã de Rubem Braga e Carlinhos Oliveira) tem uma definição muito pessoal sobre o ofício de cronista.

“É importante lançar um olhar humano sobre as tormentas do cotidiano, sempre com bom humor e senso crítico para abordar temas muito duros, como o racismo e a homofobia, por exemplo”, exclama, parando para pensar...

Após um longo suspiro, “soltou” uma afirmação peculiar,  à la "Jaceano" (o jornalista acabou de inventar isso!): “A crônica é uma espécie de ritual para falar um pouco de mim, da minha vida e de meus dilemas como cidadão do mundo”, acrescenta.

Sobre a seleção dos textos contidos na publicação, o escritor confessa que usou seu feeling de jornalista. “Escolhi as transcrições que mais ressaltam o olhar em torno do meu dia a dia. Pensei em composições que expressavam alegria, dor e empatia, sensações díspares, mas que complementam a essência da sociedade”, filosofa.

SENSAÇÕES

Jace Theodoro, jornalista e cronista. (Thuanny Louzada/Divulgação)

Em “Olhar de Aceno para os Lados”, há duas crônicas muito particulares para o autor, que podemos chamar de preferidas (mesmo ele não gostando desta definição): “Ainda e Sempre o Outro” e “O Outro em Nós”.

“Agora, conversando com você, me deu um insight. São dois textos que abordam empatia e solidariedade, sentimentos muito em escassez na sociedade ultimamente. Afinal, vivemos em um ambiente de desamor e falta de afeto”, alfineta, com tristeza.

Relembrando as crônicas: “Ainda e Sempre o Outro” mostra um mendigo deitado na porta de um banco e várias pessoas o ignorando, passando por cima de seu corpo; e “O Outro em Nós”, que relata um grupo distribuindo alimentos para moradores de rua durante  a madrugada.

OPINIÃO

Afirmando que o cronista pode ser visto como "um fiscal sempre pronto para cobrar os abusos das instâncias públicas" (sejam os governantes ou a própria sociedade), Jace Theodoro conta que é difícil ter senso crítico no atual momento político por que passa o país.

“Estamos vivendo um estado de censura e de incapacidade (lê-se também liberdade) de nos expressarmos como queremos. É um momento sombrio, pois somos governados por pessoas que não possuem senso ético e estético, ou seja, não sabem o que é arte, ou mesmo a definição de cultura. Essa falta de conhecimento logicamente leva à irracionalidade. Portanto, é muito mais fácil culpar, vilanizar e desprezar o artista, o grande incentivador de senso crítico na população”, brada, irritado.

03/12/2019 - Ilustrações do livro de Jace Theodoro. (Amarildo)

Jace faz questão de contextualizar situações que considera absurdas, afirmando como sendo um dos vários “circo dos horrores” que permeiam o atual governo federal.

“Chegamos ao ponto de um membro do governo (Roberto Alvim, na ocasião diretor da Funarte) chamar Fernanda Montenegro de sórdida e mentirosa. É um desapego total ao nosso patrimônio cultural. Temos exemplos de duas mulheres que sempre lutaram pela arte e que fazem da mesma um ato cada vez mais de resistência: Fernanda Montenegro e Bernadette Lyra. Dedico o lançamento do livro a elas”, revela, com a sua conhecida exaltação para falar sobre assuntos que lhe fascinam.

“Olhar de Aceno Para os Lados”

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